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domingo, 10 de julho de 2011

Sobre Términos de Relação Afetiva e Enterros Simbólicos

Depois de tanto tempo, percebo que fiquei um pouco egoísta, sem paciência para esperar e pensando em mim acima de tudo. Sei o quanto posso dar e não quero receber menos. Muitos dizem que relacionamentos não é uma troca, algo que não concordo. É uma troca sim e se você fica dando mais por muito tempo, vai chegar o momento que a balança irá tombar e aquela relação afetiva, que tanto era valorizada anteriormente, irá para a ruína.

Carinho, afeto e companheirismo são momentos construídos não apenas por uma das partes, tem que haver um troca na relação afetiva. Conheci um cara, muito bacana por sinal, pois se não fosse eu não estaria sensível por conta dele. Ele está passando por um momento delicado e e entendo o seu momento, mas infelizmente não é o momento que eu estou vivendo. Passei por situações que ele esta passando, ele terminou um relacionamento duradouro há seis meses, está tentando alçar voos, mas não consegue. Eu demorei quase um ano depois que terminei com o meu ex, cada um tem o seu tempo, não posso, não devo e não é justo cobrar absolutamente nada nessa situação.

Depois de término de um relacionamento, antes de enterrarmos nossos exs, não conseguimos continuar a viver em plenitude. No filme "Como Esquecer", Júlia (Ana Paula Arósio) teve que matar sua ex-namorada, a Antônia (personagem oculta) e antes de tal morte, ela não obteve êxito em suas tentativas de continuar a viver.

No filme, Júlia andava no meio da multidão, de repente parou, olhou para trás, olhou novamente, continuou a andar e sorriu. Ela teve que olhar duas vezes para reconhecer a Antônia e a partir daquele momento ela continuou a viver, Antônia estava morta para ela e o não reconhecimento da mesma de imediato, significou o cerimonial de enterro que devemos cumprir socialmente. Quando não enterramos alguém, nem que tal cerimonia seja um ato simbólico, o fantasma daquele morto continuará a nos assombrar.

Por muitas vezes tentei me relacionar com alguém, mas o Douglas continuava vivo, continuava a me assombrar, tirando minha paz, meu sono, minando os meus sonhos. Sua morte foi muito gradativa, o que aumentou ainda mais a minha dor, tive que mata-lo para sobreviver. Meses atrás, precisei falar com ele, como sempre fiz, peguei o telefone e fui discar, mas eu havia esquecido o numero. Fiquei feliz com aquilo, aquele numero de telefone que sabia de cor, que ligava várias vezes por dia, tinha saído da minha memoria.

Assim como Julia foi matando Antônia aos poucos, eu matei o Douglas aos poucos, na demanda das minhas forças. Dessa mesma forma, essa cara bacana que eu conheci, tem que matar o seu ex, até que todo o ódio, rancor e mágoa vá embora e ele consiga lembrar desse relacionamento de forma positiva.

Semana passada, estava com ele numa padaria, no Largo do Arouche e perguntei: quer ketchup? Depois comecei a rir, ele perguntou o porque e eu expliquei que certa vez, fui com o Douglas comer pastel e riamos toda vez que a atendente perguntava “quer ketchup?”, fazíamos uma analogia com “quer que te chupe?”. Depois de contar pra ele, disse que estou em paz e que consigo lembrar de bons momentos que tive, sem dor, sem peso, apenas como algo bom que passou, se foi.

De coração, desejo que ele fique bem e que se não ficar bem comigo, que fiquei bem com qualquer outra pessoa. Perder uma pessoa que um dia amamos, é muito triste, é a morte em vida. Se levantar, se recuperar dessa perda, é uma questão muito pessoal, cada um tem o seu tempo. Espero que o dele não seja duradouro e que de fato encontre paz em meio a momentos tão tristes.

6 comentários:

Raphael Martins disse...

Que texto legal. Existem ex-namorados bem marcantes na vida de cada um. Cabe a nós escolher as melhores lembranças que nos permitam seguir em frente. Abraço !

FOXX disse...

amém!
que bom q vc já melhorou
que ótimo, pra dizer a verdade!

Eduardo Rolim disse...

Nossa, como isso é verdade. Aconteceu comigo há algum tempo de eu gostar de uma pessoa e termos "terminado". Naquela época eu não tinha esquecido ela e anos depois nos reencontramos e ficamos juntos, mas da mesma forma que antes, não deu certo.

Acho que no meu caso, a relação foi morrendo enquanto ainda estava com a pessoa, e depois do rompimento, tive dificuldades de me livrar dos fantasmas, até que eu doei o urso de pelúcia e joguei fora o buquê de flores há muito tempo guardado, e finalmente aquele fantasma foi indo embora.

Hoje, as vezes vejo um carro igual o dele na rua e nem me lembro disso. Anteriormente, eu sempre ficava imaginando que a pessoa atrás do vidro fumê era ele. Agora, é só mais um carro comum na multidão.

Ro Fers disse...

Tive uma experiencia chata mes passado.
Estava ficando com um garoto que havia admitido gostar muito de seu ex, porém segundo ele, jamais teriam chances de voltar...
Em suma, me apeguei muito a ele, me apaixonei muito rápido, tudo estava muito bem, até que de repente ele terminou tudo de maneira inexplicável...
Só me resta sentir o sabor da saudade...
Forte abraço!

Anônimo disse...

Acho bacana a forma que você expõe os seus argumentos e o modo de manter uma linha de raciocínio reta mas sem ser "chata" .

Adicionei o seu blog ao meu blog também.!

Biah disse...

pois é...