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quinta-feira, 31 de março de 2011

A Maldição sobre a África

Em meio as polêmicas promovidas pelo Deputado Jair Bolsonaro (PP – RJ), chegou a vez do Pastor e também Deputado Marco Feliciano (PSC –SP) odiar, ofender, diminuir e denigrir em nome de Deus. Marco Feliciano publico hoje em seu twitter que os “africanos descendem de ancestral amaldiçoado por Noé. Isso é fato”.

Em outra postagem, Feliciano escreveu: “A maldição que Noé lança sobre seu neto, canaã, respinga sobre continente africano, daí a fome, pestes, doenças, guerras étnicas!”. Em um tweet que posteriormente foi removido, o deputado afirmou que a África sofre com a “maldição do paganismo, ocultismo, misérias, doenças oriundas de lá: ebola, aids (sic)”. Contra gays, o pastor tuitou: “Amamos os homossexuais mas abominamos suas praticas promiscuas!”. Antes dessa mensagem, ele já havia escrito: “Entre meus inimigos na net (sic), estão: satanistas, homoafetivos, macumbeiros...”

O caso envolvendo o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP), deverá será analisado pela Corregedoria da Câmara dos Deputados. A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, deputada Manuela d’Avila (PCdoB-RS), disse que irá encaminhar as mensagens do parlamentar para o órgão. Marco Feliciano foi eleito deputado federal nas eleições do ano passado, com mais de 211 mil votos e tem mais de 30 mil seguidores no Twitter.

Acredito sim que a África é amaldiçoada e quem jogou essa maldição foram os que colonizaram e escravizaram aquele continente.  O “mundo branco” tem uma dívida muito grande com a África e ao invés de paga-lá, continuamos os escravizando quando não damos acesso a cultura, emprego e renda. Escravizamos os negros quando inferiorizamos sua cultura e pejoramos suas religiões. Temos uma grande dívida com a África e não paga-lá é sinal que eles ainda são escravos da nossa cultura.

Tenho vergonha de viver num país que discute a questão da cota racial. Sou contra a questão da cota, mas numa questão emergencial, é a única solução que nos resta. Todos deveriam ter pleno acesso a educação, que por sua vez abre portas para outras conquistas. Como temos uma divida muito grande com os negros desse país, a questão da cota é muito pouco, deveríamos oferecer mais. Temos que pedir perdão para o povo negro e não sair falando de peito aberto que eles são um povo amaldiçoado.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Contracorrente Estreia em Telas Brasileiras

O longa-metragem “Contracorrente” chega às telas brasileiras, no dia 08 de abril. O lançamento será simultâneo em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre. Contracorrente é o primeiro longa-metragem de Javier Fuentes-León e foi escolhido pelo Peru para concorrer a uma das vagas de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2011.

Assisti Contracorrentes na abertura do 18º Festival Mix Brasil de Cinema. O evento foi um sucesso, com a presença do diretor Javier Fuente-León. Foi o primeiro filme peruano que assisti e confesso que fiquei tocado com a qualidade da fotografia, que ressaltou a beleza da costa peruana e a qualidade do cinema daquele país.

O filme conta a história de Miguel (Cristian Mercado), um homem respeitado na vila de pescadores onde vive com a sua esposa Mariela (Tatiana Astengo), que está grávida do primeiro filho do casal. Embora viva bem com a sua esposa, Miguel tem um caso extraconjugal com o artista forasteiro, Santiago (Manolo Cardona), chamado pelas costas pelo povo do vilarejo de “Príncipe Encantado”. Quando a história ganha um rumo sobrenatural, Mariela começa a questionar Miguel, que eventualmente terá que decidir se é homem o suficiente para assumir a sua sexualidade.

Mais do que uma história de uma de amor entre dois homens em meio ao preconceito velado de uma sociedade conversadora e religiosa, contracorriente é um filme que fala de superação e humanidade. Todos os gays que vivem em sociedades ou famílias conservadoras, já viveram um pouco de contracorriente, já se sentiram presos numa sociedade preconceituosa, que não enxergam nada além dos costumes aprendidos e repetidos ao longo dos anos.

Ser “viado” (como diz no filme) é coisa pra homem. Assumir a sua sexualidade e enfrentar a tudo e a todos não é para qualquer um. Existem muitos casos de héteros mal casados, que são infelizes e por sua vez fazem de suas famílias infelizes, por não terem sidos machos o bastante para assumirem que são gays. Vencer o seu próprio preconceito não é para qualquer um, se deitar com outro homem não é assumir um lado feminino, mas é ressaltar a masculinidade que muitos machos que pagam de homofobicos para amigos tentam esconder. Contracorriente é um pedido de libertação para a dignidade humana e sexualidade plena.

terça-feira, 29 de março de 2011

Bolsonaro: Uma Vergonha para o Brasil

Num país sério, onde os cidadãos são minimamentes politizados e que os direitos humanos é muito mais do que uma mera falacia, o destino do Deputado Federal Jair Bolsonaro seria outro. Não é a primeira vez que o deputado ataca os gays, dizendo que a homossxualidade vem de um erro na educação das crianças e tudo se resolveria com palmadas em crianças com tendências homossexuais.

Convidado pelo programa “CQC” da TV Bandeirantes, o deputado respondeu perguntas do público, e novamente polêmicas sobre a homossexualidade veio a tona. Bolsonaro parece estar programado para atacar tudo e a todos com unhas e dentes e se escorregou numa pergunta da cantora Preta Gil e disse “Preta, não vou discutir promiscuidade com quem quer que seja. Eu não corro esse risco porque meus filhos foram muito bem educados e não viveram em ambiente como lamentavelmente é o teu”.

Preta Gil entrará com um representação no Ministerio Público contra o deputado por crimes de intolerancia racial e homofobia. "Advogado acionado, sou uma mulher negra, forte e irei até o fim contra esse deputado, racista, homofóbico, nojento, conto com o apoio de vocês" publicou Preta Gil em seu Twitter.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do Rio de Janeiro, Wadih Damous, disse que irá oficializar abertura imediata de processo por quebra de decoro parlamentar contra Bolsonaro. Para Damous, as declarações do deputado são inaceitavelmente ofensivas, pois tem cunho racista e homofóbico, comportamento incompatível com as tradições parlamentares.

Bolsonaro divulgou em seu site uma nota em que explica a polêmica com Preta Gil. O parlamentar diz que entendeu errado a pergunta feita pela cantora. "A resposta dada deve-se a errado entendimento da pergunta - percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay", diz o deputado.

Em seguida, Bolsonaro reitera não ser "apologista do homossexualismo, por entender que tal prática não seja motivo de orgulho". "Entretanto, não sou homofóbico e respeito as posições de cada um; com relação ao racismo, meus inúmeros amigos e funcionários afrodescendentes podem responder por mim", afirmou no texto.

Ao comentar o lançamento, nesta terça-feira (29), da Frente Parlamentar Mista em Defesa da cidadania LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais), o parlamentar ironizou e disse que “isso não é uma frente, é uma retaguarda parlamentar. Defender esse pessoal para quê? Que exemplo de bons costumes, ética e moral eles têm para dar para a sociedade?” A frente parlamentar recolheu 171 assinaturas de parlamentares. O grupo pretende aprovar no Congresso o casamento gay.

Bolsonaro está acostumado em ser polêmico e tem um eleitorado que valida suas atitudes. Somos um país retrogrado e que valoriza as questões ressaltadas pela a igreja, indo de contramão com a laicidade do nosso Estado. Se não fosse pela questão racial, esse fato não teria ganhado tanta repercussão. O Movimento Gay do Brasil está fragilizado, sem forçar para lutar contra os seus oponentes. Temos um Movimento Gay dividido, que coloca as questões partidárias acima da luta homossexual e que não consegue unir forças para aprovar uma lei desatualizada e que não nos atende em sua plenitude.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Novela da Vida Real

Uma das minhas maiores frustrações é saber que as melhores histórias da minha vida, não ganham as páginas deste blog. São tantos fatos engraçados, que não posso escrever por conta do bom senso.

- Você não imagina como eu me segurei para não escrever no blog a história que aconteceu no café – confessei com risos nos lábios, lembrando do ocorrido.

- Você até pode escrever, só mude os nomes para preservar a nossa imagem. Ao invés de colocar o meu nome, coloque “Pedro” – disse o próprio “Pedro”, me autorizando a escrever a história.

Conheci o Pedro numa balada gay de São Paulo. Estava com alguns amigos e de longe flertava com ele. Ficamos trocando olhares por mais de meia hora, até que um amigo, cansado de ver toda aquela babação, me aborda:

- Gatinho, acorda pra vida! Você vai ficar até quando olhando o cara de camiseta azul – falou meu amigo me incentivando a chegar até a ele.

- Ah! Ele tá fazendo carão, já esta me olhando à mais de meia hora – respondi desacreditado.

- Não está não, estou aqui vendo, ele está olhando para você e está afim – retrucou meu amigo.

Comecei a me aproximar timidamente. Dançando próximo de uma amiga, que estava mais próxima dele. Percebi que ele parou de me olhar diretamente, me afastei da minha amiga e me aproximei ainda mais dele, quando ele sorriu e fez um sinal para eu me aproximar.

- Pensei que você fosse hétero – disse Pedro depois de trocarmos alguns beijos.

- Eu, hétero. Não sou mesmo, sou muito gay – defendi minha homossexualidade em meio aos risos.

Pelo fato de ter me aproximado da minha amiga, ele pensou que eu fosse namorado dela. Gostei muito da companhia do Pedro, passei momentos ótimos ao lado dele e dos meu amigos.

Passaram-se alguns dias e ele me convidou para jantar. Fomos num restaurante Italiano, no bairro da Bela Vista. Foi uma noite super agradável. Depois do jantar, ele me convidou para tomar um café, sugeri um que fica no Shopping Frei Caneca, o Café Scada, que fica próximo das salas de cinema. Quando estávamos conversando e tomando café, fomos interrompidos por um rapaz, que entrou no café com olhar fixo para a nossa mesa.

- Oi, tudo bem? – disse o rapaz olhando fixamente para o rosto dele.

- Oi – respondeu o Pedro sem graça, enquanto o rapaz saia do café.

- Está tudo bem? – perguntei.

- Sim, tudo bem. Ele é o meu ex-namorado e ainda não aceitou bem a nossa separação – justificou Pedro.

Entendi o fato perfeitamente. Tive um relacionamento de 7 anos e o término foi gradativo e cheio de recaídas. Não existe novidade nessa situação, sabemos que ex, quando se mantem próximos, a amizade se confundo com reconciliação afetiva. Enquanto continuávamos conversando, vi quando o ex-namorado do Pedro foi até a lanchonete do cinema e comprou um refrigerante e ficou andando de um lado para o outro, desnorteado. Voltou ao café e se aproximou novamente da nossa mesa:

- Desculpe-me a minha falta de educação. Meu nome é Eduardo, sou namorado do Pedro – disse olhando para mim.

- Ex-namorado – interrompeu o Pedro com a voz alterada.

- Sim, agora é ex-namorado mesmo. Porque você está fazendo isso comigo Pedro? – indagou com voz embargada.

A discussão dentro do café durou uns 5 minutos, eu fiquei sem reação, mas dando graças a Deus pelo fato do refrigerante que ele segurava não ter um destino não apropriado, a minha cara. Depois da discussão, o ex-namorado do Pedro voltou novamente ao café, que tem paredes de vidro, e lá de fora ficou chamando o Pedro.

- Marcos, me desculpe. Vou até lá, senão ele voltará aqui e fará mais escândalos – disse o Pedro se levantando. Quando ele voltou, saímos do Café e terminamos a noite num bar da Augusta.

Voltei pra casa com uma estranha sensação de felicidade. Nunca vivi uma cena daquelas, típica de um seriado da Fox ou de uma novela Global. Minha vida sempre foi atípica e gosto disso. Sempre envolvido com fortes emoções e situações que por conta da privacidade dos envolvidos, nunca irão ganhar as páginas deste blog.

domingo, 27 de março de 2011

Outros Irmãos

Havia uns 3 anos que eu não via o meu primo. Natal, Ano Novo, Sexta-Feira Santa e outros feriados que são usados para a proximidade familiar, me deixam de saco cheio. Minha tia, mãe dele, já estava hospedada em casa há umas duas semanas, dias bacanas que passei com ela por aqui. Prometi passar uma semana na casa dela, em abril.

Meu primo está trabalhando perto de casa, na Vila Maria. Sempre fomos muitos próximos, devido a nossa idade. Ele é de abril de 82 e eu de maio de 81. O Emerson, outro primo, forma o trio. Ele é de outubro de 81.

- Eu sempre me lembro daquela vez que pegamos uma bicicleta e fomos nos três (Ele, o Emerson e eu) para a cachoeira – contou nostálgico.

- Que loucura foi aquela. Uma bicicleta para os três, numa estrada de terra – retruquei dando risada.

Esse episodio deve ter uns 15 anos. Estávamos em Itaúna do Sul, cidade do meu primo, quando ele teve uma brilhante idéia. Ir para a cachoeira, de bicicleta, numa estrada de terra. Acredito que pedalamos, ou melhor, pedalei por uns 10 km. Como eu era o maior, eu fui pedalando, o Emerson foi na garupa e o Mael sentado no cano da bicicleta.

Foi muito fácil para chegar no local, muita descida. A volta foi sofrida, além de termos que subir todo o percurso, começou a chover. A terra fofa que nos derrubou várias vezes no percurso da ida, tinha virado lama, o que dificultou demais o nosso retorno. Aprendemos a lição e nunca mais voltamos lá de bicicleta.

- Fui em Paranavaí, o Emerson estava lá – contou o meu primo.

- Ele não está mais morando na Bahia? Ele até estava praticamente casado com uma menina – perguntei curioso.

- Parece que não, ela não para de falar nessa menina, está sofrendo de amor – respondeu.

- Quando ele morou aqui em São Paulo, estava sofrendo pela Camila. Quando eu fui em Paranavaí, estava sofrendo pela mãe do filho dele e na última vez que voltei lá, ele estava sofrendo pela mãe da filha dele.

- Ele sofre demais por amor – completou o meu primo.

Ao contrário de mim e do Emerson, o Mael não sofre de amor, ou então ele guarda tudo para ele, pois nunca ouvi nenhuma menção de sua vida sentimental. Não sei se esse é o melhor caminho, mas também tenho certeza que a intensidade que eu e o Emerson vive, também não é um caminho alternativo para se seguir.

Tenho esses dois primos como verdadeiros irmãos. Tomar cerveja na companhia deles é algo maravilhoso. A última vez que nos encontramos, fomos de carro para Rosana, uma cidade que fica na tríplice fronteira de São Paulo, Paraná e Mato Grosso. Bebemos muito naquele e até hoje não sabemos como voltamos pra casa. Momentos únicos, que temos que viver intensamente.

sábado, 26 de março de 2011

Déjà vu

Muitos são os momentos em que estou fazendo coisas simples, como tomando água, descansando ou conversando com amigos, quando a sensação de déjà vu me invade completamente. As vezes tenho saudades de pessoas que não conheço, de lugares que não visitei e que provavelmente jamais irei visitar.

Déjà vu é uma reação psicológica fazendo com que sejam transmitidas idéias de que já esteve naquele lugar antes, já se viu aquelas pessoas, ou outro elemento externo . O termo é uma expressão da língua francesa que significa, literalmente, já visto.

Minha irmã, quando teve o seu segundo filho, me disse: Tenho a sensação que ele já está comigo há muito tempo, é como eu já o conhecesse. Eu tenho lembrança de um fato de quando eu era bebê: Estava num berço, num corredor entre o quarto e a cozinha e observava a minha mãe fazendo janta e assistido televisão. Eu devia ter pouco mais de um ano. Anos depois, contei isso a minha mãe e ela me confirmou que colocava o berço no corredor para eu ficar visível, enquanto ela fazia os seus afazeres domésticos.

Todas essas lembranças, de situações que não vivi, de pessoas que não conheci e de tempos que eu não era neurologicamente maduro, me deixam inquietos. Já acordei com essa sensação, já beijei pessoas e senti o déjà vu entre aqueles beijos. Tenho a sensação de que muitos que estão em minha volta, estão comigo a muito tempo.

Os espiritas acreditam que o déjà vu são lembranças de vidas passadas. Se assim for, sinto que meus pais, minhas irmãs, meus sobrinhos e alguns amigos, me acompanham de outras vidas. Quando conheci um dos meus ex-namorado, senti esse déjà vu, tudo o que vivemos foi muito intenso. O tempo que passamos juntos foi catastrófico. Penso que, talvez, nos reencontramos nessa vida, para corrigir algo que fizemos de errado em outra. Se assim for, espero que tenhamos corrigidos as diferenças que ficaram em outra vida, para não nos reencontrarmos numa próxima.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Final de Semana

Sábado passado fui ao Hopi Hari, descobri que lá não é o país mais divertido do Mundo, que os responsáveis pelos estados ou províncias (os operadores dos brinquedos) são super mal humorados e chegam a tratar mal os imigrantes, e às oito horas da noite todos são deportados do país sem explicação alguma, acho que essa foi a quarta fez que fui ao parque, sempre o achei melhor que o playcenter, tanto na infra-estrutura, como no atendimento, a infra-estrutura sempre será melhor, o playcenter não tem como crescer e superar o Hopi Hari por questões geográficas, porém o atendimento é o fator primordial na escolha do serviço, é lamentável que em pleno século XXI as empresas ainda pecam nisso, São Paulo e Grande São Paulo está cada vez mais sendo sustentada pelo serviço, se as empresas não serem excelência em atendimento, ficarão para trás.

Tirando isso, essa foi a vez que eu me diverti mais no parque, acho que foi pré-disposto a isso, das outras vezes também, mas nunca me diverti tanto num parque como nesse final de semana, precisamos disso, fui com o Douglas, foi o primeiro passeio que ele fez nas férias dele, hoje vamos assistir uma opera no Teatro Municipal de São Paulo, nunca fomos lá, acho a arquitetura daquele lugar belíssima, um orgulho para São Paulo, amanhã iremos assistir Miss Saigon e no Domingo iremos no Cirque Du Soleil, estou animado para tudo isso, morar em São Paulo é maravilhoso, temos tudo que há de melhor em gastronomia e entretenimento, acabei meio que tirando férias com o Douglas, pois dia 19 irei com ele para Fortaleza, minha única preocupação são as chuvas que estão acontecendo na região, chuva que aparentemente estão amenizando a cada dia, mas mesmo assmi estou preocupado, pois fazer uma viagem a praia em meio a chuva, não é legal.

quarta-feira, 23 de março de 2011

O Brasil Vendido por Algumas Bananas

Do século passado até os de hoje, muita coisa mudou no Brasil. Deixamos de ser um grande fazendão, lutamos contra a ditadura e vencemos, colocamos o Brasil no eixo da economia internacional, passamos de devedores para credores e conseguimos vencer a inflação, nosso maior monstro. Para muitos de nossos avós, tudo isso é muita informação e ainda há aqueles que lamentam o fim da ditadura.

Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e a Copa do Mundo são dois grandes momentos para mostrar ao Mundo “quem é o Brasil” e “para que viemos”. Ainda precisamos de infra-estrutura, caso contrário só venderemos a imagem que o Brasil continua sendo o país do futuro. Temos que mostrar para o Brasil o futuro do já começou, que não somos mais um país intimidado pelas grandes potências internacionais e  que somos a 7ª economia do Mundo e temos interesses a defender.

Em 1950, Walt Disney nos presenteou com o desenho “Aquarela do Brasil”, foi a primeira aparição do personagem Zé Carioca. Na animação,  Zé Carioca convida Donald para tentar aprender uns passos de samba nas ruas do Rio de Janeiro, ao som da música “Aquarela do Brasil”, de Ari Barroso.


A obra faz parte da atuação de Disney como agente especial da boa vizinhança, a polí­tica externa implantada pelo governo americano a partir do iní­cio dos anos 1930, que consistiu no esforço de desenvolver estratégias destinadas a estreitar os laços comerciais, polí­ticos e culturais dos Estados Unidos com a América Latina, especialmente com a Argentina, Brasil e México. Para desenvolver o curta, os desenhistas da Disney, incluindo o próprio Walt Disney, viajaram até o Rio de Janeiro.

Mais de 60 anos separam a animação de Walt Disney da animação de Carlos Saldanha, que estreitará nos cinemas de todo o Brasil no próximo dia 8 de abril. A diferença mais gritante de ambas é que a primeira trata-se de um curta-metragem e a segunda de um longa, também podemos evidenciar a introdução da tecnologia para a segunda, de resto, todos os símbolos destacados são os mesmo. Em 60 anos, de acordo com ambas as animações, o Rio de Janeiro não mudou em absolutamente nada.


Somos o país da natureza predominante, das belas praias, mulheres e carnaval. É assim que somos vistos. Ainda bem que não colocaram macacos assaltando turistas no centro do Rio de Janeiro, ou esse é um episódio dos Simpsons, que causou uma crise diplomática entre o Brasil e os EUA na época do governo FHC. Somos muito mais que essas animações mostram e a nossa economia não é fomentada pelos símbolos que somos erroneamente vendidos para o mercado internacional.

Em 2014 e 2016 o Mundo se inclinará para o Rio de Janeiro, temos a oportunidade de mudar os nossos símbolos e mostrar que além de samba, praias e carnaval, também temos um país emergente, com uma economia em constante crescimento e que tem muito mais a oferecer ao Mundo. Ano após anos, milhares de turistas vem ao Brasil a procura de sexo. Temos que nos posicionar e dizer que somos grandes o bastante para viver sem isso. Em 60 anos, muita coisa mudou, mas lá fora, somos vistos da mesma forma e se não nos posicionarmos, daqui 50 anos continuaremos sendo vistos como uma República das Bananas.

terça-feira, 22 de março de 2011

Meu Irmão é Filho Único

Ontem assisti ao filme “Meu Irmão é Filho Único”, uma adaptação do livro do livro II fasciocomunista, de Antonio Pennachi. Comecei a vê-lo sem grandes espectativas e no final a história me arrebatou. O longa conta a história dos  irmãos Accio (Elio Germano) e Manrico (Riccardo Scamarcio), que cresceram numa pequena cidade italiana durante as décadas de 60 e 70, contrapunham-se politicamente, mas eram apaixonados pela mesma mulher.

Dirigido por Daniele Luchetti, o longa acompanha a vida desses irmãos ao longo de 15 anos através das conturbações e reviravoltas da tumultuada história sóciopolitica da Itália. O filme mostra as mudanças de postura, discussões e a inevitável separação dos irmãos por causa de seus rumos até, claro, o reencontro promovido pela sabedoria da idade. Com o tempo, eles percebem a verdadeira essência não apenas de suas diferenças, mas de suas semelhanças.

Com o pano de fundo de uma Itália conturbada por lideranças de movimentos ideologicos distintos, o filme conta a história de conflitos familiares e sentimentos de dois irmãos que não sabem lidar com suas diferenças através do diálogo tranquilo ou da diplomacia respeitosa. São adeptos mesmo é dos bons e velhos métodos tradicionais de relacionamento fraternal: sopapos, pontapés e berros.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Barack Obama no Brasil

Sem cometer nenhuma gafe e rompendo a tradição do presidente brasileiro eleito visitar os EUA, o presidente Barack Obama visitou o Brasil nesse final de semana. Desde criança ouço que o Brasil é o país do futuro, se esse futuro chegou, ainda não sei. Existem muitos problemas que estão na ordem do dia e que não podem ser ignorados. De fato temos muito o que nos orgulhar. Temos um sistema financeiro complexo e que nos ajudou muito nas últimas crises mundiais e diante da situação que se encontra o Japão, podemos dormir tranquilos, pois quase toda a nossa energia produzida é limpa.

Num discurso unificador e com a preocupação de ressaltar os valores familiares, Obama se apresentou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Citou que o imperador Dom Pedro II foi o primeiro chefe de Estado a visitar os EUA. Citou a necessidade da ampliaçãoo do programa de intercambio entre o Brasil e EUA. Falou que sua segunda escolha para a sede dos jogos olimpicos foi o Rio de Janeiro e terminou o seu discurso citando Paulo Coelho: com a força do amor e da sua vontade, nós podemos mudar nosso destino, assim como o destino de muitos outros.

No discurso da presidente Dilma, ela foi direta em sua colocação e defendeu um assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, Obama desconversou e disse que o Conselho passará por reformas. Não acredito que essa visita trará retornos financeiros para o Brasil, mas ela entrará para a história, pois pela primeira vez um presidente americano vem ao Brasil, visitar um presidente eleito por iniciativa americana.

Não podemos ver os EUA superiores a nos, temos que tratar de igual para igual e é dessa forma que as negociações do Etanol estão se desenrolando. Depois da visita de George W. Bush ao Brasil, a relação entre os dois países se esfriaram, pois o interesse dos americanos está na nossa tecnologia para produção de Etanol a base de cana de açúcar, uma tecnologia superior a deles, que produzem etanol a base de milho. O Brasil tem defendido os nossos interesses e se não for viável para nós, não será a visita inesperada do homem mais poderoso do Mundo que nos fará ceder.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Justiça nega pedido de liberdade para agressor da Paulista

A 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo negou nesta quinta-feira, em decisão de mérito, o habeas corpus a Jonathan Lauton Domingues, 19, acusado de agredir um rapaz na avenida Paulista, em novembro do ano passado.

A defesa do jovem --que está foragido-- entrou com o pedido de liberdade requerendo decisão liminar (provisória), que já havia sido negada pela mesma Câmara em janeiro.

De acordo com o voto do relator do processo, desembargador Fernando Miranda, a manutenção da prisão é necessária para a garantia da ordem pública.

Miranda afirmou, em seu voto, que recebeu a informação que, ainda em liberdade provisória, Domingues foi procurado por várias vezes pela polícia e não foi encontrado.

"Ter-se-ia mudado para endereço certo e não sabido, o que sugere propósito de furtar-se à aplicação da lei penal", afirmou no processo.

A decisão da Justiça foi unânime. A reportagem não encontrou o advogado de Domingues, Édio Dalla Torre, para comentar a decisão.
O estudante chegou a ser preso após as agressões, mas foi libertado no dia 15 de novembro após a Justiça conceder habeas corpus. O Tribunal de Justiça considerou, na ocasião, que ele não tinha antecedentes criminais e possuía endereço fixo, e por isso poderia responder ao processo em liberdade.

A promotora Solange Azevedo Beretta da Silveira denunciou Domingues em dezembro por três lesões corporais, furto e tentativa de homicídio triplamente qualificada.

Quatro adolescentes --também suspeitos de participarem da agressão-- chegaram a ser internados na Fundação Casa, mas três deles foram libertados no dia 23 de dezembro. O único que permanece internado foi o rapaz de 16 anos que aparece em imagens de câmeras de segurança atacando homossexuais com lâmpadas fluorescentes.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Futebol de Drag Queens em São Paulo

Com apoio da Secretaria de Participação e Parceria, por meio da Coordenadoria de Assuntos de Diversidade Sexual (Cads), acontece no domingo o famoso jogo das drags que reúne mais conhecidas artistas da cidade em uma partida de futebol na rua.

A atividade esportiva faz parte do calendário da cidade e em 2010 recebeu cerca de 2 mil torcedores/fãs - entre LGBTs e simpatizantes.

Divertido, pacífico e diverso, o jogo conta com times formados por drags personalidades da noite e seus amigos. A programação termina com shows de artistas e Djs da cena LGBT paulistana.

"O Futebol das Drags já se transformou em um clássico da cidade, que atrai não só a comunidade LGBT como também os moradores da região. Através do esporte e humor, a ação é um exemplo de cidadania", afirma o coordenador geral da Cads, Franco Reinaudo.

Serviço:

Futebol das Drags
dia 20 de março, às 15h30
Rua João de Barros, Barros Funda - São Paulo.
Grátis

quarta-feira, 16 de março de 2011

Das Vantagens de Ser Bobo

Em 12 de setembro de 1970, Clarice Lispector escreveu um breve tratado sobre as vantagens e desvantagens de ser bobo. Num texto de simplicidade poética, ela descreve a alma do inocente:

- O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar no mundo.

- O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."

- Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

- O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem.

- Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.

- O bobo ganha liberdade e sabedoria para viver.

- O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes o bobo é um Dostoievski.

- Há desvantagem, obviamente: Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era a de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro.

- Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado.

- O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo nem nota que venceu.

- Aviso: não confundir bobos com burros.

- Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a frase célebre: “Até tu, Brutus?"

- Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

- Os bobos, com suas palhaçadas, devem estar todos no céu.

- Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

- O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.

- Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos.

- Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham vida.

- Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

- Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita o ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

- Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cimas das casas.

- É quase impossível evitar o excesso de amor que um bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Entre o Bem e o Mal

Quando estava indo para São Paulo, um amigo que estava comigo ao telefone me disse: Marcos, você é muito ingênuo, acredita demais nas pessoas, é fácil te dobrar. Não seria tão trágico, se eu não validasse todas as palavras do meu amigo. Pensei e disse: Tenho que me cercar de pessoas do bem. Mas agora, refletindo, vejo que tal meta é impossível. Num mundo com tantas diferenças e adversidades, nunca nos cercaremos apenas por pessoas do bem.

Outra amiga sempre me diz: O bem e o mal sempre estão em conflito, uma hora uma das forças irá vencer. Espero que na minha vida vença o bem, espero sempre optar pelo bem. Ainda hoje, depois de cumprir com o meus compromissos em São Paulo, fui tomar um café com um amigo. No meio da conversa, ele me interrompe e diz: Marcos, você é muito bonzinho, no seu lugar eu já teria @%#)!% com tudo.

Será se o problema é comigo mesmo, ou os valores sociais estão invertidos. Porque não acreditar numa pessoa até que ela nos de motivos e respaldos para não acreditar? Hoje, um turbilhão de emoções veio a tona, por diversos motivos. Tudo seria mais fácil se o bom senso prevalecesse e se as pessoas fossem mais sinceras uma com as outras. Tudo seria mais fácil se fossemos mais coerentes com o nosso discurso.

Fato é: estamos no Mundo e é tarde demais, uma hora ou outro seremos atingidos por fatos e situações que nos desconcertam. Optarei sempre pelo bem, mesmo que em meios as minhas escolhas eu seja rotulado de bobo, bonzinho e maleável. Se esperei quase um ano para tomar uma inciativa que muitos tomariam em dias ou meses, é porque esse é o meu tempo e prefiro esgotar todas as alternativas que me impactem positivamente, para depois tomar as atitudes mais agressivas.

domingo, 13 de março de 2011

Os Extremos do Amor e do Ódio

Sempre fiquei confuso com as brigas que os casais travam na justiça dizendo “isso aqui é meu”, “isso aqui não é seu”,  “foi eu quem construí” e “só eu tenho direito nisso”. Tudo isso é medonho, viver num mundo onde precisamos de advogados, é medonho. Esquecer toda uma vida que foi construida junto com outra pessoa e lavar roupa suja num tribunal, é algo lamentável, mas quando as situações são levadas nas ultimas consequências e o bom senso não prevalece, é a única alternativa que nos restam.

Não entendo o porque algumas pessoas permanecem juntas por tanto tempo, é algo insano. Será despeito? Vejo tantos casais, que estão juntos há 30, 40 anos e que o amor se perdeu pelo caminho. Onde foi parar esse amor? Onde se perderam as juras de amor que foram feitas na presença de amigos e entes querido? Tudo isso me leva a acreditar que os nossos modelos sociais estão falidos e vivemos num comportamento condicionado, aprendido e repetido ao longo dos tempos.

Por 7 anos, jurei que amava uma pessoa que estava ao meu lado, hoje me pergunto: Onde foi parar esse amor? Porque fiquei tanto tempo com um pessoa que hoje – se não fosse por algumas pendências – não representa nada pra mim. Acredito que nos inflamamos com as relações sociais, com mecanismos que tem por finalidade doutrinar o ser humano, estabelecendo valores sociais que na realidade não faz parte da natureza humana.
A gente destrói aquilo que mais ama
Em campo aberto, ou numa emboscada;
Alguns com a leveza do carinho
Outros com a dureza da palavra;
Os covardes destroem com um beijo
Os valentes destroem com a espada.
Mas a gente sempre destrói aquilo que mais ama.
O amor e o ódio caminham juntos e nem sempre é uma via de mão dupla, muitos dizem que são dois extremos e que na verdade são os mesmos sentimentos. Se assim for: não é “natural” amar e nem odiar. Dizem que a sabedoria está no meio. Entre o amor e o ódio, temos que encontrar um meio terno para não sobrecarregarmos os extremos, caso contrário, destruiremos o que – na verdade -  mais amamos.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Como Perder um Taurino em 10 dias

- Fique o dia inteiro vendo televisão, enquanto o doce, amável e gentil taurino faz as tarefas domesticas.

- Peça para o taurino ir a farmácia, ao supermercado e a feira e complete dizendo: Você não está fazendo nada de importante mesmo.

- Meta a mão no prato do taurino, tome toda a sua caipirinha e coma o pedaço de bolo de chocolate que ele deixou para comer mais tarde.

- Tire dinheiro de sua carteira e depois diga que você pegou emprestado e que pagará assim que Deus permitir.

- Dê risada de suas fotos na frente dos amigos e depois diga: Você era engraçadinho.

- O interrompa quando ele estiver falando, o que ele iria falar não era importante mesmo.

- Não responda torpedos e mensagens no facebook e deixe bem claro que você tem outras prioridades.

- Não atenda os seus telefonemas e nem retorne as suas ligações.

- Quando o taurino estiver pronto para sair, olhe para ele com cara de confuso e pergunte: Você não irá se arrumar?

- Sempre quando for passar uma instrução para um taurino, complete com a frase "eu já lhe disse isso um milhão de vezes".

quinta-feira, 10 de março de 2011

Rosas Branca para Salomé em Curitiba

A memória brasileira parece formada apenas por homens e mulheres, mas há muito na História oficial que é desconhecido. Poucos sabem, por exemplo, que durante a ditadura, em plena década de 1960, entre militares, revoltas estudantis e muita repressão, viveu Salomé, uma transformista que transgrediu os valores de sua geração. A artista iniciou sua carreira nos anos 1940 e passou pelos momentos históricos mais conservadores do Brasil, sem medo de impor sua sexualidade e sua aura de artista.

E é sobre a vida dessa injustamente esquecida heroína da história LGBTT brasileira que o espetáculo "Rosas Brancas para Salomé" volta ao palcos na capital paranaense. Salomé é uma diva do transformismo, sonhadora, sensível, alegre, divertida e ao mesmo tempo melancólica e solitária, apaixonada pela cantora Ângela Maria. Ela usa a fantasia para disfarçar as angústias, o medo e a solidão. Após o seu show, revive diversos fatos marcantes da sua vida, alguns bem humorados, outros emocionantes, num divertido desabafo em plena noite de Natal.

O espetáculo retrata claramente que o sentimento de solidão pode estar presente em qualquer lugar ou situação, até mesmo durante uma festa com os amigos ou dentro de casa com a própria família. Sabemos que todas as fases de passagem pela vida física nos trazem muitas experiências, onde tudo é passageiro e não permanente, portanto, todas as situações, os encontros e os fatos da vida surgem, permanecem por algum tempo e se vão. Por isso, Salomé, além de mostrar a solidão da personagem e os conflitos de sua existência, propõe também uma reflexão para construir valores como a amizade, a generosidade, respeito e o amor próprio independente da sua condição sexual, religião, cor ou classe social.

No mundo de hoje o que mais se espera é que as pessoas valorizem cada vez mais o ser humano em sua plenitude e com certeza quem assiste ao espetáculo "Rosas Brancas para Salomé" vai entender que muitas coisas na nossa vida são deixadas para depois e quando menos se espera já não influencia mais em nada, como um sorriso, um abraço, um afago, um carinho, um beijo ou até mesmo um pedido de desculpa . Nesse espetáculo, cada um de nós pode se identificar em algum momento ou situação dessa vida divertida e emocionante de Salomé, que, apesar de tudo se revela cada vez mais humana, fazendo um convite à reflexão sobre a forma superficial de ver aqueles que nos parecem diferentes.

Serviço:

Rosas Brancas para Salomé
Memorial de Curitiba no Largo da Ordem
Largo da Ordem, s/n - Centro
Dia 02/04 - 22:00
Dia 03/04 - 13:00
Dia 06/04 - 13:00

quarta-feira, 9 de março de 2011

O Carnaval de João Carlos Martins

Não assisti nenhum dos desfiles das escolas de samba de São Paulo e Rio de Janeiro, não sei nenhum trechos dos sambas enredos e qual a temáticas das demais escolas, mas não pude deixar de ver no telejornal a noticia que a Vai-Vai homenageou o maestro João Carlos Martins na apoteose e saiu de lá como campeã do Carnaval em 2011.

João Carlos Martins merece todas as nossas homenagens. Paulista, nascido em 25 de junho de 1940, João Carlos é ex-pianista e especialista nas interpretações das músicas de Bach. Perdeu os movimentos da mão direita por conta de um acidente num jogo de futebol e recuperou depois de uma serie de tratamentos. Com o decorrer do tempo desenvolveu LER (Lesão por esforço repetitivo) e hoje tem os movimentos da mão comprometidos.

Quando a Diana King esteve no Brasil, eu tive o privilegio de assistir ao seu concerto. O Caras In Concert uniu o reggae com a música erudita e foi um show que ficou na história. Realizado na São Paulo, o evento contou com a participação da orquestra HSBC, sob a regência de João Carlos Martins.

O maestro da periferia tem história para contar, com a vida cheia de altos e baixos, João Carlos Martins é sinônimo de superação. João Carlos desenvolve junto com a FAAM, um projeto de introdução a música erudita a jovens carentes. Sua história prova que “A Música Venceu” e que aos 70 anos de vida, João Carlos na música pode tudo, do samba ao erudito, ele é o grande maestro.

terça-feira, 8 de março de 2011

A Mulher da Minha Vida

Cresci rodeado de mulheres, mãe e duas irmãs mais velhas. Pela mãe, fui um pouco mimado, filho mais novo e único homem. Pelas duas irmãs, quando criança, era visto como rival. Da minha irmã do meio, eu era visto como aquele que roubou o carinho materno, pois de idade, temos pouco mais de um ano de diferença. Pela irmã mais velha, era visto apenas como o irmão mais novo, aquele que veio ao mundo para atazanar. Dessa forma eu cresci.

Por ordens da mãe, as duas irmãs mais velhas viviam para me servir (escrevo isso com risos nos lábios), além do irmão mais novo, eu também tinha uma saúde muito debilitada e minha mãe guardava o sentimento de que a qualquer momento ela teria que se despedir de mim. Minhas irmãs, até pelo fato de ainda serem crianças, não assimilavam isso direito.

Em meio as minhas crises, sempre via a minha mãe chorando, eu ficava em silencio, pois sabia que ela estava chorando por mim. Numa crise violenta, em que eu vi a morte de perto, rompi o silêncio e disse: Mãe, não chore, se eu morrer eu vou para o céu. Acredito que a minha tentativa de conforta-lá não muito foi bem sucedida.

Meus problemas de saúde foram superados, a certeza que vou para o céu também, mas o carinho materno ficou e até hoje sinto o zelo e proteção despendidos por minha progenitora. Semana passada, estava num bar, com um cara que estou conhecendo, num clima tenso, romântico e arrebatador, quando o meu telefone tocou. Olhei no visor era a minha mãe. Atendi e quando desliguei ouvi: Que bonitinho!  Dando satisfação para a mamãe. Depois ele disse: Eu também sou o filhinho da mamãe.

Devo muito a minha mãe e tenho muito orgulho de ser seu filho. Nos melhores e piores momentos ela esteve ao meu lado, se despiu de preconceitos e mesmo contrariando seus princípios religiosos, aceitou minha sexualidade e colocou a condição de filho acima de todas as coisas. Devo muito a essa mulher, tenho orgulho de ser seu filho. Feliz dia internacional da mulher, dona Zilda.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Confesso

Confesso que sou bem maior do que aparento ser.  Confesso que aquele garoto, que brincava de bolinha de gude, nas ruas de Santo André, ainda existe e não se cansa de brincar. Confesso que deveria ser menos emotivo, mas também confesso que a minha emoção não é sinal de fraqueza, mas sim sinal de humanidade, sinalizando que existe vida dentro de um corpo.

Confesso que tenho poucos e bons amigos e que tais são os meus irmãos escolhidos a dedo. Confesso que passei toda a minha infância e adolescência me perguntando o porque eu não tinha um irmão. Confesso que quando criança sempre tive um melhor amigo e alguns desses amigos estão comigo até hoje.

Confesso que nunca fui um bom aluno, sempre estudei no dia das provas, mas quando eu entrava na sala de aula, era para assistir aula de verdade. Confesso que nunca fui bom em exatas, na verdade esse problema é bem maior, não concordo com nada muito definido, explicar os fatos com precisão matemática, não é comigo.

Confesso que já amei e fui amado. Confesso que amo a minha família acima de todas as coisas. Confesso que acreditava que o meu pai era um super herói, hoje confesso que ele é um grande homem. Confesso que acreditava que a minha mãe era detentora de toda a sabedoria do mundo, hoje confesso que preciso de poucas palavras proferidas por ela para tornar o meu dia muito melhor.

Confesso que passei boa parte da minha vida procurando um grande amor. Confesso que ainda procuro um grande amor. Confesso que já me apaixonei por pessoas que encontrei nos vagões de trens e me decepcionei quando chegou a próxima estação. Confesso que os relacionamentos instantâneos praticados nos elevadores me incomoda e que as risadinhas mostrando o quão estamos sem graça é algo ultrapassado.

Confesso que a música é a arte que mais me emotiva. Confesso que já chorei, xinguei, praguejei e fiz amor ouvindo boas canções. Confesso que a poesia me arrebatada. Confesso que já recebi e escrevi cartas de amor. Confesso que não guardei nenhuma dessas cartas de amor, mas também confesso que todos os momentos estão guardados no meu coração.

Confesso que tenho vergonha de alguns dos meus atos, confesso que tenho orgulho de outros. Confesso que da minha boca já saíram palavras que não ouço pronunciar novamente. Confesso que já tive vontade de matar. Confesso que tenho muitos mais do que precisaria ter. Confesso que ainda tenho muito a confessar e que quando olho pra trás, sou bem menor do que aparento ser.

domingo, 6 de março de 2011

Cisne Negro

Semana passada, assisti com o meu amigo Eduardo o filme Cisne Negro. O filme conta a história de Nina, uma bailarina que confunde dedicação com obsessão, que não enxerga limites para conseguir o que quer, ou seja, ser perfeita. Porém até mesmo seu ideal de perfeição é alvo de ressalvas. Ela precisa provar para a companhia da qual faz parte que é capaz de incorporar tanto o cisne branco quanto o cisne negro, na nova versão de O Lago dos Cisnes que está sendo montada e que promete apresentar um novo talento após a saída da até então rainha da companhia.

Natalie Portman, luminosa, carrega toda a pressão e sofrimento da personagem em uma silhueta raquítica. Tudo nela é frágil e vulnerável, do tom de voz aos tímidos e medrosos olhares. O restante do elenco, em contrapartida, rivaliza pelo posto de mais ameaçador. Todos intensificam a sensação de que Portman está prestes a quebrar, como uma boneca de porcelana.

Nina é um personagem trágico e Aronofsky levará isso às últimas consequencias, ou seja, ao palco, onde o artista morre para dar vida a outro ser, muito maior e importante naquele espaço físico e temporal. O artista é trágico por definição , substituível e descartável, uma vez que está ali apenas como um meio para um fim. É o que acontece com a rainha da companhia, que deposta de seu trono, começa a ser consumida por vaidade e egoísmo.

O agravante aqui é que Nina é muito mais menina do que mulher. Do seu quarto, em tons de rosa e repleto de bichos de pelúcias, até a maneira submissa com que acata qualquer decisão da mãe, tudo leva crer que a moça de 28 anos ainda não completou sequer uma década de vida. E é logo dessa criança em corpo de mulher que será exigido a dolorosa mutação.

sábado, 5 de março de 2011

Rachel Sheherazade Esperando a Quarta-Feira de Cinzas

Discordo de vários pontos levantados pela jornalista Rachel Sheherazade, é obvio que boa parte dos lucros provenientes das micaretas de carnaval vão para os cofres das cervejarias e promotoras de eventos, mas por outro lado, tais empresas são geradoras de emprego e renda e estão inseridas no processo econômico. Podemos abrir um parênteses e dizer que no Brasil temos um sério problema de distribuição de renda, mas não podemos desdenhar o “up econômico” que as “festas populares” geram em nossa economia.

O comentário de Rachel serve como base para todos os comentários dos grandes eventos que acontecem no Brasil. Podemos dizer que a Parada Gay é uma farsa e que por detrás da luta pelos diretos homoafetivos, estão as empresas de trio elétrico, os grandes patrocinadores e as grandes redes de hotéis lucrando alto com isso. Sim, podemos dizer isso, da mesma forma que podemos falar do Natal, do Dia das Mães, do GP de Formula 1 e por ai em diante.

Vivemos num mundo capitalista e onde houver oportunidade de maximização de lucros, ele acontecerá. Dizer que as classes C, D e E não lucram com isso, é um absurdo. Vamos perguntar se o vendedor de latinhas e churrasquinho da esquina está satisfeito? No carnaval, na Parada Gay e em tantas outras festas populares, podem ter certeza que a mesa desse vendedor ambulante fica mais farta. A festa maior é dos mais ricos, não posso negar, mas essa é uma questão mais ampla, que tem que ser fortemente discutida por nossos parlamentares. O Brasil é um dos países com a maior concentração de renda e precisamos de politicas econômicas que distribuam as nossas riquezas de forma mais justa e igualitária.

Rachel Sheherazade tocou num ponto muito importante, que eu não posso discordar, que é a questão das serviços públicos se voltarem para as grandes festividades e no nosso dia-a-dia sentimos a ausência dos mesmos. Da mesma forma que o serviço se democratiza nos locais onde a economia gira nos períodos de grandes festividades, esse serviço também tem que estar presente no nosso cotidiano.

Talvez o velhinho do interior, que tem que ser transportado para outra cidade para a realização de exames, não tem uma tributação que justifique o serviço público inclinado para as suas necessidades, nesse ponto voltamos para a questão da má distribuição de renda, o Estado tem que arrecadar, em momentos como o Carnaval e distribuir essa renda de forma democrática, analisando as necessidades de cada região e favorecendo os menos abastados dessa nação. Que venha o Carnaval, a Parada Gay, a Festa de São João e Boi Bumba e que paralelamente a todas essa festas, que venham politicas econômicas inclinadas para a necessidade do nosso país.