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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Marcha Nacional Contra a Homofobia

Participei da II Marcha Nacional Contra a Homofobia. Fui para Brasília representando o Diversidade Tucana, núcleo da Diversidade Sexual do PSDB, além da minha participação, também estavam Marcos Fernandes, Gui Tronolone, André Pomba e André Juquinha representando a DT e outros simpatizantes do PSDB.

Fui com o ônibus do Conselho da Diversidade Sexual de São Paulo. No inicio achei que seria cansativa uma viagem de mais de 15 horas e eu não estava enganado, ela foi cansativa mesmo. Como toda viagem em grupo, o pessoal estava bem animado e a animação foi até Brasília, ou seja, ninguém dormiu.


 De madrugada, quando eu estava tentando dormir, vi o meu companheiro de viagem pegar uma cartela de Prozac, ele se virou para mim e perguntou: - Servido? Eu respondi: Quero um, por favor. Foi o meu primeiro Prozac, não senti nada demais, nem consegui dormir, mas deu para relaxar.

A falta de organização do ônibus foi um fato marcante na viagem. Quando o  representante do Conselho, que tinha a simples tarefa de organizar uma viagem, sugeriu que poderia fumar no banheiro, eu já imaginei o que aquilo iria virar. Todos sabem que ônibus tem ar condicionado e o sistema de ar do ônibus espalhou o cheiro de cigarro no ônibus inteiro e fomos de São Paulo a Brasília como fumantes passivos para o beneficio de poucos. Sem contar as paradas, que eram feitas sem organização alguma e com um período de duração muito longo, o que nos fez chegar atrasados em Brasília, quando o previsto era para chegar com duas horas de antecedência.

Gui Tronolone, André Pomba e Marcos Freitas
Brasília estava bem mais quente do que foi noticiado na previsão do tempo, a máxima de 22° foi parar em 31. Não levei protetor solar e fiquei com o rosto bem queimado, como os meus olhos estava irritados, comprei um óculos, que me proporcionou um linda marca no rosto que me remetei ao episódio do Chaves, em que eles vão para Cancun e o Quico toma sol com óculos e fica com o rosto marcado.

A manifestação foi super positiva, apesar do clima partidarista em meio aos participantes. Todos os participantes foram respeitados, mas quando um membro da Diversidade Tucana tomou a palavra, ele foi vaiado por alguns manifestantes.

Marcos Freitas e Wagner Nunes
A senadora Marta foi ovacionado quando tomou a palavra, falou de vários estados e o seus avanços quantos a questão de politicas públicas para a comunidade LGBT, mas não citou São Paulo, justamente o Estado que a elegeu para senadora. Acredito a Marta ficou com vergonha de ter sido prefeita de São Paulo e não ter feito absolutamente nada para a comunidade gay. Para a Marta e para todos aqueles que tem a erronia visão que o PSDB não é um partido de vanguarda na questão dos Direitos aos LGBTs, deixo uma relação de algumas de nossas conquistas no Estado de São Paulo:
  • Na gestão do Governador André Franco Montoro, antes mesmo da fundação do partido, em sua gestão no Governo do Estado de São Paulo (1983-1986), foi o primeiro homem público brasileiro a instituir, de maneira sistemática, ações de combate à perseguição aos homossexuais, travestis e transexuais, bem como a seus locais de freqüência, praticas comuns na época da ditadura militar.
  • No âmbito estadual, Geraldo Alckmin, em 2001, no Governo do Estado de São Paulo, sancionou a Lei 10.948, que proíbe e pune a discriminação por orientação sexual e identidade de gênero. Em 2006, alçou o então GRADI – Grupo de Repressão a Delitos de Intolerância a DECRADI – Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, que atua no mapeamento, controle e repressão dos grupos homofôbicos.
  • No município de São Paulo, José Serra, homem de visão, instituiu o primeiro órgão de administração pública brasileira voltado à diversidade sexual. Em seu segundo mês de governo frente à prefeitura de São Paulo, em 2005, criou a Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual.
  • Ainda em 2005, Serra decretou a criação do Conselho Municipal em Atenção à Diversidade Sexual, espaço de interlocução entre o poder público e a sociedade civil, bem como o Centro de Referência e Combate à Homofobia.
  • Como governador, Serra criou a Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual, no âmbito da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania; instituiu o Comitê Intersecretarial de Defesa da Diversidade Sexual e o Conselho Estadual de Defesa da Diversidade Sexual e realizou a I Conferencia Estadual LGBT de São Paulo. 
  • Em relação às garantias legais para a população LGBT, Serra regulamentou a Lei 10.948, e publicou decreto acerta do uso do nome social na administração pública. Para travestis e transexuais, Serra criou o Ambulatória de Saúde Integral.
  • Em 2007, Serra foi revolucionário ao reformular o Sistema Previdenciário do Estado de São Paulo, instituindo o direito à pensão ao(à) parceiro(a) e fundou o Núcleo de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito, no âmbito de Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Até entendo a posição da Senadora Marta, mas não as valido. Deve ser difícil assumir para um público que ela se auto-domina como mãe e defensora, a sua total incompetência. A criação da Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual foi uma promessa dela, que articulou com o movimento LGBT em campanha, mas quando ela se elegeu, não articulou mais com o movimento LGBT e quando os militantes Gays foram até a prefeitura, para cobrar respostas, a então Prefeita Marta pediu para a Guarda Civil Metropolitana tirarem os militantes do prédio da prefeitura. Nem de longe Marta é a mãe defensora do movimento gay, ela está mais para bruxa ou madrasta do movimento.

Agora como senadora, Marta desengavetou o PLC 122, projeto da Deputada Estadual Iara Bernardes que ficou órfão no senado. Hoje Marta é a relatora do projeto e mais uma vez se mostra como a “Super Marta”, a heroína que pode tudo e que sem ela os gays desse país ainda andariam de riquixá.

Na verdade, Marta está despersonificando ainda mais o PLC 122 e a comunidade Judaica, que não tem uma atuação ativa junto ao movimento gay, veio a público para criticar a senadora. As alterações feita pela “Super Marta”, abre brecha para permitir que religiosos possam ofender homossexuais durante os cultos. Segundo o texto proposto pela senadora, manifestações em cultos não poderiam ser enquadradas como crime de preconceito racial, religioso ou mesmo sexual.

Marta Suplicy argumentou que não se deve punir por discriminação os casos de "manifestação pacífica de pensamento fundada na liberdade de consciência e de crença". A senadora justificou que não se deve ignorar que muitas religiões consideram a prática homossexual uma conduta a ser evitada. Marta não é defensora dos gays e está novamente usando o movimento como palanque para se promover.

A volta para São Paulo foi tranquila e como estava cansado, dormi quase a viagem inteira. A ordem para fumar no banheiro foi revogada, para a alegria dos não fumantes e por respeito a leis federais, estaduais e municipais, que o conselheiro responsável deveria conhece-las. Avalio a Marcha como positiva, mas ainda temos que lutar contra o partidarismo, o que engessa o movimento gay, impedindo que grupos de diversos partidos se unam em nome de um bem maior.

3 comentários:

Hugo de Oliveira disse...

Que legal...

FOXX disse...

é, eu deveria ter ido, mas esse doutorado tá me sufocando...

Leo Carioca disse...

Muito interessante.
E achei muito importante vocês terem ido.
Pra mim, por motivos, pessoais, fica meio difícil viajar assim pra outro Estado. Mas acho muito bom que muita gente tenha comparecido.