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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Casamento, por Luis Fernando Veríssimo

O tão discutido casamento homossexual não deixa de ser uma sequência natural da longa e estranha história de uma convenção, a união solene entre duas pessoas, que começou no Éden. A Bíblia não esclarece se Adão e Eva chegaram a se casar, formalmente. Deve ter havido algum tipo de solenidade. 

Na ausência de um padre, o próprio Criador, na qualidade de maior autoridade presente, deve ter oficiado a cerimônia. No momento em que Deus perguntou se alguém no Paraíso sabia de alguma razão para que aquele casamento não se realizasse, ninguém se manifestou, mesmo porque não havia mais ninguém. A cerimônia foi simples e rápida apesar de alguns problemas — Adão não tinha onde carregar as alianças, por exemplo — e Adão e Eva ficaram casados por 930 anos. E isso porque na época ainda não existiam os antibióticos. 

Mais tarde, instituiu-se o dote. Ou seja, as mulheres, como caixas de cereais, passaram a vir com brindes. O pai da noiva oferecia, digamos, dez cântaros de azeite e dois camelos ao noivo e ainda dizia: 

— Pode examinar os dentes. 

— Deixa ver... 

— Da noiva não, dos camelos! 

Houve uma época em que os pais se encarregavam de casar os filhos sem que eles soubessem. 

Muitas vezes, depois da cerimônia nupcial, os noivos saíam, ofegantes, para a lua de mel, entravam no quarto do hotel, tiravam as roupas, aproximavam-se um do outro — e apertavam-se as mãos. 

— Prazer. 

— Prazer. 

— Você é daqui mesmo? 

Eram comuns os casamentos por conveniência, pobres moças obrigadas a se sujeitar a velhos com gota e mau hálito para salvar uma fortuna familiar, um nome ou um reino. Sonhando, sempre, com um Príncipe Encantado que as arrebataria. O sonho era sempre com um Príncipe Encantado. Nenhuma sonhava com um Cavalariço ou com um Caixeiro Viajante Encantado. 

Mais tarde veio a era do Bom Partido. As moças não eram mais negociadas, grosseiramente, com maridos que podiam garantir seu futuro. Eram condicionadas a escolher o Bom Partido. Podiam namorar quem quisessem, mas na hora de casar... 

— Vou me casar com o Cascão. 

— O quê?! 

— Nós nos amamos desde pequenos. 

— O que que o Cascão faz? 

— Jornalismo. 

— Argk! 

A era do Bom Partido acabou quando a mulher ganhou sua independência. Paradoxalmente, foi só quando abandonou a velha ideia romântica do ser frágil e sonhador que a mulher pôde realizar o ideal romântico do casamento por amor, inclusive com o Cascão. Só havendo o risco de o Cascão preferir casar com o Rogério.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Recaída

Certa vez, perguntaram no meu trabalho se eu sou realmente gay. Respondi que era apenas de segunda à sexta e no horário comercial, pois no meu trabalho lido com a questão LGBT. Lendo a crônica "Recaída", de Luis Fernando Veríssimo, me recordei do episódio.

...

Recaída

A proposta era simples. Cláudia acompanharia João Carlos numa visita à casa dos seus pais, na cidadezinha onde nascera, e seria apresentada como sua namorada. Alguém o tinha visto no Rio e chegara à cidadezinha com a notícia de que ele era gay. Ele precisava provar que não era gay. 

Mas você não tem uma namorada de verdade? - perguntara Cláudia 

- Por que eu? 

Porque eu sou gay. Não tenho namorada. Tenho namorado. O nome dele é Roni. Não posso aparecer lá com o Roni. 

Mas ninguém liga pra isso, hoje em dia. Liga? 

Na minha cidade, na minha casa, ligam.

...

Cláudia hesitara. Quase não conhecia João Carlos. A ideia de passar o Natal e o ano-novo com um quase desconhecido, na casa de uma família totalmente desconhecida, numa cidadezinha inimaginável, não a atraía. Se bem que... Poderia ser divertido. O João Carlos não era antipático. E os dois se fingindo de namorados, enganando todo o mundo... Ela não tinha outros planos para o fim do ano. Nenhum desfile agendado. Seria divertido. Topou. 

No aeroporto, antes de embarcarem, João Carlos se despediu de Roni com um beijo prolongado e disse para ele não se preocupar. 

Não vá me ter uma recaída... - disse Roni, indicando Cláudia. 

Pode deixar - disse João Carlos. - Não há perigo. 

Os três riram muito.

...

Ao churrasco na casa dos pais de João Carlos, na primeira noite, veio gente de toda a região, parentes e amigos e até alguns que ninguém conhecia, para ver a namorada carioca. A notícia de que Cláudia era, além de carioca, uma bela mulher, uma modelo, se espalhara rapidamente e todos queriam vê-la, e ouvi-la, e dizer "O Joãozinho, hein? Quem diria". Os dois tinham dormido em quartos separados, João Carlos no seu quarto antigo, Cláudia com a irmã dele. A mãe do João Carlos, que via novela e sabia que aquilo era comum, não se importaria se os dois dormissem juntos, mas "O seu pai, sabe como é...". Eles sabiam como era. Não dormiam juntos, mas passavam o tempo todo se acariciando e se beijando, em casa e na rua. Provando para a cidade inteira que aquele boato de que o João Carlos tinha desandado no Rio era invenção, pura invenção. Gostava de mulher. E, a julgar pela Cláudia, gostava de grandes mulheres!

...

Foi na noite de ano-bom, depois de muito frisante no clube, depois de se abraçarem e se beijarem apaixonadamente à meia-noite para todos verem, que os dois chegaram em casa e não foram cada um para o um quarto, foram para o quarto do João Carlos, quem diria, onde se amaram durante toda a madrugada, tentando não fazer muito barulho. E de manhã, suas pernas ainda entrelaçadas com as de Cláudia, João Carlos lamentou o acontecido, e disse "Bem que o Roni me avisou...", e a Cláudia beijou a ponta do seu nariz e disse: Pronto, pronto.

...

Voltaram para o Rio no dia 2, o João Carlos silencioso no ônibus e no avião, com cara de culpa, depois de pedir à Cláudia que em hipótese alguma comentasse a sua recaída para quem quer que fosse senão o Roni ia acabar sabendo, e a Cláudia silenciosa, com o secreto orgulho de ser tão desejável, tão mulher, que provocara a recaída fatal do João Carlos, depois de prometer que não contaria nada a ninguém, que aquilo ficaria entre os dois, só entre os dois, para sempre.

...

Ainda ontem a Cláudia encontrou o Roni e perguntou pelo João Carlos e o Roni disse: 

Quem?! 

O João Carlos. Seu namorado. 

Ah, é. Está bem. Muito bem. Quer dizer. Olha aqui... Esse negócio de namorado... 

Você também mal conhecia o João Carlos. Não é? 

É. Eu... 

Ele pediu para você fingir que era o namorado dele. 

É 

O seu nome nem é Roni. 

Não. 

Cláudia sorriu. Pensando: se o João Carlos tivesse me pedido, honestamente, sem mentir, sem encenação, topa ou não topa, eu teria topado? 

Provavelmente não. Uma mulher como eu? Provavelmente não. 

O falso Roni tinha chegado mais perto e estava dizendo: 

Olha, eu também não sou gay. E se quiser, posso provar. 

Cláudia se afastou, ligeiro. Pensando: ô raça, essa masculina!

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Outdoor que Simula Beijo Gay de Jesus é Depredado

Parte do projeto chamado "Obranúncio", um outdoor que estampava três fotos, sendo uma delas um beijo entre dois homens, foi alvo de vandalismo em Vitória da Conquista, no sudoeste baiano. O ataque aconteceu na Avenida Juracy Magalhães. O mesmo outdoor mostra outras duas fotografias nas laterais, que remetem à representação de Jesus Cristo. 


Intitulada "Paixão de Cristo", a obra é fruto de parceria entre os artistas Alex Oliveira e Ricardo Alvarenga. Mais três fotógrados estão com imagens espalhadas na cidade, são eles George Neri, Rayza Lelis e Vinícius Gil. A autora do projeto, Núbia Neves, estuda Cinema e Audiovisual na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e foi contemplada em um edital da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). 


Os artistas não pretendem restaurar a peça, pois a intenção era gerar uma reflexão social e a sociedade tem o direito de reagir da forma que achar conveniente. A depredação é resultado da omissão de políticas públicas reparatórias para a Comunidade LGBT, resposta de uma sociedade que mais mata homossexuais no mundo por motivação de ódio. 

Em 2008, publiquei um ensaio fotográfico do artista Robert Recker, intitulado “A Paixão de Cristo”. Num ensaio sensual, temos representações da santa ceia, de Jesus lavando os pés de um discípulo, do beijo de Judas e de Jesus rezando em volta de alguns discípulos dormindo. O trabalho de Robert Recker também foi alvo de várias criticas. 

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Facebook: Além do Masculino e Feminino

Em sintonia com as lutas do Movimento LGBT, o Facebook anunciou novas opções no cadastro da rede social. Agora, além das possibilidades de “masculino” e “feminino”, é possível escolher uma terceira categoria: “outro”, que abre dessa forma um menu com mais de 50 definições de gênero, como “transgênero” e "intersexual".

Os usuários também podem selecionar como gostariam de ser pronunciados pelo site, usando pronomes masculinos, femininos ou neutros. A imprensa brasileira reproduz com muita frequência expressão como "o travesti Camila", alegando que o termo travesti é masculino, mas não levando em consideração o nome "Camila". As opções estão disponíveis apenas para os perfis dos Estados Unidos, mas o Facebook planeja expandir a classificação “no futuro”.

Para comemorar a ocasião, a rede social levantou uma bandeira com as cores do arco-íris no seu quartel-general, localizado em Menlo Park, na Califórnia. “Nós reconhecemos que algumas pessoas enfrentam desafios compartilhando seu gênero real com os demais, e essa opção dá às pessoas a habilidade de se expressar de uma forma autêntica”, comenta o Facebook em sua página Facebook Diversity, voltada a ações da empresa sobre diversidade racial e de gênero.

Em São Paulo temos o Decreto 51.180, que dispoe sobre o uso do nome social na repartições públicas do município, no Estado temos o Decreto 55.588, de igual teor, mas na prática esses decretos não são respeitados por vários motivos, dentre eles o preconceito e a falta de informação. A inclusão de vários gêneros numa rede social de grande repercussão vem de forma pedagógica para a sociedade, contribuindo para a quebra de preconceitos.

O Facebook não é a primeira empresa de tecnologia a apoiar a causa LGBT. Quando as Olimpíadas de Inverno de Sochi começaram, o Google criou um “doodle” com as cores da bandeira LGBT para questionar as legislações restritivas sobre o tema na Rússia, país que sedia a competição. O doodle, o tradicional símbolo da empresa que aparece na página de inicial de seu buscador na internet, possuiu os desenhos dos esportes olímpicos de inverno sobre um fundo que reproduz as cores do arco-íris, que representam a comunidade LGBT.  

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Praia do Futuro

Além do filme “Hoje eu Quero Voltar Sozinho”, o longa “Praia do Futuro”, estrelado por Wagner Moura, Jesuíta Barbosa e pelo alemão Clemens Schick, também está participando e fazendo sucesso no Festival de Berlim.

Com direção do cearense Karim Ainouz, "Praia do Futuro" está concorrendo ao Urso de Ouro, principal premiação do Festival de Berlim. Produções brasileiras já saíram vitoriosas nesta categoria com os filmes "Central do Brasil" e "Tropa de Elite".

O filme conta a história de Donato (Wagner Moura), um salva-vidas da Praia do Futuro, em Fortaleza, que falha ao tentar resgatar um indivíduo vítima de afogamento. Não sabendo muito bem lidar com o fracasso, ele acaba conhecendo o amigo da vítima, o alemão Konrado (Clemens Schick), e decide recomeçar a vida indo para Berlim, deixando para trás o irmão, Ayrton (Jesuíta Barbosa), que o tinha como ícone. Oito anos depois, Ayrton parte para Alemanha em busca do irmão mais velho. 

Na contramão de "Hoje eu Quero Voltar Sozinho", que usa da delicadeza e da percepção para narrar a história de um adolescente que se descobre gay, "Praia do Futuro" apresenta a história de um casal gay adulto que busca se aventurar e encontrar coragem para viver. O longa promete gerar polemica por conta das diversas cenas de sexo e nu frontal de Wagner Moura. 


Um dos motivos para querer voltar em Fortaleza é a Praia do Futuro, é uma praia linda e acolhedora, com atrativos gostos. Lá você encontra quiosques com piscina, sauna, playground e voltados para o público GLS. Quando a maré está baixa, formam várias piscinas naturais em toda a extensão da praia. Um verdadeiro espetáculo, vale a visita.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Sobre Manifestações e Ausência de Políticas Públicas

Muito me impressiona o desdobramento que alguns militantes do movimento LGBT vem dando ao caso do menino Kaique, morto no dia 11 de janeiro. A morte completa um mês e apesar da família estar convencida que foi suicídio, alguns militantes não se convenceram da conclusão do laudo policial e prometem mais manifestações. 

Antes da conclusão do laudo policial, a Ministra Maria do Rosário soltou uma nota lamentando o caso de homofobia em São Paulo. A ministra trata São Paulo como um ente independente da Federação, como se os casos de homofobia praticados em São Paulo não fossem reflexos da ausência de políticas públicas nos mais de 10 anos do Governo Petista. 

Considero a manifestação legitima e um forte instrumento da democracia, porém no calor do momento, o seu alvo foi desviado. Os manifestantes programam ir até a Secretaria de Segurança Pública e cobrar por respostas e se esta Secretaria não se movimentar, significa que “a diversidade não é bem vinda em São Paulo”. 

São Paulo é o Estado que tem a maior rede de proteção e de políticas públicas voltadas para o segmento LGBT. Foi em São Paulo, na gestão do Prefeito José Serra, que foi instituído no âmbito municipal o primeiro órgão governamental de fomento as políticas para a população LGBT. Enquanto Governador, José Serra também instituiu a Coordenação de Políticas Publicas para a Diversidade Sexual. Também foi regulamentada a Lei 10.948, que pune administrativamente à homofobia, além da criação de conselhos municipais e estadual. 

Ainda temos muito que avançar para termos uma cidade e um Estado para todas e todos, acho completamente desconexo com a realidade cobrar somente do Governo Estadual a responsabilidade pela crescente onda de homofobia. Não é da alçada do poder público Estadual criminalizar a homofobia, mas sim do Governo Federal, que em negociações com as bancadas fundamentalistas enterrou o PLC 122 e vetou o Kit Escola Sem Homofobia, ocasião que a presidente Dilma Rousseff declarou que não faria propaganda de “opções sexuais”. 

Enquanto o Movimento LGBT fica se digladiando, numa disputa partidária sem fim, casos de homofobia estão acontecendo em todo o Brasil. Temos que cobrar, é um direito legitimo de todas e todos, mas temos que saber direcionar nossas demandas, cobrando a ausência do poder público nas esferas de sua competência.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

A Proibição de “Propaganda Homossexual” também existe no Brasil

Em meio a muitas criticas por conta da polêmica lei que proíbe a “propaganda homossexual”, a Rússia vem realizando os jogos de inverno de Sochi. Falar dos abusos do Presidente Putin e não nos remetermos ao cenário brasileiro, é quase impossível. Aqui no Brasil, avançamos muito pouco no que diz respeito aos Direitos Humanos para a População LGBT. 

Dilma Rousseff, justificando o veto do Kit-antihomofobia, disse que eu seu governo não fará propaganda de “opções sexuais”. A declaração da presidente aconteceu após lideres fundamentalistas ameaçarem o governo, dizendo que convocariam o então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci para esclarecer a multiplicação do seu patrimônio. 

Apesar das condições climáticas distintas entre Brasil e Rússia, os dois países têm uma aproximação muito grande no que diz respeito a violação de direitos da população LGBT. Ambos são governados por lideres que não dialogam com os movimentos sociais e colocam as lutas pelas liberdades em segundo plano. 

Em solidariedade aos atletas e ao Movimento LGBT Russo, o Google demonstrou um doodle com as cores do arco-íris dedicado aos Jogos Olímpicos de Inverno. O doodle, o tradicional símbolo da empresa que aparece na página de inicial de seu buscador na internet, possuiu os desenhos dos esportes olímpicos de inverno sobre um fundo que reproduz as cores do arco-íris, que representam a comunidade LGBT. 

Alguns atletas expressaram que temem a discriminação durante os Jogos, enquanto vários ativistas da causa gay e dos direitos humanos convocaram um boicote à competição. O Instituto Canadense de Diversidade e Inclusão lançou uma campanha com o slogam “depois que você ver isso, jamais verá o luge da mesma forma”. Ao som do hit dos anos 80 'Don´t You Want Me, Baby', o vídeo reproduz dois atletas sentados juntos em uma espécie de carrinho, e pede o fim da restrição à propaganda gay em Sochi, local onde o evento acontece. “Os Jogos sempre foram um pouco gay. Vamos lutar para mantê-los assim”. 


Espero que o Movimento LGBT do Brasil também use a ocasião da Copa do Mundo e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, para denunciar o descaso que Lesbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais são submetidos neste país, que mesmo sem uma lei restritiva as liberdades individuais, é o país que mais mata LGBT no Mundo. Não temos uma lei que proíbe a “propaganda homossexual”, mas temos a promessa de uma presidente, dizendo que nada caminhará neste sentido.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Beijo gay também é tema da nova edição de 'Luluzinha Teen"


O beijo gay entre Felix e Niko, na novela "Amor à Vida", acabou motivando os editores dos quadrinhos "Luluzinha Teen e sua Turma" a também trabalhar a questão de Diversidade em suas histórias.

Na edição 57 do gibi, o personagem Edgar (da turma da Lulu) namora Fábio, que está passando por maus momentos com seus pais devido à sua orientação sexual. O problema aumenta quando eles decidem ir atrás do filho no evento “Anime Festa 2014”, organizado pelos amigos da Lulu na escola em que estudam. Para a tristeza de Fábio, seus pais são irredutíveis e não admitem que ele se relacione com outro garoto. Ainda bem que seus amigos irão aconselhá-lo.

O diretor da escola dos jovens, Vicente, também intercede a favor da relação dos meninos e conversa com os pais de Fábio para alertá-los quanto aos verdadeiros valores e atitudes que deveriam transmitir a seu filho, em vez de simplesmente discriminá-lo. 

A intenção da história é mostrar que ainda existe preconceito nos dias atuais, apesar dos avanços da sociedade para reconhecer os direitos dos homossexuais, mas que a nova geração representa uma esperança para todos aqueles que sofrem com a discriminação no dia a dia.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Águas Turvas

“Águas turvas” é o primeiro romance do jornalista político e apresentador de TV Helder Caldeira. Ambientado na cidade de Holden, nas colinas do Condado de Worcester, durante a crise econômica que sacudiu os Estados Unidos entre os anos de 2008 e 2011. O livro é cheio de encontros e desencontros, contando a história a partir de vários personagens, mas todos se centrando na história de Justin e Gabriel. 

Gabriel é um jovem médico brasileiro, que largou sua vida de agricultor e foi em busca do seu sonho em Massachusetts, levando em sua bagagem apenas a necessidade de um recomeço. Justin é herdeiro de uma tradicional família americana, que apesar da crise que assombram os seus negócios, vivem em momentos de harmonia. 

A aproximação de Gabriel ao seio da Família Thompson é um fator preponderante para o desencadeamento de vários fatos, onde serão revelados todos os segredos, medos e mistério que envolve a família. Diferente da maioria dos romances gays, onde a aceitação da sexualidade é usada como pano de fundo, em "Águas Turvas" encontramos personagens bem resolvidos.
“A verdade não é um instrumento de libertação. Tão somente, a verdade é uma porção racional de águas turvas que se choca, de forma permanente e sistemática, contra os rochedos subjetivos da mentira.” (Helder Caldeira, 2014, p.201) 
Todos nos somos envoltos pelas águas turvas, onde os seixos sãos os nossos sentimentos e segredos mais ocultos. Nossos atos podem alterar momentaneamente o curso do rio, mas o destino é persistente e levará as águas turvas até o encontro da realidade, onde todos se confrontam com os seus segredos. 

Apesar do exagero da beleza plástica, conflitando as desventuras da trama, “Águas Turvas” é um livro envolvente, daqueles que te faz entrar na história e projetar o que acontecerá no capitulo seguinte. O autor tem personalidade na sua narrativa, com personagens fortes e bem estruturados, surpreende positivamente seus leitores.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Tô Sapecando

Semana passada, almoçando com um amigo, comentamos sobre o novo comercial do “H2OH!”, da marca de refrigerantes PEPSICO. O filme mostra o homem assumindo o controle da cozinha, enquanto sua mulher comenta que tem duas noticias para dar a ele, uma boa e uma má. Ele opta por primeiro ouvir a má. A mulher comenta se ele se recorda de uma moça do trabalho dele, que ele vida “dando em cima”. Ele fica tenso e é surpreendido com uma reposta de duplo sentido: “Então, tô sapecando”. 

Na discussão, defendi que o “tô sapecando” vem no sentido de “estou pegando” e ele defendeu que é no sentido de “estou de olho em vocês. Procurei no dicionário informal o que significa o termo “sapecando” e encontrei a seguinte resposta: 
Sapecando: 

Pegando, ficando, traçando, fazendo sexo, transando.  

A gente não tem nada sério, só estamos sapecando. 
Como o dicionário informal é um site de construção coletiva, assim como o site Wikipédia, não podemos concluir como correto o significado do termo. Qualquer pessoa pode contribuir na construção de terminologias, publicando os significados no site. 

Apesar do duplo sentido, gostei muito do comercial, pois mostra a mulher em pé de igualdade com o homem. Nos comercias de margarina, vemos sempre a mulher comandando a cozinha, enquanto o homem se coloca no papel de macho alpha. Sabemos que essa relação de família é ultrapassada e hoje as mulheres estão no mesmo patamar de igualdade em relação aos homens e em muitos casos, são as mulheres que assumem o papel de provedora do lar. 


E você, como interpretou o termo “Tô Sapecando” no comercial?