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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Secretária da Justiça do Estado de São Paulo anuncia nova Coordenadora Estadual de Políticas para a Diversidade Sexual

A Secretária da Justiça e da Defesa da Cidadania do Governo do Estado de São Paulo, Dra. Eloisa de Sousa Arruda, anunciou nesta tarde a nova Coordenadora Estadual de Políticas para a Diversidade Sexual, Heloísa Cidrin Gama Alves.

A mudança acontece pela capacidade técnica de Heloisa que é advogada, militante LGBT, atuante do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual – GADVS e também pelo seu compromisso em implementar o plano de governo do então candidato e hoje governador, Geraldo Alckmin.

A escolha de Heloísa Gama Alves, além disso, busca uma maior representatividade nas questões de gênero, abrangendo o segmento de mulheres lésbicas, travestis e transexuais.

Heloísa irá assumir a Coordenação Estadual já com, pelo menos, dois grandes desafios: a instituição do Conselho Estadual LGBT e a realização da II Conferência Estadual da Diversidade Sexual. Mas leva consigo o apoio de várias prefeituras como São Paulo, Avaré, Santo André, e outras, além de ampliar e fortalecer a parceria institucional com as Secretarias de Estado da Cultura e da Fazenda – importante área num momento em que se discute o PPA (Plano Plurianual) para os próximos anos.

Para Franco Reinaudo, Coordenador da Diversidade Sexual da Prefeitura de São Paulo a chegada da Heloísa é muito positiva. "Tenho certeza que a Heloisa será uma grande parceira, neste momento difícil que a cidade e o estado estão passado, com tantos ataques homofóbicos, é fundamental que as duas instâncias de governo estejam em sintonia".

Cássio Rodrigo, que desde fevereiro está à frente da Assessoria de Cultura para Gêneros e Etnias da Secretaria de Estado da Cultura, avaliou como um momento de grande importância e visibilidade para as mulheres lésbicas paulistas. “Heloísa virá para pautar as questões de gênero nas políticas públicas relativas à diversidade sexual no Governo do Estado de São Paulo e poderá contar com a Assessoria de Gêneros e Etnias como parceira nessa caminhada”.

O Diversidade Tucana – grupo LGBT do PSDB, também avaliou como positiva e necessária a troca. Para Marcos Fernandes, coordenador municipal do Diversidade Tucana “Heloisa traz consigo um novo modelo de gestão pública que visa os princípios da Democracia e os interesses da população LGBT”.

Já Wagner Gui Tronolone, coordenador estadual do Diversidade Tucana, ponderou que “a troca é bem vinda pois já há algum tempo era flagrante a necessidade de uma correção de rumos na coordenação de forma a termos uma gestão mais comprometida com o diálogo e com as verdadeiras necessidades da população LGBT”.

O Diversidade Tucana deseja pleno êxito e realizações nessa empreitada, e irá apoiar Heloísa para que possamos, juntos ampliar as ações de combate à homofobia no Estado de São Paulo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Meu Feriado Nada Santo

Vivenciei bem o ditado “se não tem mar, vamos pro bar”. Como não viajei, tive que me jogar na esbornia e me render aos prazeres da carne. Na quinta-feira, fui com amigos na “A Locâ”, entrei na balada com uns 7 amigos e lá dentro me encontrei com mais. Bebi bastante, muitas caipirinhas, tequilas e cervejas. Como a balada estava super lotada, sai por volta de 3 horas e fui para a Bella Paulista tomar café, onde encontrei mais amigos por lá.

Na sexta, fiquei em casa, meus amigos já estão todos velhinhos e não aguentam duas baladas seguidas. No sábado compensei, marquei com alguns amigos para ir a um show, como me atrasei, não consegui entrar, mas me encontrei com outros amigos num bar na Frei Caneca e ficamos por lá bebendo. Depois me encontrei com outros amigos, os que havia marcado para ir ao show e fomos beber no bar da Prainha do Arouche. Saindo de lá, nenhum deles queriam estender a noite, então resolver ir para a Blue Space, sozinho.

Fazia muito tempo que não ia na Blue, não sabia que a balada tinha sido toda repaginada. Adorei o lounge todo branco e os novos leds no teto da segunda pista. Na pista principal também observei mudanças, colocaram monitores contornando toda a pista e um suporte redondo, muito grande que suspende e desce a iluminação. O que eles mais deveriam mudar, ainda continua igual, as bebidas. A caipirinha continua horrível, por mais que pedimos vodka importada, eles insistem e colocar álcool zulo naquela coisa. Não entendo como eles conseguem fazer uma caipirinha tão ruim.

Os shows continuam sendo o ponto forte da balada. Thalia Bombinha, Natasha Rasha, Márcia Pantera e outras do elenco continuam por lá. Percebi que a pista principal está tocando um som mais pesado e as drag music, as músicas mais comerciais, estão na segunda pista, talvez uma estratégia para a pista principal não ficar excessivamente lotada, como era de costume, consegui até ir para o meio da pista e dançar, coisa que antigamente era impossível.

sábado, 23 de abril de 2011

O Capitalismo do Amor

Descobri que não sei absolutamente nada sobre o amor. Descobri que ninguém sabe o suficiente sobre esse sentimento tão arrebatador e devastador. Amor para mim é entrega, companheirismo, compaixão, amizade… Quando amamos, nossa vida se confunde com outra, nossos compromissos são bilaterais e você se torna a pessoa mais boba, chata e impertinente do Mundo.

Amar é algo muito sério, não é para qualquer um. Brincar de amor, nem pensar, isso é muito perigoso e o final, com certeza será desastroso. Quando amamos, tornamos parcialmente responsável pela vida de outra pessoa, da parte da vida que essa pessoas nos confiou, o seu coração. Somos o guardião “permanente”, até que o “pra sempre” termine, dos sentimentos que tange o campo das relações afetivas desse outro alguém.

Amar é algo estranho. O ser humano é um bicho estranho, talvez o mais estranho entre os outros animais. Dizem que a inteligência nos diferencia dos outros animais, a nossa capacidade de pensar. Mas de fato, somos os únicos que destruímos outros seres da nossa espécie. Não pensamos, não assimilamos antes de destruir outras vidas, ou pior, fazemos tudo de forma premeditada, ferramos a vida de outros por mero capricho. Tudo porque temos a capacidade de pensar ou de nos ausentar dessa condição.

Não sei pelo o que nos apaixonamos… Muitas das vezes o objeto do nosso amor não existe, nos apaixonamos pelo o que criamos, pelas características que achamos graça e que com o decorrer do tempo começa nos irritar e aquela pessoa, pela qual você um dia jurou passar o resto de sua vida, acaba se tornando insuportável. Muitas das vezes, nos apaixonamos pela pessoas que construímos, por algo que fisicamente não existe.

Somos consumistas ao extremo e ai está o sucesso do capitalismo no Mundo. Temos diferentes motivações para nos levantarmos de manhã e ir a luta, mas tudo se resume ao consumo. Trabalhamos porque temos que ganhar dinheiro e consumir e o amor funciona da mesma forma. Queremos consumir uma pessoa inteligente, um cara com dinheiro, que anda na moda e que nos faz rir. Queremos consumir uma moça bem educada, que fala vários idiomas, que já viajou para vários países, que é sensível, sexy e bem sucedida. O amor se tornou uma moeda de troca e quem tem mais a oferecer, consegue a melhor oferta.

Passamos a vida inteira consumindo, comprando roupas, sapatos, aparelhos eletrônicos e coisas que nunca iremos descobrir uma utilidade prática. Com o tempo cansamos de tudo aquilo, aparece novidades e sentimos a necessidade de trocar, de consumir mais e aquele objeto de desejo, que pagamos com tanto sacrifício, vai parar no eBay, pois ele já foi substituído por outro novo, que será pago no cartão, em 10 vezes.

Começamos olhar as fotos e desacreditamos que um dia tivemos cabelo skatista, que usávamos calça bag e que íamos para escola com tênis conga. Da mesma forma funciona com quem nos relacionamos, olhamos pra trás e desacreditamos que um dia fomos capazes de “usar” aquela pessoa. Na verdade nunca estamos satisfeitos com o que temos e estamos em constantes mudanças e como ninguém é igual a ninguém, com o tempo os objetivos são reavaliados e o laços que uniam aquelas pessoas são desatados.

A maioria dos casais que permanecem juntos, aqueles que vencem a barreira da vida, apenas cumprem as convenções sociais. Alguns são amigos de verdade e de fato uma separação seria impossível, mas muitos, a grande maioria, ficam juntos por outros fatores que não é o amor, as vezes por despeito. Gosto muito da música “Senhora e Senhor” do Titãs, ela expressa bem o que eu quero dizer.
Veja só o que restou, do nosso caso de amor. Uma casa com varanda e um jardim que não dá flor. Uma geladeira cheia de comidas sem sabor, um programa interminável diante do televisor, uma lâmpada queimada no lustre do corredor... O pensamento distante para evitar a dor, o olhar tão desbotado que já não distingue cor, velhas rugas escondidas debaixo do cobertor. Saudades, indiferença, decadência e mau humor. Tratamento respeitável de senhora e senhor.
Passamos boa parte de nossas vidas com uma pessoa e não conseguimos deixa-lá porque nos apegamos ao que ela foi um dia ou a imagem que construímos. Passamos a viver um amor amargurado por conta de um passado feliz e que muitas das vezes nem foi tão feliz assim. Jogamos toda a nossa vida fora por conta de um bom sexo que tivemos um dia ou por conta de bens materiais que foram adquiridos ao longo dos anos. Definitivamente, quando isso acontece, é melhor aderir ao capitalismo do amor, cadastrar o velho no eBay e tentar sentir aquele sentimento de novo, ou vamos viver como “senhora e senhor”.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Beyoncé Divulga seu Novo Single

Sabemos que músicas não vazam como absorventes de péssima qualidade, o que acontece é que os cantores descobriram o poder da publicidade gratuita que é a internet. Para delírio dos fãs, foi divulgado hoje a novo single de Beyoncé, a música "Girls (Who Run The World), uma publicidade e tanto para o seu novo álbum que será lançado nos próximos meses.

Alguns fãs estão dizendo que a música divulgada se trata de um demo e que a diva Beyoncé pode muito mais que isso. A produção é de Diplo e Swich. A idéia não é inédita, na música Beyoncé fala do seu assunto predileto, a soberania e o poder das mulheres. O vídeo para o single já foi gravado em Los Angeles e contou com a realização de Francis Lawrence, autor do videoclipe de «Bad Romance» (Lady Gaga).

No Twitter, Beyoncé é um fenômeno. Ela pode não ter 9 milhões de seguidores que tem Lady Gaga, mas já ultrapassou a marca de 1 milhão, sem nunca twittar. Será se ela esqueceu a senha? Não sei, mas com certeza deve ser o perfil sem conteúdo com o maior número de seguidores.

Recentemente, Beyoncé descreveu o álbum como "uma mistura de gêneros". "Estou misturando todo tipo de gênero que amo e fui inspirada por todo tipo de gênero. Não é R&B, não é tipicamente pop, não é rock. É apenas tudo que eu amo misturado", declarou. Vamos aguardar o lançamento e ver se o fãs gostarão do resultado da salada musical de Beyoncé.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Virada Cultural

Não fui em nenhuma das edições anteriores da Virada Cultural, sempre olhei o evento com ressalvas, por achar que era uma aglomeração de baderneiros, um atentado a ordem pública. Na 7º edição recebi acessos a área vip de todos os palcos, então fui. Foi um incentivo para conferir as programações do evento.

No  sábado, mais andei do que curti. Fui no palco da Vieira de Carvalho, depois me encontrei com amigos no palco da Praça da República e fomos para a apresentação de opera no Pátio do Colégio. No caminho, passamos pelo piano na praça, por shows de mágicas e contadores de história. Do viaduto do chá, observei um ringue de luta livre, o palco em homenagem aos Beatles e o palco do Vale do Anhangabaú, que estava super lotado, uma aglomeração de pessoas bem superior ao do show da Feira Cultural da Parada Gay.

Voltamos para o palco do Arouche, na volta passamos pelo Largo São Francisco, onde havia uma pista de música eletrônica, o DJ estava alocado na varada da escola de direito. As ruas eram uma versão ampliada da Augusta, um lugar que aglomerava todas as tribos, todos em paz, sem confusões. Quando passamos em frente a prefeitura, o grupo que estava protestando contra o Kassab, um protesto isolado, já não estava mais. O grito de ordem era “Kassab, filho da puta, essa cidade não precisa de você”.  Sou favorável a todo e qualquer tipo de manifestação, mas quando a mesma incita a violência ou tem caráter depreciativo, ela perde o seu valor.

No palco do Arouche, Rita Cadilac estava improvisando, pois houve um problema técnico e o Ritchie não poderia entrar no palco até que o mesmo fosse solucionado. Vencida pela falta de conteúdo, ela começou a chamar o público para se apresentar e o palco do Arouche se transformou num show de calouros. Após o problema solucionado, Ritchie tomou o palco e meus amigos foram embora. Marquei com outros amigos para curtir uma balada, mas quando fui entrar, fui avisado que a balada estava vazia. Achei melhor ir embora e curtir a programação de domingo.

Havia me programado para assistir aos shows de Paulo Miklos, Frejat, Blitz e RPM, acordei tarde e perdi a apresentação do Paulo Miklos, então fui direito para o palco principal da Virada, o palco Júlio Prestes. Do inicio da Rua Mauá, já dava para ouvir o Frejat se apresentando, me apresei, mas não consegui entrar pelo lado direito da área Vip, tive que contornar o palco, movimentação que durou uns 15 minutos, devido ao excesso de pessoas. No caminho, conheci um casal que também estava indo para a outra entrada do palco, fizemos amizade e ficamos curtindo e bebendo juntos durante todo o show.

O show do Frejat foi o melhor. Cantou várias músicas da época do Barão Vermelho e fez algumas homenagens ao Cazuza. Frejat deixou o palco sendo ovacionado pelo público. Aproveitamos o intervalo para buscar mais bebidas. O show do Blitz também fui super animado, mas nada comparado ao Frejat. No intervalo buscamos mais bebidas. O RPM deixou a desejar, as melhores músicas não foram apresentadas, pois eles queriam apresentar as músicas novas. O encerramento deveria ter ficado por conta do Frejat, o melhor show da Virada Cultural.

Que venham outras “Viradas”. A ideia pode até ter sido inspirada nas “Noites Brancas”, que ocorrem em Madri, Roma e Paris, mas como tudo que temos no Brasil é grandioso por natureza, a nossa Virada Cultural se tornou o maior evento de cultura do Mundo e isso é um motivo de orgulho para todos os Brasileiros. Não existe nenhum outro evento em São Paulo mais democrático e inclusivo do que a Virada Cultural, com programação para todas as tribos, que por 24 horas convivem pacificamente em nome da cultura.

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sexta-feira, 15 de abril de 2011

O Judas de Lady Gaga

Todos nos sabemos que não é a intenção de Lady Gaga converter ninguém e é obvio que o seu novo single causará muito mal estar para religiosos do Mundo inteiro, pois Lady Gaga pretende ressaltar um Judas e uma Maria Madalena não imaginado por muitos.

O lançamento do novo single estava previsto para a próxima terça-feira (19) e, até o momento, a cantora tentou manter um certo mistério em torno do novo trabalho. Depois de alguns trechos de Judas vazar na internet, Lady Gaga decidiu adiantar o lançamento do single - o segundo do álbum Born This Way. A canção, que chegaria às rádios no dia 19, foi divulgada nesta sexta-feira (15) por sites internacionais.

Em ritmo pop, pronto para tomar conta das pistas de dança, Gaga canta: "Quando ele vem a mim, estou pronta. Vou lavar os pés dele com o meu cabelo, se ele precisar. Perdoa-ló quando sua língua ficar com seu cérebro. Mesmo depois dele me trair por três vezes." No refrão, Gaga declara: "Eu sou um pobre Santo. Oh baby, ele é tão cruel. Mas eu continuo apaixonada por Judas, baby.". Nas próximas semanas, Gaga irá lançar o clipe de Judas, dirigido por ela mesma.

Segundo o jornal inglês “The Sun”, o vídeo seria uma provocação da cantora que encarna Maria Madalena, considerada santa por diversas igrejas. O grupo ainda alega que Gaga teria esperado a proximidade com a celebração da Páscoa para lançar o clipe.

O personagem Judas será vivido por Norman Reedus, ator de séries como "Hawaii Five-O" e "Walking Dead". Segundo o diretor criativo da cantora, Laurieann Gibson, em entrevista dada à MTV americana, o vídeo "mudará o mundo, mas não é uma blasfêmia."

Comparações já estão sendo feitas entre Judas e o clássico videoclipe Like a prayer (1989) de Madonna, que foi censurado pelo Vaticano por mostrar um Jesus negro. Esta não é a primeira vez que Gaga é acusada de imitar Madonna. Seu single Born this way foi apontado como uma cópia do hit Express yourself, sucesso dos anos 80 de Madonna.

Lady Gaga - JUDAS by igapromotion

quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Necessidade da Inclusão

- Na minha escola tem um menino que ninguém gosta dele – disse a minha sobrinha.

- E porque ninguém gosta dele? – perguntei.

- Porque ele é gay – respondeu. Aquilo deu um play num filme da história da minha vida, lembrei de dias difíceis que passei no colégio, onde era conhecido como “Marcos Viadinho”.

- Você não deve se afastar de ninguém por conta disso – aconselhei.

- Não, eu sou amiga dele, fico conversando com ele no intervalo – respondeu minha sobrinha.

Começaram a chamar minha sobrinha de “sapatão”, por ser amiga do “viadinho” da escola. Ela partiu em defesa dela e do menino, dizendo que não era pelo fato dela ser amiga dele, que ela era “sapatão”. Senti orgulho da minha sobrinha, que mesmo sendo hostilizada por ser amiga do menino, não se intimidou e continuou sendo amiga dele.

Disse no post “Os Filhos que Geramos” que “ninguém opta pelo descaso, ninguém é reservado por mero capricho”. Quantas pessoas que hoje são reservadas, que foram reservadas pela sociedade, por escolas que não cumpriram o seu compromisso didático de proporcionar a aceitação das diferenças.

Em todas as escolas existe um, ou vários “Wellingtons”, menino reservado, com sexualidade duvidosa e que se prende no “seu mundo”. O mundo exterior acaba tornando-se dolorido demais, é quase impossível chegar na roda onde estão as pessoas mais descoladas da escola e dizer “olá”. O que fazer diante disso? Ficar numa redoma de vidro, onde ninguém te atinge e lá dentro você dá as regras, as suas regras que você irá obedecer, pois é o seu “mundo particular”.

Eu já fui o “Wellington”, já fui o cara estranho da escola, que torcia para não haver intervalos, pois estava cansando das hostilizações que eram expostos e que supervisores, professores e diretores escolares faziam vistas grossas. Eu já fui o garoto que era deixado de lado e que apenas algumas meninas conversavam comigo.

Na minha sala tinha o Tadeu, ele fazia natação de terça e quinta comigo e numa outra sala , umas duas sérias acima da nossa, havia um amigo dele. O Tadeu foi um dos que mais promoveu bullying comigo. Ele me chamada de “bicha” e  me batia na escola, ele era menor que eu e eu naturalmente ia pra cima dele, para me defender, mas ele era protegido pelo seu amigo. Nas terças e quintas, era a minha vez de bater nele e na natação não tinha ninguém que o defendia, mas no mesmo dia, um pouco mais a tarde, era a minha vez de apanhar na escola, do seu amigo, que era maior que eu.

Na sala de aula, o Tadeu sentava ao meu lado, era um inferno declarado, o cara não me dava sossego. Certa vez, quando ele estava voltado da mesa da professora, eu coloquei um lápis com a ponta bem apontada para furar a bunda dele, ele sentou e gritou. Ele estava com uma calça de helanca e aquilo machucou e muito, ele perguntou:

- Porque você fez isso comigo? – perguntou.

- Sei lá, você não gosta de mim - respondi.

- Gosto sim, nos somos amigos – disse ainda fazendo cara de dor.

- Se gosta de mim, porque fica tirando o sarro e mexendo comigo? Eu não gosto disso – questionei.

Depois desse episodio, continuei sendo o “bicha” da escola, mas o Tadeu nunca mais me provocou. Continuamos na natação de terça e quinta e ele continuou sentando ao meu lado, na sala de aula e o seu amigo, da outra série, nunca mais me bateu.

Não consigo explicar a motivação do bullying. Na minha época fui desamparado por profissionais “habilitados” a formarem cidadãos e o caso da escola no bairro do Realengo, Rio de Janeiro, prova que esses profissionais continuam pecando nas atribuições do oficio de suas profissões. O Wellington Menezes, que hoje é repudiado pela sociedade, é nosso filho. Fomos nos que o criamos, o ensinamos a odiar e colocamos armas em suas mãos, fomos nos que o odiamos primeiro.

O Wellington tirou vidas, mas quantas vidas foram tiradas pelo bulliyng? Quantos homens e mulheres nesse mundo morreram em quartos escuros, isolados pela sociedade, pelo simples fato de serem diferentes. Não quero viver numa sociedade em tons pasteis, quero o verde, o vermelho, o preto e o amarelo compondo a nossa aquarela. Quero a diversidade interagindo na sociedade. Enquanto repudiarmos tudo o que vai em contramão ao que a “sociedade vigente” julga como padrão, vários “Wellingtons” se desabrocharam pelo mundo afora.

Talvez eu ainda seja um “cara estranho” e viva numa redoma de vidro, onde criei o meu mundo. Talvez essa redoma se tornou tão grande, com tantos integrantes, que virou um mundo de verdade, onde posso me articular com iguais. Os que não tem essa sorte, de viver num gueto que te abrigue, entra num estado de loucura, pois ninguém consegue viver sozinho. Sou favoravel aos guetos e tenho um sonho de que um dia ele se tornar tão grande ao ponto de se confundir com as barreiras da sociedade e que ninguém precise se incluir nesse gueto para ser aceito.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Os Filhos que Geramos

Assim como está amplamente sendo especulado pela mídia, eu também estou inquieto quanto a motivação do massacre ocorrido no dia de ontem em uma escola pública no Realengo, Rio de Janeiro.

Wellington Menezes de Oliveira tinha 23 anos e morava sozinho. Ultimamente tinha hábitos estranhos e andava de preto. O mundo dele era internet e gostava de jogos: diz um vizinho na TV. E antes do ataque deixou carta com teor religioso. Considerado tranquilo e tímido matou mais meninas do que meninos - o que pode demostrar um perfil psicológico de alguém que já sofreu rejeição por mulheres.

Ninguém opta pelo descaso, ninguém é reservado por mero capricho. Não estou defendendo Wellington, muito menos validando a sua atitude, apenas quero chamar a atenção que o Wellington também era um “brasileirinho” que teve a sua vida interrompida. Assim como das vitimas que ele brutalmente assassinou, os seus sonhos também foram enterrados e interrompidos. E qual é a parte que nos toca? Nos, como sociedade organizada, em que momento criamos o Wellington e quantos Wellingtons Brasil afora estamos criando?

Um dia depois do massacre na escola, surgem indícios de que o bullying é um dos fatores contribuintes para o crime. Colegas de classe afirmaram que Wellington Menezes, ex-aluno da escola Tasso da Silveira, era vítima de bullying e que um colega chegou a fazer a macabra previsão de que um dia ele "mataria muita gente". Do fato que ganhou manchetes em jornais do Mundo inteiro, podemos destacar que Wellington era virgem, algo pouco comum para um jovem de 23 anos e que o seu alvo eram mulheres. Talvez uma rejeição sexual ou até mesmo a sua introspecção na vida social, desencadeou tudo isso.

A escola tem um caráter sociabilizador e é dever da mesma criar mecanismos que promovam as trocas de relações sociais. Não devemos procurar culpados para o que aconteceu, mas temos sim que levantar uma discussão e analisarmos onde foi que a sociedade errou. Qual o papel que familiares, amigos e sociedade civil deveria desenvolver para que crimes tão cruéis como esse sejam evitados.

O caso do massacre do escola no Realengo me vez lembrar o caso do adolescente americano que se suicidou por conta do bullying que vinha sofrendo. Tyler Clementi tinha 20 anos, era estudando e violinista, morava no dormitório de uma faculdade no Estado de Nova Jersey. Ele dividia o quarto com Dharum Ravi, para quem pediu um pouco de privacidade. Ravi saiu, mas deixou uma webcam ligada, gravando tudo o que acontecia no quarto, com as imagens sendo exibidas ao vivo por um site de internet. As imagens gravadas mostravam Tyler beijando outro homem.

No Twitter, Dharun assumiu a autoria do vídeo e publicou no dia 19 de setembro a mensagem “Eu o vi transando com outro cara”, referindo-se a Tyler Clementi, seu colega de quarto. Três dias depois, humilhado e com sua orientação sexual exposta, Tyler colocou uma mensagem em sua página do Facebook que dizia “jumping off gw bridge sorry” (saltando da ponte george washington sinto muito).

Tyler Clementi quando publicou no seu facebook que saltaria da ponte George Washington, estava decidido a morrer e não tinha mais nada a perder, na sua visão, tudo o que ele tinha, foi tirado com a propagação do bullying. A atitude de Tyler poderia ser outra, ele poderia entrar fortemente armado no campus da universidade e tirar a vida daqueles que tiraram sua privacidade e “dignidade”.

Nos Estados Unidos, uma campanha chamada "It gets better" - que em português significa: "Isso melhora", foi lançada no ano passado. Artistas da Brodway também aderiram a campanha e lançaram um clip que leva o mesmo nome da campanha. Em forma de música, eles dizem: "Quando você se sentir sozinho e o mundo se mostrar cheio de ódio, isso não é o fim".

A música diz: "Isso melhora, melhora, melhora/ a dor vai sumir, sumir, sumir /se você cair, apenas levante, levante, levante / porque existe um outro jeito / Isso melhora, melhora, melhora / o mundo fica mais leve, leve, leve / então, seja um lutador, lutador, lutador / apenas viva para ver esse dia.” Talvez faltou alguém ou faltaram políticas públicas aqui no Brasil para falar ao Wellington que “isso melhora, o mundo fica mais leve, então seja um lutador e apenas viva para ver esse dia.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Assista “Contracorrente” e ganhe VIP para a The Week

Nesta sexta, 08 de abril, o longa-metragem peruano “Contracorrente”, de Javier Fuentes-León estreia em salas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Quem for assistir às sessões nesta sexta (08) ou no sábado (09) pode guardar o ticket do cinema e mostrar na portaria da The Week, em São Paulo e no Rio de Janeiro, para curtir a noite VIP.

O filme conta a história de Miguel (Cristian Mercado), um homem respeitado na vila de pescadores onde vive com a sua esposa Mariela (Tatiana Astengo), que está grávida do primeiro filho do casal. Embora viva bem com a sua esposa, Miguel tem um caso extraconjugal com o artista forasteiro, Santiago (Manolo Cardona), chamado pelas costas pelo povo do vilarejo de “Príncipe Encantado”. Quando a história ganha um rumo sobrenatural, Mariela começa a questionar Miguel, que eventualmente terá que decidir se é homem o suficiente para assumir a sua sexualidade.

Mais do que uma história de uma de amor entre dois homens em meio ao preconceito velado de uma sociedade conversadora e religiosa, contracorriente é um filme que fala de superação e humanidade. Todos os gays que vivem em sociedades ou famílias conservadoras, já viveram um pouco de contracorriente, já se sentiram presos numa sociedade preconceituosa, que não enxergam nada além dos costumes aprendidos e repetidos ao longo dos anos.

Ser “viado” (como diz no filme) é coisa pra homem. Assumir a sua sexualidade e enfrentar a tudo e a todos não é para qualquer um. Existem muitos casos de héteros mal casados, que são infelizes e por sua vez fazem de suas famílias infelizes, por não terem sidos machos o bastante para assumirem que são gays. Vencer o seu próprio preconceito não é para qualquer um, se deitar com outro homem não é assumir um lado feminino, mas é ressaltar a masculinidade que muitos machos que pagam de homofobicos para amigos tentam esconder. Contracorriente é um pedido de libertação para a dignidade humana e sexualidade plena.

Além dos diversos prêmios em importantes festivais internacionais como o Sundance Film Festival e o Miami International Film Festival, em ambos premiado pelo público, o filme foi escolhido para abrir o 18º Festival Mix Brasil de Cinema da Diversidade Sexual, e levou o Coelho de Prata para Melhor Longa-Metragem, também por consagração popular.

Seviço:
São Paulo Unibanco Arteplex Frei Caneca - Sala 5 - 14h40, 17h, 19h20 e 21h40
Reserva Cultural - Sala 4 - 13h10, 19h40 e 21h40

Rio de Janeiro Unibanco Arteplex Botafogo - Sala 3 - 14h, 16h30, 19h e 21h30

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O Fim está Próximo

Fim

Eu existo para assistir ao fim do mundo.
Não há outro espetáculo que me invoque.
Será uma festa prodigiosa, a única festa.
Ó meus amigos e comunicantes,
tudo o que acontece desde o princípio é a sua preparação.

Eu preciso assistir ao fim do mundo
para saber o que Deus quer comigo e com todos
e para saciar minha sede de teatro.
Preciso assistir ao julgamento universal,
ouvir os coros imensos,
as lamentações e as queixas de todos,
desde Adão até o último homem.

Eu existo para assistir ao fim do mundo,
eu existo para a visão beatífica.

Murilo Mendes
Um novo alerta apocalíptico chegou ao País com um aviso: o fim pode estar mais próximo do que se imagina. Um grupo cristão dos Estados Unidos, com representantes em Belo Horizonte, está rodando o Brasil para divulgar a tese de que o juízo final está marcado para 21 de maio - e não para 2012, segundo a popular profecia feita pelos maias.

Com propagandas até nas traseiras de ônibus, evangélicos da Family Radio fazem malabarismo com números e datas da Bíblia para garantir que há provas de que o mundo vai acabar nos próximos meses. No Rio, um grupo vestido de branco circulou pelas ruas do centro com placas que alertavam para o fim do mundo. Há semanas, ônibus regulares circulam com os enigmáticos dizeres "21/05/2011: Deus vai trazer o dia do julgamento".

A previsão bíblica foi interpretada pelo americano Harold Camping, responsável pela Family Radio, que tenta emplacar um apocalipse pela segunda vez em sua carreira de profeta. Nos anos 1990, ele publicou um livro em que dizia haver "alta probabilidade" de Cristo voltar à Terra em 6 de setembro de 1994 para julgar os homens. Um grupo se reuniu em uma cidade da Califórnia para esperar o evento.

Em Diadema, uma família de fanáticos religiosos desapareceu desde o último dia 13 de março. Pedro José Dias, sua esposa, Antônia Aparecida Gomes e os dois filhos, Henrique Gomes Dias e Thais Gomes Dias, teriam até rasgado dinheiro e todos os documentos antes de partir para uma viagem em rumo ao arrebatamento.

Pedro se modificou há cerca de seis meses, depois que mudou de religião e teve acesso a um DVD sobre o fim dos tempos. "Convencido pelo irmão, Pedro se tornou evangélico e passou a frequentar cultos na Praça da Sé. Pedro e o irmão não frequentavam nenhuma igreja específica, porém eles estavam lendo muito a bíblia nos últimos dias antes do desaparecimento. O arrebatamento estava marcado para o dia 14 de março às 14h, conforme previsto por Roberto Carlos da Silva, um líder religioso.

Minha mãe costumavc ouvir uma música chamada "Ano 2000", de uma cantora evangélica, a Mara Lima, que diz que não chegaríamos a virada do milênio. Lembro que eu dizia: “Mãe, essa cantora vai passar tanta vergonha”. Estamos em 2011 e acredito que a música “Ano 2000” até hoje causa náuseas na cantora Mara Lima. Não acredito que o mundo irá acabar, mas se eu fosse Deus, já teria acabado com essa palhaçada a muito tempo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Alguns Desejos

Gostaria que muitas das verdades que presencio, fossem mentiras. Gostaria que o Brasil fosse um país livre de homofobia, gostaria de ir além e desejar que não houvesse homofobia em nenhuma parte do mundo. Gostaria que o amor fosse um sentimento mais recorrente. Gostaria que as juras de amor não se limitassem apenas aos momentos vividos e que fossem de fato para toda a vida.

Gostaria que o Deputado Jair Bolsonaro não existisse. Assim como gostaria que não houvesse fundamentalismo barato na política brasileira e que a laicidade fosse algo que existisse de fato. Gostaria que todos respeitassem a religião do próximo, que evangélicos, católicos e espiritas encontrassem um equilíbrio melhor para se articularem entre si.

Gostaria que essa estranha sensação de incomodo, sem motivo aparente, não existisse. Gostaria que a felicidade fosse algo pleno e vivido por todos. Gostaria que todos sentissem o privilegio de amar e ser amado. Gostaria que fosse mentira que a pessoa que eu mais amei nesse mundo, foi a que mais me prejudicou.

Gostaria que as pessoas fossem comprometidas com a verdade, não importando o quanto ela doesse. Gostaria que as pessoas não se sentisse na obrigação de provar nada para ninguém. Gostaria que as mentiras fossem silenciadas, até mesmo aquelas contadas para proteger algo ou alguém. Gostaria que quando uma verdade não coubesse num contexto, todos optassem pelo silêncio.