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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Passageiro Responde: Qual a Diferença entre Transexual e Transgênero?

O Transexual é o individuo que possui uma identidade de gênero diferente do gênero do nascimento e tem o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto. A OMS (Organização Mundial de Saúde) trata a transexualidade como um transtorno de identidade de gênero e só quando o médico detecta o transtorno, a cirurgia de mudança de sexo acontece. São muitos os que confundem transexual com travesti, o que difere as ambas as situações, é o fato do travesti se vestir como no sexo oposto e se identificar com a sua identidade de gênero, ou seja, o travesti não almeja se submeter à Cirurgia de Redesignação Sexual - CRS.

O Transgênero, assim com o transexual, também é o individuo que possui uma identidade de gênero diferente do gênero do nascimento, porém, o transgênero não deseja viver e ser aceito como no sexo oposto, pois eles estão constantemente em transito de um gênero para o outro, como por exemplo, as Drags Queens. O Transgênero se veste de sexo oposto por prazer e/ou por profissão, muitas drags tem uma vida diurna diferente da noite gay e não necessariamente uma Drag Queen tem que ser homossexual.

*Pergunta enviada pelo Foxx.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Dia da Visibilidade Trans

O Casarão Brasil – Associação LGBT comemora o inicio de 2010 com a Semana da Visibilidade Trans que tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para a importância do respeito à diversidade sexual, tendo como prioridade o Movimento Trans, que representa as travestis, as transexuais e as trangêneros.

A semana da Visibilidade Trans foi instituída no ano de 2004 pelo Congresso Nacional, através do Ministério da Saúde, que lançou a campanha "Travesti e Respeito" comemorada sempre no dia 29 de janeiro. A idéia é de sensibilizar educadores e profissionais de saúde do Brasil e trabalhar também a auto-estima das (os) transexuais.

Unidos pela mesma causa o Casarão Brasil – Associação GLS, Centro de Referência da Diversidade – CRD, Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual – CADS, Associação da Parada do Orgulho de São Paulo – APOGLBT, e Associação Brasileira dos Artistas Plásticos de Colagem – ABAPC. O evento continuará até 05 de fevereiro com mais atrações que acontecerão no Casarão Brasil e no Centro de Referência da Diversidade.

PROGRAMAÇÃO

29/01/2010 às 19h. – Abertura do evento com a Exposição de Artes Multimídias Sobre Travestis e Transexuais no Brasil. Show Performático com a Marcela Volpe homenageando o ícone Dalida.(Casarão Brasil)

01/02/2010 às 19h. – Exibição dos filmes “o T da questão” (CRD);

02/02/2010 às 19h. Terças Trans Especial – Os caminhos da Cidadania de Travestis e Transexuais de SP – Resolução 208/2009 CREMESP / Decreto n.º 51.180 (CRD)

03/02/2010 às 19h. – Roda de conversa. Tema: Homens Trans Exibição Filme Surpresa (Casarão Brasil);

04/02/2010 às 19h. – Peça Teatral “Um Dia, Um Cisne” (Casarão Brasil);

05/02/2010 às 19h. – Encerramento com a exibição do filme “Meu amigo Cláudia” (CRD)

Realização:

Casarão Brasil
Centro de Referencia da Diversidade
Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo
Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual
Associação Brasileira dos Artistas Plásticos de Colagem

Serviço:

Abertura: 29 DE JANEIRO 2010 – Dia Nacional da Visibilidade Trans
Exposição: “Artes Multimídias Sobre Travestis e Transexuais no Brasil”
Encerramento: dia 26 de fevereiro de 2010.
Curadoria: Claudia Wonder – Orientadora Sócia Cultural do Casarão Brasil
Presidente do Casarão Brasil: Douglas Drumond.

Locais:

Casarão Brasil
Rua Frei Caneca, 1057
Data: 29 de janeiro – sexta-feira
Horário: a partir das 19 horas todos os dias do evento.
Tel. 11 3171.3739
contato@casaraobrasil.com.br
www.casaraobrasil.org.br

Centro de Referência da Diversidade - CRD
Rua Major Sertório 292 / 294 – esquina com Rego Freitas - próximo metro Republica
Tel:11 3129-7764

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Triste Despedida

- Ela quer ver os três – disse a mulher apontando para o Douglas e os seus irmãos enquanto saia da sala onde a mãe deles estava aguardando a remoção para a UTI. Eu olhei para a Sandra, tia deles com ar de reprovação, pois percebi que no fundo ela estava com medo de morrer e queria se despedir de todos. No outro dia, após o enterro, o Thiago, irmão do Douglas, comentou comigo e com o Douglas:

- Lembra-se de ontem, quando a mãe chamou nos três e falou que amava todos na mesma medida – disse ela com uma voz embargada.

- Lembro – confirmou o Douglas. Achei linda atitude da Dona Sirleide, nos seus últimos momentos de vida ela se preocupou com os seus filhos, em como eles iriam ficar sem ela e quando eles estavam saindo da sala, ela disse:

- Olha aqui! Vocês, não vão brigar, comportem-se – deu o último puxão de orelha nos três.

O velório foi muito rápido, ela faleceu à 1 hora do dia 20/01 e os médicos pediram para que ela fosse enterrada no mesmo dia. O corpo chegou ao Velório Municipal de Arujá às 14 horas e o caixão foi fechado às 16 horas e seguimos o cortejo até o Cemitério Municipal de Arujá. Entre os presentes, estavam muitos amigos de trabalho do Douglas, e conseqüentemente meus amigos, que viajaram mais de 60 km (Ibirapuera – Arujá) para dar forças ao amigo, fiquei contente com o carinho, nas horas mais difíceis é feita a prova de fogo que separa os simples colegas dos amigos.

No cemitério, o Douglas e a sua irmã preferiram não participar do enterro, ficamos de longe observando a multidão que acompanhava o corpo de sua mãe até a cova. Os amigos do Douglas ficaram um pouco distante, distancia suficiente para lhe dar privacidade num momento tão difícil, mas não o bastante a ponto que ele não soubesse que estavam todos ali, lhe dando a maior força. Após o enterro, foi o momento mais difícil, onde amigos e parentes se abraçavam e choravam. Me compadeci quando vi a Danila abraçando o Douglas e dizendo:

- Que saudades da mamãe – disse a menina abraçando o seu irmão enquanto ambos se confortavam.

Saindo do cemitério, fomos para a casa da Sandra, tia do Douglas, sofri demais vendo o sofrimento dele e dos seus irmãos. Os três são adultos, mas diante da mãe, não passavam de três crianças, a Dona Sirleide foi uma super mãe e mimou aqueles filhos até o ultimo dia da sua vida. O Douglas comentou que no dia da morte dela, ela passou toda a roupa dele e deixou tudo no cabide para eles depois colocar no guarda-roupa, o Douglas gosta de arrumar a roupas dele em degrade, aliando da cor mais escura para as mais claras.

A mãe do Douglas se foi em meio a muita comoção, sabemos que agora vem a pior parte na superação dessa perda e o apoio e a paciência dos amigos serão imprescindíveis. A Dona Sirleide deixou saudades, mas em contrapartida a esse vazio estabelecido, ela também deixou ótimos momentos de lembrança como boa mãe, mulher e amiga, momentos que servirão como apoio para a vivência da dura realidade que todos estão passando e que ainda esta por vir.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Despedida Permanente

Sabe quando você fica sem reação alguma, completamente inerte? Foi exatamente assim que me senti quando ouvi dizer pelo telefone que a mãe dele havia falecido. Estava apreensivo desde ontem, quando ele me ligou e disse que a sua mãe tinha infartado, vi o sofrimento dele, daquele garoto que há vários anos divide comigo os melhores e piores momentos da vida.

Ontem, cheguei em Arujá, peguei o meu carro e fui ao seu encontro, fomos para o hospital. Sua mãe precisava ser transferida para a UTI, só que em Arujá não havia vagas e a papelada para transferi-la para um hospital em Guarulhos já estava em andamento. Muitos membros da família estavam aguardando no saguão do hospital , pois ela estava pedindo para ver todos, principalmente os filhos.

Quando entrei no quarto do hospital, disse num tom de brincadeira:

- A senhora deu um susto nos seus filhos – e ela me respondeu com outro sorriso.

- A cidade do “pé junto” está me chamando– e eu retruquei.

- Tá nada, você vai ver, logo, logo estará bem melhor - também perguntei se ela estava melhor e se sentia alguma dor, ela disse que estava bem e não estava com dores. Apesar da gravidade da situação, imaginava que ela sairia dessa e que aconteceria novamente uma festinha em sua casa, regada de historias e muitas risadas.

Saindo do hospital, lembrei que há anos atrás ela havia me mandado um recado: Avisa para aquele menino nunca mais aparecer aqui. É natural as mães ficarem com raiva do namorado do filho quando descobre que o filho é gay, mas com o tempo fui me aproximando, a ponto de estar com ela nos últimos instantes de sua vida. Ainda não consegui chorar, mas sabe quando sentimos a nossa garganta embargada e os olhos lagrimejantes? Estou assim. Estou triste, da mesma forma que fico quando me despeço permanentemente de um ente querido. Hoje, conversando com a minha mãe, disse como a mãe do Douglas era parecida com ela e ela lembrou que o Douglas também lhe disse isso. A mãe do Douglas era uma verdadeira figura, assim como é a minha mãe.

Tenho certeza que a Dona Cirleide descansa no coração de Deus e que ela fará uma imensa falta para todos aqueles que a rodeava. Vou sentir muita falta das festinhas que ocorriam na casa dela e com ela sempre insistindo para eu comer mais um pedaço de bolo e tomar mais um copo de coca-cola. Não acredito que a morte é mais forte que a vida, acredito em transcendência e sei que a Dona Cirleide permanece viva nos corações de quem a amava. Sentiremos saudades.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Nada Normal

O telefone tocou e pelo identificador de chamada, vi que era uma chamada que eu estava esperando.

- Alô – disse prontamente.

- Diga, estou retornando a sua ligação – respondeu de forma seca.

- Você acredita que eu esqueci porque eu te liguei? – disse com voz sonolenta, pois estava deitando vendo televisão.

- Você está muito estranho, depois eu falo com você.

- Como assim? Estranho? Eu estou normal – me defendi.

- Você está estranho e não quero falar com você. Quando você estiver melhor a gente se fala – enfincou as palavras direto no coração.

- Não, eu estou nor... – não consegui terminar de falar. Choquei olhando para o visor do telefone e vendo a mensagem “ligação encerrada”.

Depois do ocorrido, fiquei pensando o que justificaria tal ato e não encontrei justificativa. Não entendi e recapitulo a história e não vejo o porquê de determinado tratamento. O que é ser estranho? O que é ser normal? A normalidade é amplamente discutida nas ciências sociais a ponto de não ser estabelecido parâmetro algum para a normalidade. O que é “normal” para uns pode ser loucura para outros. Vai entender...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Projeto Alice!

O clube SoGo, que há dez anos é referência na cena gay paulistana, terá sua grade de projetos reformulada. A aposta visa reforçar o conceito de “clubinho” através de noites mais intimistas e contextuais, em alternativa às mega festas espalhadas pela cidade. Com a contratação de uma direção criativa, a primeira festa da nova safra estreia no próximo dia 24, véspera de feriado. Das 19h às 06h, o projeto Alice! promete reunir elementos da moda e das artes com setlist hype sob o comando de Johnny Luxo e Lais Pattak, performance surreal de Danny Colt e decoração inspirada no clássico de Lewis Carroll, “Alice no Pais das Maravilhas”.

“Resgatar o espírito da diversão, do encanto de sair à noite, da surpresa a cada festa. Aquele ‘clubinho’ onde todos se conhecem, compartilham suas experiências e criam personagens e histórias para si mesmos”, diz o novo diretor criativo da SoGo, Brunno Almeida, sobre a atual meta da casa, que pretende reavivar o caráter lúdico do circuito noturno. Com 23 anos, mas uma carreira que desde cedo transita entre o teatro, a moda e o jornalismo, o rapaz pretende agregar à noite aspectos de cada uma dessas áreas. “Sei que sou uma cara nova, mas esse frescor é necessário para a renovação cultural da cena” acrescenta.

Para iniciar a nova fase, a SoGo apresenta na próxima semana o projeto Alice!, de estética fabulosa e fashionista, mas sem pretensão de ser ostensivo, e com grande apelo à cultura gay: “Você se monta, ferve na pista e paquera” explica Almeida. A festa pretende reunir jovens de 18 a 35 anos, modernos, alternativos e sedentos por novidades. Os djsets variam entre o electro, new rave, pop/rock, 80’s e 90’s, sempre comandados por convidados especiais, ligados a alguma área artística ou em evidência na mídia, além dos DJs residentes da casa, Maicon Ribeiro e Harry Neto.

Na noite de estreia, a casa será toda decorada com inspiração no clássico inglês “Alice no País das Maravilhas”, precursor do surrealismo na literatura. Baralhos, xícaras, cogumelos e até uma floresta farão parte do décor. A hostess lançamento da casa, a drag Ledah Briacho, estará caracterizada de Alice para recepcionar o público, enquanto a veterana Kaká di Polly faz as honras de Rainha de Copas e Michael Love assume o camarote vip como hostess indoor. A DJ Lais Pattak, do badalado clã de festas “Killing the Dance” (Glória e Torre), divide as pickups com Jhonny Luxo, que pela primeira vez toca na SoGo. Haverá ainda performance temática da excêntrica top drag Danny Colt, “cortando as cabeças”.

Strike a pose

Outra inovação do projeto é na criação dos flyers. Com o início da festa Alice!, a SoGo passa produzir material próprio através de sessões fotográficas: “O objetivo é registrar a nossa própria imagem no flyer e reforçar a questão da moda e da estética, universos que serão constantes no projeto, além de destacar novos talentos da fotografia”, diz Almeida. Para a produção do primeiro impresso - que passa a ser distribuído neste final de semana - os cliques são de Marcelo Elídio, também integrante do “Killing the Dance”, tendo como locação um dos cartões postais da Avenida Paulista, a Casa das Rosas, e looks do brechó Juicy by Licquor. Além dos flyers, diversos pôsteres serão confeccionados para integrar a decoração do clube.

O projeto Alice! ocorre na SoGo no dia 24, domingo (véspera e feriado), das 19h às 06h. Durante a próxima semana, a casa abrirá inscrição para listas de desconto.


Serviço

Projeto Alice!
24/jan, das 19h às 06h (25/jan)
SoGo (Alameda Franca, nº 1368 - esquina com a Rua Bela Cintra)
(11) 3061-1759 / 3088-5737
http://www.sogo.com.br/

R$ 15,00 e R$ 10,00 (com apresentação de flyer ou nome na lista)
Aceita todos os cartões de crédito e débito
Não aceita cheques

Possui refrigeração no ambiente
Lounge bar
Camarote Chandon (da 01h às 04h)
Área externa para fumantes
Acessibilidade a portadores de necessidades especiais
Vallet Park com manobrista (R$15,00)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Adeus a Zilda Arns

Se fossem catalogadas quais foram às mulheres mais importantes e influentes do Brasil, certamente a Dra. Zilda Arns ganharia as primeiras colocações do catálogo. Zilda Arns nasceu em Forquilhinha, Estado de Santa Catarina e foi irmã do Dom Paulo Evaristo Arns, fundou o coordenou a Pastoral da Criança e da Pessoa Idosa e recebeu diversas menções especiais e títulos de cidadã honorária no país.

Em 2006, a Dra. Zilda foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz, junto com outras 999 mulheres de todo o mundo, selecionadas pelo Projeto 1000 Mulheres, da associação suíça 1000 Mulheres para o Prêmio Nobel da Paz. Também é cidadã honorária de dez estados brasileiros (RJ, PB, AL, MT, RN, PR, PA, MS, ES, TO) e de trinta e dois municípios e doutora Honoris Causa das universidades Pontifícia Universidade Católica do Paraná, Universidade Federal do Paraná, Universidade do Extremo-Sul Catarinente de Criciúma, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade do Sul de Santa Catarina.

Zilda Arns estava na capital do Haiti para dar uma palestra e morreu vitima de um terremoto que atingiu a cidade de Porto Príncipe, o terremoto de magnitude 7, foi o maior no país em mais de 200 anos e matou milhares de pessoas. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (13) pelo gabinete do senador Flávio José Arns (PSDB-PR), sobrinho de Zilda, em Curitiba. A morte de Zilda Arns representa uma grande perda para o Brasil, ela dedicou a sua vida aos menos favorecidos e foi fiel a sua obra a ponto de morrer ao lado dos mais necessitados.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Decepção no Movimento LGBT

Devido às abordagens do meu blog, recebo muitas adições no MSN e no Google Talk, são pessoas querendo amizades e conselhos. Através dessas adições, conheci um garoto de Araraquara, ele tem 15 anos e converso com ela há mais de um ano. Ele sempre comentou dos seus dilemas na escola e como os demais alunos da turma o rejeita, mas recentemente ele deu uma declaração que me deixou preocupado, ele me disse que não se sente satisfeito com o corpo masculino, que se sente uma mulher num corpo de homem, ou seja, ela não se identifica com a sua identidade de gênero.

É fato que no Brasil as transexuais são as mais discriminadas no universo gay, até hoje a transexualidade é tida como uma doença pela classe médica, fato que motiva os militantes gays para reverem esse posicionamento. Só quando é diagnosticada uma patologia, os médicos autorizam as transexuais fazerem a operação de mudança de sexo. Devido à complexidade do caso, conversei com uma militante transexual e pedi para ela orientar o garoto, pois sabemos que quanto mais cedo essa situação for definida, menos traumático será.

A transexual me respondeu o email dizendo que entraria em contato para o aconselhamento, fiquei tranqüilo, imaginando que havia passado o garoto para boas mãos, aliás, a transexual é militante, já passou por isso e hoje luta pelo fim do preconceito aos LGBTs... Passaram-se os dias, perguntei ao meu amigo se a transexual havia entrado em contato, ele disse que sim, porém acrescentou que ela apenas enfatizou que a história dela é muito parecida com a dela e que ela não se sentia a vontade de contar relatos da vida dela para alguém que ela não conhecia. Como assim? Não entendi! Nos, militantes usamos nossas vidas, nossas histórias de superação para minimizar o preconceito e encorajar aqueles que ainda estão num estagio anterior ao nosso.

A militante transexual passou o email do garoto para outra militante que tem um projeto com adolescentes gays e um trabalho com pais de homossexuais. Essa militante convidou o meu amigo para ir a São Paulo participar do projeto e deixou o contato telefônico para o menino ligar, caso necessário. Não preciso nem manifestar como fiquei frustrado, sabemos que pais controlam ligações telefônicas dos filhos e poucos adolescentes com 15 anos tem a liberdade de fazer interurbano do tipo Araraquara - São Paulo, sem cair na triagem dos pais. Infelizmente o meu amigo e leitor do blog não têm meios de participar do projeto desenvolvido para os adolescentes por questões geográficas e os militantes gays, que trocam centenas de emails por dia através do Fórum Paulista LGBT e da Lista GLS, não podem mandar um único email para aconselhar um adolescente com problema de identidade de gênero, lamentável.

Enquanto isso, nossos adolescentes estão sofrendo por conta do fundamentalista religioso dentro de suas casas e os projetos de leis pertinentes, que mudariam nossas vidas estão sendo barrados no senado e legislativos de todo o Brasil. Nos grupos de discussões são trocados centenas de emails entre os militantes gays e muitos falam sobre: a personagem gay da novela da globo e os participantes LGBTs do BBB 10. È hora de acordar para acalentarmos os nossos semelhantes, aqueles que já sofrem por não terem superado situações que já superamos. Temos que ter coerência com a nossa historia e luta. Estou decepcionado com as militantes em questão.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

O Lado B das Enchentes de São Paulo

Em menos de duas horas o “barraco” de Maria Auxiliadora estava debaixo d'água. Os remédios de seu marido estragavam dentro do quarto alagado. Do lado de fora, desespero. Crianças se afogando e mães gritando por socorro. Em apenas 24 horas, no dia 8, caiu sobre São Paulo (SP) o maior volume de água registrado desde 1999, 77,4 mm (cada milímetro equivale a um litro de água por metro quadrado).

“Ouvi mães gritando por socorro, aí eu caí para dentro da água. O que deu para salvar nós salvamos. Mas teve família que perdeu tudo, como mantimentos, geladeira, televisão. Isso na minha rua que é um local mais alto. E logo imaginei que na baixada estaria pior. Chegando lá a água estava dando quase no pescoço”, relata o líder comunitário da Chácara Três Meninas, Cristovão de Oliveira, que mora há mais de trinta anos na região.

Nas margens do rio Tietê, a natureza era mais feroz. Na “baixada”, como disse Cristovão, as casas não-terminadas de alvenaria e os barracos de madeiras beiram o rio. É lá que vive Maria Auxiliadora. A chuva que caiu sobre a casa dela também estava presente em diversas áreas da cidade São Paulo. Mas ela é pobre, vive na Chácara Três Meninas, periferia da capital paulista, numa região de várzea do rio Tietê; uma ocupação irregular. Péssima combinação.

Como a água subiu “até o pescoço” no seu barraco, Maria, seu marido, sua filha e seus seis netos foram obrigados a se alojar numa escola. Dois dias depois retornaram para casa. Das seis famílias que sobreviviam no pequeno terreno de 2 metros de largura por 8 de comprimento, cinco abandonaram o local. “Só fiquei eu, meu marido, minha filha e meus netos”, conta Maria Auxiliadora.

Crime

Tudo isso ocorreu por causa da “natureza”, mas humana e criminosa. O conjunto de informações indica um ato contra a vida. Crianças morreram, famílias foram desalojadas, doenças (sobretudo leptospirose) foram disseminadas; tudo isso aconteceu por uma opção. As seis comportas da barragem da Penha, reservatório de água próximo da região, foram completamente fechadas naquele 8 de dezembro. Somente dois dias depois, todas as comportas foram abertas. O próprio engenheiro responsável pela barragem da Penha afirmou à repórter Fabiana Uchinaka, do portal Uol Notícias, que optou-se por alagar esses bairros da zona leste ao invés da marginal. A barragem da Penha funciona sob a direção da Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), estatal paulista. Ele disse que, se não tivesse fechado as comportas, teria alagado as marginais e toda a cidade de São Paulo.

O engenheiro explicou à repórter que cada barragem em São Paulo, das quais perfilam a Móvel, a da Penha, a de Mogi das Cruzes e a de Ponte Nova, é responsável apenas por administrar o fluxo de água do local e não sabe o que acontece nos outros pontos. Ele acredita que as comportas foram abertas nas barragens de cima, em Mogi, e isso foi preponderante no alagamento da região da zona leste. A área que mais sofreu com o alagamento fica justamente entre a barragem de Mogi das Cruzes, que liberou suas águas; e da Penha, que as conteve.

Parque “Afogados”

Formou-se um imenso piscinão natural. O alagamento reforçaria a ideia de que aquela população é "invasora" de área de várzea e deveria ser despejada para que não impeçam a construção do Parque Linear da Várzea do Rio Tietê. Projeto do governador José Serra (PSDB) orçado em R$ 1,7 bilhão e que deve ser inaugurado até a Copa de 2014.

Segundo um técnico, ex-funcionário da Sabesp que preferiu o anonimato, nos períodos de intensas cheias, existe a condição de reverter as cheias do Pinheiros e Tietê para a represa Billings. “Existe uma caixa preta muito grande nessa história toda, essas informações não são transparentes, não dá para saber se houve uma opção de classe”, afirma.

Essa região da zona leste que engloba vilas como Pantanal e Chácara Três Meninas ficou, mesmo após o fim das chuvas, debaixo d'água por doze dias. “Não tinha policiamento, bombeiros; pessoas estavam saqueando as escolas. Nenhuma bomba foi lá para drenar”, relata o deputado estadual Raul Marcelo (Psol), que visitou, no dia 17, o Jardim do Pantanal, uma das localidades mais atingidas pelo alagamento.

“Eu não estou fazendo uma relação, estou fazendo uma afirmação: tem tudo a ver”, destaca o parlamentar, relacionando a construção do parque com a remoção de cerca de 10 mil famílias por meio da engenharia hidráulica e social. “O lugar da remoção é justamente ali, no Pantanal”, conclui. Para ele, o parque linear é importante, mas é necessário dar condições para que as famílias saiam de forma digna. “Com R$ 5 mil eles vão comprar no máximo madeiras para construir outro barraco”, ironiza Marcelo, se referindo ao valor do cheque-despejo oferecido pela prefeitura paulistana.

Um pouco mais reticente, outro deputado estadual que visitou a região, Adriano Diogo (PT), observa que aquele local “era exatamente a região que eles queriam despejar”. “Não dá para afirmar que tem uma intencionalidade, não tem uma prova cabal, mas é uma estranha coincidência”, afirma.

“Por que que ele [Serra] não lançou um projeto de habitação primeiro. Ele quis fazer sua propaganda para ser presidente da república e acabou ferrando o povo. Ele sabia que fechando a comporta da Penha e abrindo a comporta de Mogi das Cruzes, ele mudaria essa bacia”, critica o líder comunitário Cristovão de Oliveira.

“Todo mundo é a favor do parque, só que tem que pensar na habitação. Isso foi um ato criminoso. O poder público, a defensoria pública e o Ministério Público deveriam responsabilizar o governo por todas as perdas de vidas que tivemos nesses locais. Houve duas mortes de crianças por afogamento no Jardim Romano [onde fica o Jardim Pantanal]”, afirma Cristovão.

Esgoto

Para além das perdas materiais, Maria Auxiliadora se diz preocupada com os netos, repletos de feridas pelo corpo. “O médico falou que era água da chuva; estão tomando antibiótico”, conta.

Coisas de natureza incompetente. A estação de tratamento de esgoto de São Miguel Paulista também foi construído numa área de várzea, sem nenhum tipo de proteção. A água subiu, entrou na estação e ela deixou de funcionar. Por consequência, o esgoto foi jogado no rio e, como a barragem estava fechava, foi lançado diretamente nas comunidades da várzea. “A água que alagou o Jardim Pantanal teve duas vezes mais coliformes fecais que o próprio rio Tietê”, lembra Raul Marcelo. No dia 17, a estação foi reativada.

De acordo com o ex-funcionário da Sabesp, isso também é culpa de uma estagnação na infra-estrutura de saneamento.“Há um atraso estrutural no sistema de coleta e tratamento de esgoto e as instituições técnicas da área não têm uma sistemática de controle, de regulação, com controle dos problemas, das falhas”, diz.

Os deputados que visitaram as regiões alagadas da zona leste da cidade pretendem denunciar o caso, junto com a situação da estação de tratamento de esgoto, aos Ministérios Públicos Estadual e Federal.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

BBB 10

O Big Brother Brasil nem começou e já tá dando o que falar. A pluralidade dos participantes será o ponto forte do reality show, entre os participantes estão: A Drag Dimmy Kier, o emo Sr. Orgastic (celebridade virtual) e a lingüista Elinita, lésbica assumida.

Dimmy é figura certa na cena Gay nacional, onde atua há mais de 20 anos e já tem dois CDs lançados. Conhecida pelo carisma, desenvoltura no palco e figurinos bafônicos, a top Drag se apresenta em clubes Gays Brasil afora e conta com uma legião de fãs.

Espero que ela arrase no BBB 10 e que o Brasil mostre que está tolerante com a diversidade e disposta a incluir todas as cores do arco Iris na sociedade. Essa exposição da mídia vem em boa hora, pois temos o PLC 122 que está sendo apreciado pelo senado e a União Civel que está sendo discutida no Supremo Tribunal. Espero que essa exposição de gays na mídia sirva como plataforma de debates de políticas inclusivas para o cidadão LGBT.

sábado, 2 de janeiro de 2010

O Desespero da Vida Real

Em meio as esperanças, votos de felicidades e o sentimento de recomeço que toma conta do Mundo com o novo ano que se inicia, o Brasil chora. São milhares de famílias desabrigadas por conta das chuvas que assolam todo o território nacional, e o poder público alega que são moradias construídas em locais irregulares: Como assim? São imóveis registrados nas prefeituras e munícipes que pagam IPTU e num momento em que o pode público tem que dar uma reposta efetiva, a omissão se faz presente. De fato os imóveis estão construídos em áreas irregulares, mas são imóveis regulamentados, que passaram ou deveriam ter passado por uma pericia do poder público.

Hoje (01/12), fui com a minha família almoçar na casa de um tio, no caminho, encontramos vários desmoronamentos nas rodovias que ligam Arujá a Suzano, minha mãe comentou: “Graças a Deus que estamos bem!”. Fico triste em ver o telejornal no “Dia Mundial da Paz” estar repleto de desastres, choros, tristezas e corações partidos. Espero que para essas famílias o início de 2010 seja de fato um recomeço e a oportunidade de deixar tanta desolação para trás e reconstruir tudo, novamente.

Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, decretou luto oficial por três e toda a programação de ano novo também foi cancelada, inclusive as comemorações de aniversário de Angra, motivo: Um desmoronamento que matou mais de 30 pessoas e deixou vários feridos. Uma pousada de alto padrão foi atingida e entre os mortos estão vários turistas e a filha dos donos da pousada. Em Cascaduras, Rio de Janeiro, faleceu uma menina de 3 anos que havia sido resgatada com vida no dia anterior, ela não resistiu os ferimentos e assim como os seus pais, ela também morreu.

Entre as vítimas de Angra, está um grupo de 17 pessoas de Arujá, entre eles o filho do prefeito Abel Larine (PR - SP). O grupo estava numa casa alugada, à onda de lama que desceu morro abaixo jogou para o mar três jovens do grupo, dando lhes a oportunidade de sobrevivência e uma visão privilegiada do desastre que ceifou a vida de parentes e amigos. Um dos jovens que foi jogado ao mar pela onde de lama, tinha acabado de ficar noivo, aproveito as comemorações de final de ano e pediu a sua namorada em casamento, a moça ainda está desaparecida.

Voltando São Paulo, encontramos ainda mais desolação, a zona leste da cidade tornou-se uma Veneza fedida e imunda, reinada por ratos e doenças contagiosas, as ruas do bairro pantanal estão submersas há mais de 15 dias e a prefeitura de São Paulo diz que não pode fazer absolutamente nada. Nesse caso, os valores pagos com impostos prediais deveriam ser devolvidos a essa parte da população que estão abandonadas pelo poder público. Não consigo nem imaginar como foi a “Confraternização Universal” para tais famílias, enquanto uns comemoraram em alto estilo na Av. Paulista e em Copacabana, outros tiveram que trocar a champanhe por vassouras e rodos que inutilmente tinha por missão o impedimento da invasão de águas em seus lares.

O sentimento que tenho em ser brasileiro é inexplicável. Tenho orgulho de ser brasileiro, de morar num país de pessoas humildes e que com coragem, garra e inteligência conseguem vencer na vida e colocar esse imenso país entre as 10 maiores economias do Mundo e esse mérito é do povo e não das políticas econômicas implantadas, pois são políticas importadas dos países em desenvolvimento, não fazemos nada de diferente do resto de Mundo, apenas somos abençoados por Deus. Por outro lado, tenho vergonha em morar num país que tem as maiores cargas tributárias do Mundo e que o povo é completamente entregue a sorte pelas autoridades que confiamos os nossos votos.

Espero que as famílias que entraram em 2010 em meio ao choro e desespero, encontrem renovo em meio a tanta desilusão. Que 2010, ano de eleição, as pessoas troquem, pelo menos por alguns instantes, os “big brotheres” da vida, pelos cadernos de políticas, nosso verdadeiro realitey show, que impacta diretamente a nossa vida. Não tenho a pretensão de dizer eu o poder público é único culpado por toda essa calamidade, mas é papel dele catalogar as ares de riscos, impedir as construções e remover as famílias que já estão instaladas em tais lugares. Não podemos admitir tanto descaso, vamos responder as autoridades com o nosso voto, renovando a política do nosso Brasil, colocando políticos que de fato se importam com o povo para gerir essa nação.