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sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Sobre o musical do Chaplin e Canalização de Energias

Semana passada, assisti a reestreia do “Chaplin – O Musical”, no Teatro Procópio Ferreira. A obra de Marcos Rey, adaptada por Miguel Falabella, tem como protagonista Jarbas Homem de Melo, interpretando Chaplin, que conta a trajetória de sucesso de um dos maiores artistas do cinema, abordando desde a sua infância, sua origem humilde e pobre, mostrando seus conflitos com um lar desestruturado e ressaltando sua forte amizade com seu irmão mais velho, Sidney, interpretado por Marcelo Antony.

Sidney teve papel fundamental na carreira de Chaplin, iniciaram suas trajetórias artísticas em Londres, até que Chaplin recebe um convite de uma produtora de filmes de hollywood e Sidney dividido entre sua mãe, que sofria de Alzheimers e a carreira e amizade com o irmão, acaba escolhendo ficar em Londres com a mãe .

O musical, com canções originais do autor Christopher Curtis e alguns versões para a produção brasileira, retrata de uma forma envolvente a forma com que Chaplin abdicou de toda sua vida, e nome do sucesso, não hesitando em deixar sua mãe em uma clínica médica, para viver do outro lado do continente. Posteriormente, com sua carreira artística consagrada, Chaplin recebe uma visita surpresa de Sidney, que decide ficar nos Estados Unidos e cuidar da carreira artística do seu irmão.
Fiquei pensando sobre as escolhas que fazemos e até que ponto realmente vale a pena se abdicar de tudo em nome de uma determinada área de nossas vidas, nossas escolhas nos definem, norteiam toda nossa vida. Chaplin optou exclusivamente pelo sucesso e para isso fez escolhas que talvez eu não as faria, como não estar presente na velhice da mãe, demitir o irmão por conta de divergências políticas e não acompanhar o momento do nascimento do seu filho, que logo após ao parto veio a falecer.

Existem áreas nas nossas vidas que acabam sendo nossos pilares de sustentação, onde canalizamos as energias que nos norteiam, porém temos que tomar cuidado para não nos centrarmos em apenas um eixo, como ficou bem evidente no musical do Chaplin, que canalizou todas as suas energias para sua vida profissional.

Eu tenho basicamente duas áreas da minha vida que precisam sempre estar bem trabalhadas, quando uma das duas não estão bem, percebo que todas as outras também acabam ficando mal. Dosar a importância e as expectativas que jogamos para as diversas áreas é uma tarefa árdua e diária, precisamos estar bem no conjunto, para ter uma vida plena e feliz.

Serviço: 

Chaplin - O Musical
Teatro Procópio Ferreira: Rua Augusta, 2823 - Informações: 3083-4475
De 05/09 à 18/10 - quintas e sextas, às 21h, sábados, às 17h e 21h e domingos, às 16h e 20h
De R$ 25 a R$ 200

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Sobre Memórias de um Gigolô, Heranças Culturais e Saudosismo

Assistindo o musical "Memórias de um Gigolô", ambientado na São Paulo da década de 30, fiquei pensando em qual herança cultural deixaremos para as futuras gerações. Estamos vivendo um marasmo em vários setores de produção musical, artística e arquitetônica.

Na década de 30, o então presidente Getúlio Vargas, criou a estrutura dos sindicatos ligados ao governo, até mesmo para equilibrar as disputas de classes que foram tão acaloradas naquela época. Foi um período de intensa produção no país e que hoje observamos vários traços arquitetônicos deixados por aquela época.

Nossa cidade foi construída com o crescimento industrial e estamos migrando nossas atividades para o serviço, deixando inúmeros imóveis vazios e sem uma outra forma viável de ocupação. Muitos dos imóveis, que ocupavam as grandes empresas de São Paulo, estão virando igrejas e alguns sendo demolidos para a construção de outros imóveis, frios e envidraçados, sem nenhuma conexão com o seu entorno.

Na música, apesar de gostar de muitas produções que estão fazendo sucesso, não consigo identificar algo que irá marcar de verdade nossa geração. Temos muitos cantores que estouram nas paradas e depois de alguns anos não ouvimos mais.

Vivemos numa época da informação descartável, onde diariamente somos bombardeados pelos mais diversos assuntos, que tem uma validade reflexiva muito curta, até cair no completo esquecimento.

Ainda falando sobre "Memórias de um Gigolô", me chamou a atenção a forma que eles idolatravam os anos 30, da mesma forma que hoje recordamos com muito saudosismo dos anos 80 e 90. Já ouvi esse papo antes, dos meus pais falando dos anos 60 e 70, acho que essa defesa da sua época não terá fim, sempre seremos impactados pelo o que de melhor existiu em nossa geração e tudo isso nos moldará como cidadãos.

Gosto muito da produção musical dos anos 80 e 90, principalmente no que se refere ao Pop Rock Nacional e a MPB. Provavelmente estamos replicando o mesmo comportamento da veneração dos anos 30, retratado no musical e talvez daqui alguns anos, Ivete Sangalo seja a nova Elis Regina e o Luan Santana e novo Tom Jobim.