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quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Resistência à homofobia é tema de espetáculo na SP Escola de Teatro

Inspirado nas diversas notícias de homens que foram agredidos e assassinados por conta de sua orientação sexual, a A Inacabada Cia. estreia o espetáculo "Meninos também amam - um poema manifesto cênico", que integra artes visuais, dança, teatro e performance, buscando compartilhar a não aceitação da violência contra homossexuais.

A montagem pode ser conferida nos finais de semana entre os dias 13 e 21, sábados, às 20h30, e domingos, às 19h30, na SP Escola de Teatro, com entrada no esquema "pague o quanto puder". 

Criada a partir de um poema do ator, diretor e dramaturgo Rafael Guerche, a montagem apresenta como manifesto cênico o corpo masculino desnudo, que é sempre alvo de retaliação nos casos de violências aos homossexuais. Em cena, a arte homoerótica e o afeto entre duas pessoas convidam o espectador para fazer uma reflexão e promover a resistência à homofobia. 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

IBGE divulga dados sobre casamento entre pessoas do mesmo sexo

Pela primeira vez o IBGE divulgou dados sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. No ano passado, para cada mil casamentos heterossexuais, houve três uniões civis entre pessoas do mesmo sexo. Quase metade dos casamentos homossexuais foram realizados em São Paulo. 

Muitos desses casais são formados por pessoas que já estavam juntas há muito tempo, mas só puderam oficializar a união depois que o Conselho Nacional de Justiça autorizou o casamento entre homossexuais, no ano passado. 

Pela primeira vez o IBGE analisou os números de casamentos entre pessoas do mesmo sexo no Brasil. No ano passado, ocorreram 3.701 uniões entre pessoas do mesmo sexo, o que representa 0,35% do total de casamentos no país. 

São Paulo foi o estado que registrou o maior número de uniões entre casais do mesmo sexo, seguido pelo Rio de Janeiro e por Minas Gerais.  A maioria dessas uniões gays no país foi entre mulheres: 52%. 

Outros dados da pesquisa do IBGE também mostram que o Brasil registrou mais casamentos e menos divórcios no ano passado. Foram 1,052 milhão casamentos, 1,1% a mais do que em 2012. A idade média para casar aumentou. Nas mulheres passou de 25 para 27 anos. Nos homens de 28 para 30 anos, isso em um espaço e uma década. 

Já número de divórcios diminuiu. Foram 16.679 separações a menos em 2013, uma queda de quase 5 % em relação ao ano anterior. E mais pessoas estão casando pela segunda vez. No ano passado, o recasamento representou 23% do total da uniões. Dez anos antes, significavam 13%.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

SBT corta cenas e transforma casal gay de novela em heterossexuais

O SBT está transformando um casal gay de uma novela mexicana em dois garanhões heterossexuais. Na dublagem de Sortilégio, que exibe há um mês na faixa das 16h, a emissora trocou todas as insinuações gays por diálogos de contexto hétero. Cenas da intimidade dos personagens Ulisses (Julián Gil) e Roberto (Marcelo Córdoba), que evidenciariam a orientação sexual de ambos, foram eliminadas na edição. Eles apenas trocam gracejos e se entreolham. 

Em Sortilégio, Ulisses e Roberto são bissexuais e têm um caso, mas fingem ser apenas bons amigos héteros. Eles têm namoradas. Na versão original mexicana, apareceram nus trocando carícias na cama e falando abertamente sobre sexualidade. 

No capítulo 16, exibido pelo SBT em 17 de novembro, Ulisses e Roberto preparam um drink enquanto estão conversando. O SBT cortou a cena quando os dois foram para a janela e se entreolharam com cumplicidade. 

No dia seguinte, uma cena romântica do casal gay foi mutilada. Na versão mexicana, enquanto caminham e fumam charuto, Ulisses diz a Roberto que gosta de homens e mulheres. Depois, os dois param. Roberto, em um gesto de carinho, pega o colar de Ulisses, que responde passando o charuto no lábio com sensualidade. 

Enquanto isso, no Brasil, o texto em que Ulisses diz que gosta de meninos e meninas foi trocada pela dublagem por “Namorei bastante lá. Eu ia para as festas e arranjava namorada”. As carícias, o charuto e a troca de olhares foram suprimidos. No capítulo de 20 de novembro, metade da cena do casal em uma banheira de hidromassagem também foi cortada, apesar de os dois nem se tocarem na versão da Televisa. 

Em 21 de novembro, o SBT transformou Roberto em hétero. Na versão mexicana, ele diz a Ulisses, em tom jocoso, que vai ver a sua “mulher”. A dublagem trocou “mulher” por “Raquel”, nome da falsa namorada, e fez o personagem suspirar, como se estivesse apaixonado por ela. Trocou a ironia original por uma declaração de amor velada. 

Procurado, o SBT disse que “todas as edições feitas são para adequar a novela à classificação indicativa para o horário de exibição, de acordo com a lei”. A trama mexicana é imprópria para menores de dez anos, mas o Ministério da Justiça não veta insinuações homossexuais. O mais curioso é que cenas mais pesadas, como o sexo na sombra entre os protagonistas Alessandro (William Levy) e Maria José (Jacqueline Bracamontes) foram ao ar. 

No capítulo com previsão para ir ao ar em 22 de dezembro, Ulisses e Roberto aparecerão na cama, nus, cobertos apenas com um lençol. Se os cortes persistirem, essa cena não irá ao ar no SBT.

domingo, 7 de dezembro de 2014

Chile pode ser o quarto país da América Latina a legalizar casamento igualitário

O Chile está prestes a entrar numa lista que o coloca em 4º lugar na América Latina e em 21º no mundo: o de países onde o casamento gay é permitido.

Antes do fim da próxima semana, um grupo de parlamentares se comprometeu a apresentar um projeto de lei sobre o assunto. O grupo reúne representantes do Partido Democrata Cristão, Partido Socialista, Partido para a Democracia e do movimento Amplitude.

Antes de sua reeleição em março deste ano, a presidente Michelle Bachelet disse que é a favor do casamento igualitário, porém seu governo ainda está por resolver a questão, que ela diz apoiar desde 2006, durante seu primeiro mandato como presidente.

Em entrevista, o deputado Gabriel Silber, democrata Cristão, disse que era importante que "sentimentos iguais tivessem direitos iguais". "Não há nenhuma razão para ter cidadãos de primeira e de segunda classe", declarou. "Esperamos que o governo apoie a iniciativa e impulsione seu progresso, dando-lhe a prioridade adequada. Nós vamos nos encontrar com ministros do governo para apresentar o projeto de lei e esperamos contar com seu apoio."

Argentina, Uruguai e Brasil são os países sul-americanos que já permitem que casais do mesmo sexo se casem.

O Chile está na frente do Brasil com relação à criminalização da homofobia, que foi aprovada no país vizinho em 2012, quando o então presidente, Sebastián Piñera, apoiou o projeto de lei contra homofobia depois do assassinato do jovem Daniel Zamudio. Zamudio, gay de 24 anos, foi torturado por um grupo de jovens neonazistas, que o espancaram, mutilaram e desenharam a faca sinais da suástica em seu corpo.

Na ocasião, a atitude do presidente Piñera, de direita, chamou atenção pelo empenho com que ele defendeu pessoalmente a criminalização. O fato foi usado para cobrar uma postura do governo brasileiro, que apela ao argumento de que o chefe do Executivo nada pode fazer para ajudar na aprovação de uma lei desse tipo, já que tudo dependeria apenas do Congresso. Acontece que o presidente tem força pra unir suas bases, pedir apoio e cobrar a aprovação. A Argentina teve na presidente Cristina Kirchner apoio fundamental para reconhecer o Casamento Civil Igualitário.

Durante o discurso de aprovação à criminalização da homofobia, Piñera destacou-se também pelo uso correto dos termos, como orientação sexual e identidade de gênero, e ainda homenageou Zamudio: “Lembramos de Daniel e queremos dizer a seus pais que sua morte não foi em vão e que seu sacrifício está produzindo frutos abundantes”…“é preciso promover uma verdadeira e ampla cultura de tolerância à diversidade.”

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Frida Kahlo – Calor e Frio

A peça Frida Kahlo – Calor e Frio estreou em Berlim, no Centro de Pesquisas Teatrais de Jurij Alschitz e de lá seguiu para o México, se apresentando em teatros e universidades como a Escola Superior de Artes de Yucatán e tendo sido convidada até para uma apresentação naquela que foi a Casa de Frida, o Museu Casa Frida Kahlo, na Cidade do México. Além das apresentações da peça, intervenções urbanas e cursos ministrados marcaram a trajetória da companhia em várias cidades mexicanas. O processo vem recebendo a orientação do mestre russo Jurij Alschitz. 

Depois de uma temporada de sucesso de agosto a outubro no Viga e apresentações no Casarão do SESC Ipiranga, no Projeto É Logo Ali, foi convidada ainda a se apresentar no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, durante a primeira exposição com as fotos de Frida Kahlo no Brasil, em novembro e de Festivais. 

A história de Frida é recriada a partir das próprias obras. Através de um teatro que dialoga com música, dança, teatro, poesia, artes visuais e a festa, a peça evoca o universo da pintora Frida Kahlo. A arte e o papel do artista também são temas fundamentais da obra. A peça dialoga ainda com um momento muito potente para a América Latina: o início do século XX, em que o México recebe a visita de artistas como Eisenstein, Artaud, Maiakovski, Tina Modotti e políticos como Trotski e o continente começa a mandar suas influências ao velho mundo. Amor, liberdade, humor e potência de vida, bem como a natureza visionária do casal Diego-Frida, sonhando uma América poderosa são outros temas do espetáculo. 

Frida Kahlo- Calor e Frio, desde a concepção do texto, uma obra aberta – que pressupõe a participação ativa da poética do público na fruição da peça – em que os elementos dramáticos misturam-se aos narrativos e líricos, à presença da dança, da música e das artes visuais busca uma obra de artes cênicas que, sem abrir mão de uma comunicação empática e direta com o público, dialogue com questões contemporâneas, tanto na forma como no conteúdo. Toda a música é feita ao vivo. 



Serviço: 

Frida Kahlo – Calor e Frio
Apresentações: dias 6,7, 13 e 14 de dezembro 
“Esquenta” no Largo do Arouche às 18h. 
Cortejo às 18h30, chegada ao Museu da Diversidade Sexual às 19h.