Não entendo o porque o ser humano sempre busca por algo que não tem. Nunca nos contentamos com o que temos e não valorizamos o que nos faz feliz. De fato, temos a tendência valorizar o que perdemos, mas quando as temos, é apenas uma conquista que não cogitamos a perda.
Sou um cara cheio de defeitos e confesso que já desdenhei o que amo, não sei se por covardia ou defesa, mas confesso que não é um comportamento recorrente. Acredito que por diversas vezes pareço enfadonho com as pessoas que amo, por diversas vezes frisar tal amor e reafirmar a necessidade da presença dos mesmos em minha vida.
Tenho alguns medos em minha vida, dentre eles, esta o de ficar sozinho. Mas o que fazer quando estamos sozinhos "a dois"? Esse é um medo muito maior e percebo que existem muitos casais que vivem tal situação. Estão juntos por conta de convenções, para mostrar a sociedade que a vida afetiva não tem nada de errado e passam a viver verdadeiras encenações de "casal maravilha".
No orkut há diversos perfis de casais, como se ambos estivessem nascidos juntos e até mesmo os perfis de internet tem que reafirmarem essa indivisibilidade. Na verdade, somos mais indivisíveis do que imaginamos. O ser humano é o mais cruel dos predadores quando se sente ameaçado e são capazes de exterminarem animais da mesma especie para reafirmarem o seu "eu" interior.
Nos meus 29 anos, pouco tenho e não quero muito a mais do que ainda não conquistei. Quero alguém para amar e que esse alguém também me ame, dividir minha vida, mas a uma distância suficiente para que todos percebam que somos diferentes e por final, quero procurar ter momentos felizes. Acredito que não são anseios muitos diferentes dos desejos afetivos da grande maioria.
Tenho uma vida afetiva com o Douglas há mais de 7 anos, nesses anos confesso que fomos mais felizes do que infelizes, mas temos que tomar cuidado quando vamos avaliar uma vida, pois temos a tendência de sempre evidenciarmos os momentos de desprazer e estabelecer um sentimento de mudança, que a vida não está dando certo e que sozinhos poderiam ser mais felizes.
O segredo de um relacionamento duradouro é o querer estar junto. Quando uma das partes não querem, o compromisso está fadado ao fim e não há muito o que ser feito. Os que estão de fora do relacionamento, veem uma vida perfeita, sem grandes problemas, mas muitas das vezes esse "querer estar junto", significa ceder, lutar, compartilhar e perdoar. Quando isso ocorre, os problemas decorrentes a relação, se tornam suportaveis e o "querer estar junto" se renova a cada dia.
3 comentários:
disse tudo!
mas nem sempre a gente consegue ter alguém com quem dá pra ficar junto né?
Já leio seu blog há bastante tempo e acho que nunca comentei por aqui em nenhuma das minhas postagens, mas seu post hj tocou num ponto que estou vivendo nesses últimos dias, que é a mudança do meu namorado para outro estado.
Sinceramente, há alguns meses atrás eu me sentia meio distante, da mesma forma que vc falou, desdenhoso, sei lá. No entanto, nesses últimos tempos, nossa relação ficou extremamente forte, principalmente agora que ele está na iminência de mudar de estado para fazer doutorado (quinta-feira).
Não vou mentir que esses tempos eu fingi que isso era algo longínquo, que nunca me afetaria, pois era a única maneira de não ficar insano nesse período, mas hoje me dei conta de o quão perto está, e todas aquelas defesas que criei se demonstraram inúteis.
Hoje estou vivendo com ele uma coisa muito forte, muito intensa, sabendo que isso vai terminar em alguns dias. E ao mesmo tempo que estou extremamente feliz, também estou me sentindo muito triste. Mesmo sabendo que ele volta depois de 4 anos, a sensação não vai embora ...
O que você falou é um fato inexpugnável. O ser humano sempre busca por algo que não têm e não valoriza o que têm até perceber que pode perder isso.
Relação é uma conexão, algo como o "querer estar junto" que você citou. Mas querer estar junto pode não significar "estar junto fisicamente", mas algo diverso ou além disso. A gente pode "estar junto mentalmente" quando, por exemplo, está afinado com os mesmos ideais, com os mesmos objetivos ou mesma sintonia.
Em cada relação (do latim, relatio), um tipo de fidelidade (acordo) é firmado e apenas aos indivíduos atingidos por este acordo, interessam suas regras.
Racionalmente, estas são as regras mais óbvias e mais libertárias (talvez!) para a convivência.
É daí e por conta de um "detalhe" chamado campo sentimental que as coisas complicam, pois em só de racionalidade vivem os Homens.
Os auto-enganos (inerentes ao processo eterno de "conhecer-se e educar-se) são o "Calcanhar de Aquiles" dos relacionamentos. É preciso, sim, vencer fraquezas de si mesmo e também entender com sinceridade as fraquezas alheias (afinal, porque o outro não haveria de ter fraquezas também?) para sustentar pelos tempos, algo que em filosofia (de boteco!) eu chamaria de regulação entre "o mesmo e a diferença".
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