Recentemente saiu na mídia que a Prefeitura Municipal de São Paulo está a um passo de legalizar a internação compulsória de viciados em drogas que vivem em situação de rua. Quando vi a noticia, fiquei estarrecido, achei um absurdo tal ato, pois um tratamento de desintoxicação depende muito mais da vontade do paciente, do que dos recursos disponíveis aplicados. Ainda mantenho a minha posição e tenho certeza que tal ação, se aprovada, será pouco eficiente nos seus objetivos.
Alguns amigos defenderam que a questão é bem mais ampla e que a internação compulsória viria para sanar parte dos nossos problemas de segurança pública, pois muitos desses usuários de drogas passam a cometer pequenos delitos a fim de conseguir dinheiro e objetos para depois trocar por drogas ilícitas. Mesmo com essa explanação, me coloquei contra a questão, pois de nada adiantará um tratamento realizado mediante uma internação forçada.
Terça-feira (06/09), saindo da Secretaria de Estado da Cultura, local onde trabalho, estava caminhando até o Largo do Arouche, caminho que sempre faço a pé. Passei por um menino de rua, que deveria ter no máximo 12 anos. Ele me pediu 50 centavos, eu disse que não tinha. Ele veio atrás de mim e pediu novamente os 50 centavos, novamente eu disse que não tinha. Furioso ele tirou um faca que estava escondida num cobertor que ele usava sobre os ombros e pediu o meu celular.
Fiquei assustado, virei o corri. No susto, desesperado, dei poucos passos no sentido de um posto móvel policial, que fica em frente a Secretaria da Cultura e cai. Machuquei meu joelho, ombro e região abdominal, que até o momento encontra-se machucada, doendo. Tive que ser medicado, por conta das dores que já estava incomodando bastante e tal fato me levou novamente a refletir sobre a noticia que vi há semanas sobre a internação compulsória.
A questão dos meninos de rua da Cracolândia, vai muito além da questão de saúde pública, tornou-se uma questão de segurança. O Estado é responsável pela nossa integridade física e tal caso se faz necessária uma intervenção imediata. Não podemos continuar dividindo as ruas com pequenos infratores que rejeitam os organismos que o Estado coloca a disposição para que eles deixem as ruas.
Em frente ao local que houve a tentativa de assalto pelo menor infrator, existe um albergue público, local que não tem sua capacidade de lotação atingida. Muitos dos moradores de rua, estão na rua porque não conseguem viver obedecendo regras. Em todos os lugares, na nossa casa, em nosso trabalho e na nossa vida social, obedecemos regras e até mesmo para viver num albergue, existem regras para serem obedecidas, regras que muitos dos moradores de ruas não querem cumprir.
Ainda não tenho uma opinião completamente formada sobre a internação compulsória, mas ela existindo ou não, o Estado tem que intervir sobre a questão desses infratores que passam dias e noites desequilibrando a ordem pública e tirando o direito de outros cidadãos de bem de ir e vir. Não passarei mais naquele lugar com a tranquilidade que passava antes, estou com os meus direitos violados e o Estado tem que intervir, seja acionando a Fundação Casa, ou habilitando clinicas de dependentes químicos para tratar a questão desses dependentes que recusam o tratamento e preferem as ruas, para cometer seus delitos e sustentar o vicio das drogas.
4 comentários:
ou seja, não é internação né? é prisão por um crime que eles poderiam vir a cometer um dia... é simples preconceito.
Não sei se é simples preconceito, é o que está acontecendo diariamente com a sociedade e tal questão não pode ficar no colo da sociedade. Não são crimes que eles poderiam cometer, são crimes que estão cometendo. Te convido a passar um dia na Cracolândia, se quiser.
o grande problema é que a situação saiu de tal controle que talvez medidas mais bruscas sejam de fato necessárias
lamento o ocorrido com você e espero que estejas bem agora
Por questões de segurança, como você mesmo viu, eu concordo com essa lei.
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