Ontem, assisti o polemico documentário “Olhos Azuis”, idealizado pela americana Jane Elliot, uma mulher branca, de coragem e que enfrentou o preconceito racial da sociedade americana dos anos 60. Elliot era professora primaria e para mostrar aos seus alunos brancos como as outras crianças que não tinham a cor da pele caucasiana e/ou os olhos azuis sofriam por conta da imposição da classe dominante, ela realizou um exercício em sala de aula, separou as crianças pela a cor dos olhos com colares de papel no pescoço e as inferiorizou, dizendo que não eram capazes, que não poderiam usar o mesmo banheiro e bebedouro e que não podiam brincar com as demais crianças, pois se não podiam usar os mesmos banheiros e bebedouros, significavam que eram sujas e deveriam ficar separadas no horário do intervalo.
A experiência no colégio infantil durou apenas um dia, mas mudou a vida daquelas crianças para sempre, no final da aula elas tiraram os colares que as estigmatizaram e aprenderam uma grande lição acerca do preconceito. Só quando sentimos o preconceito na pele, sabemos como é difícil ser separado por condições que são inerentes ao ser humano. Ainda criança, eu senti isso na pele, fui separado no colégio porque os meus gostos e tendências não condiziam com aos gostos dos demais meninos, não gostava de futebol, não falava de meninas, era extremamente educado e gostava de estudar. As crianças são implacáveis, não perdoam, nunca perdoaram ninguém. Acabei me juntando ao grupo dos excluídos, entre eles estavam o meu amigo “Léo Gay”, a “Janaina Gorda” e eu, o "Marcos Viadinho”.
Na época, eu fazia natação com o “Léo Gay”, na nossa turma havia outro garoto do nosso colégio, ele estudava na minha classe, sempre, no horário da saída da natação ele nos ofendia (o Léo e eu), até que um dia eu comecei a bater nele. Ele xingava e corria, eu ia atrás, eu era mais forte que ele, mas ele corria mais rápido, mas quando eu pegava, batia com gosto. No outro dia, ele contava para amigo dele, de outra série, que eu havia batido nele, ai ele me batia e dizia que nã para nenhuma gayzinho bater no amigo dele, no outro dia, na natação ele novamente me xingava, eu novamente batia nele e na saída do colégio o amigo dele me batia novamente, e isso virou um circulo vicioso que durou o ano inteiro, no outro ano, minha família se mudou e eu mudei de colégio e o circulo se rompeu.
No documentário, Jane Elliot repete o exercício feito com os seus alunos primários, com adultos, separando os de olhos azuis e tratando-os com inferioridade. Em duas horas, Elliot prova que o poder da persuasão é capaz de deprimir pessoas resolvidas e bem sucedidas e depois critica dizendo que eles passaram por aquilo por apenas duas horas e pergunta: como ficam os negros, homossexuais, gordos e tantos outros grupos estigmatizados pela sociedade? No Brasil, o preconceito está tão difundido na sociedade, que me assusta. Vejo aqui o preconceito dentro dos grupos de minoria, gays estigmatizando gays e negros estigmatizando negros e isso ocorre de uma forma tão sutil que acabou surgindo uma nova modalidade de preconceito: o preconceito de ter preconceito.
O primeiro passo para acabarmos com esse câncer que consome a sociedade, é não se enganar e assumir para si mesmo os seus preconceitos, sempre ouvimos declarações do tipo: “Não tenho nada contra gays, mas não quero ter um filho gay” ou “tenho amigos negros, mas não me casaria com um”. Temos que acabar de vez com a hipocrisia e assumirmos as nossas falhas sociais e assim como o documentário “Olhos Azuis” deixa bem claro, o preconceito só acabará com a imposição, grupos reprimidos tem que se sobressair diante dos seus opressores e se portarem da mesma maneira, ou seja, negros se portando como brancos e gays se portanto como héteros. Não me refiro às questões culturais, essas particularidades tem que ser preservadas, me refiro ao comportamento social, negros, gays e demais grupos reprimidos tem que se portarem com dignidade e combater com afronta o preconceito e fazer valer os seus direitos, somente assim essa situação será revertida.
A experiência no colégio infantil durou apenas um dia, mas mudou a vida daquelas crianças para sempre, no final da aula elas tiraram os colares que as estigmatizaram e aprenderam uma grande lição acerca do preconceito. Só quando sentimos o preconceito na pele, sabemos como é difícil ser separado por condições que são inerentes ao ser humano. Ainda criança, eu senti isso na pele, fui separado no colégio porque os meus gostos e tendências não condiziam com aos gostos dos demais meninos, não gostava de futebol, não falava de meninas, era extremamente educado e gostava de estudar. As crianças são implacáveis, não perdoam, nunca perdoaram ninguém. Acabei me juntando ao grupo dos excluídos, entre eles estavam o meu amigo “Léo Gay”, a “Janaina Gorda” e eu, o "Marcos Viadinho”.
Na época, eu fazia natação com o “Léo Gay”, na nossa turma havia outro garoto do nosso colégio, ele estudava na minha classe, sempre, no horário da saída da natação ele nos ofendia (o Léo e eu), até que um dia eu comecei a bater nele. Ele xingava e corria, eu ia atrás, eu era mais forte que ele, mas ele corria mais rápido, mas quando eu pegava, batia com gosto. No outro dia, ele contava para amigo dele, de outra série, que eu havia batido nele, ai ele me batia e dizia que nã para nenhuma gayzinho bater no amigo dele, no outro dia, na natação ele novamente me xingava, eu novamente batia nele e na saída do colégio o amigo dele me batia novamente, e isso virou um circulo vicioso que durou o ano inteiro, no outro ano, minha família se mudou e eu mudei de colégio e o circulo se rompeu.
No documentário, Jane Elliot repete o exercício feito com os seus alunos primários, com adultos, separando os de olhos azuis e tratando-os com inferioridade. Em duas horas, Elliot prova que o poder da persuasão é capaz de deprimir pessoas resolvidas e bem sucedidas e depois critica dizendo que eles passaram por aquilo por apenas duas horas e pergunta: como ficam os negros, homossexuais, gordos e tantos outros grupos estigmatizados pela sociedade? No Brasil, o preconceito está tão difundido na sociedade, que me assusta. Vejo aqui o preconceito dentro dos grupos de minoria, gays estigmatizando gays e negros estigmatizando negros e isso ocorre de uma forma tão sutil que acabou surgindo uma nova modalidade de preconceito: o preconceito de ter preconceito.
O primeiro passo para acabarmos com esse câncer que consome a sociedade, é não se enganar e assumir para si mesmo os seus preconceitos, sempre ouvimos declarações do tipo: “Não tenho nada contra gays, mas não quero ter um filho gay” ou “tenho amigos negros, mas não me casaria com um”. Temos que acabar de vez com a hipocrisia e assumirmos as nossas falhas sociais e assim como o documentário “Olhos Azuis” deixa bem claro, o preconceito só acabará com a imposição, grupos reprimidos tem que se sobressair diante dos seus opressores e se portarem da mesma maneira, ou seja, negros se portando como brancos e gays se portanto como héteros. Não me refiro às questões culturais, essas particularidades tem que ser preservadas, me refiro ao comportamento social, negros, gays e demais grupos reprimidos tem que se portarem com dignidade e combater com afronta o preconceito e fazer valer os seus direitos, somente assim essa situação será revertida.
7 comentários:
Concordo. Sonho com o dia em que as pessoas parem de ser tão preconceituosas a custo de nada.
E sobre a escola, sei muito bem o que é isso. Passei por isso, deixe-me ver... Desde a alfabetização até o meu terceiro ano! Sempre teve gente pegando no meu pé, inclusive a própria diretora (escola batista =_=), que me chamou de bicha! Dá pra acreditar nisso? Mas no fim agradeço... Anos e anos de bullying me deram muitas feridas que não cicatrizaram bem, mas ao mesmo tempo me deixaram forte.
PS: Eu bati em inúmeros coleguinhas de classe que me enchiam, mas com o tempo decidi parar porque senão eu ia quebrar a classe toda, não valia mais a pena... mas a língua continuou ferina, quem falava alguma coisa levava também.
Adorei a dica, assisti o Blue Eyed aqui (http://www.youtube.com/user/solomonsugar#g/u) e gostei muito.
Oi Marcos.
Continuo passando por aqui...e ficando horas a ler...
Ah, esqueci de dizer, virei garota propanganda desse blog, ando recomendando essa pagina como livro de cabeçeira, revista pra distrarir em viagens, ultimas noticias do Brasil e do mundo etc.
Alguns amigos ja passaram por aqui.
Um beijo grande.
Ai amigo...queria muito assistir esse documentário...viu.
abraços
Hugo
"Olhos Azuis”, foi um documentário espetacular não sobre preconceito mas sim sobre o ato nojento, sórdido e covarde que é o de discriminar alguém por qualquer razão e como não podemos ser nem coninventes com isso. mas senhor marcos, fiquei realmente sensibilizado pelo relato de sua infância, pq sei como o senhor se sente. até hoje eu sou um sujeito que é marginalizdo pela maioria dos grupinhos, o exlcuído, o estranho, o esquisito, e o exótico no pior sentido dessa palavra e sinto muito por pessoas como eu e o senhor terem que passar por experiências traumáticas como essas...
bem abço e muito obrigado por seu blog maravilhoso
Acho que só tenho preconceito a pobre-metido-a-rico. Ou nordestino.
Eu estou adorando o seu blog, passo horas lendo aki, parabens, e eu realmente concordo que devemos parar com a falsa moral e a hipocrisia para revertermos a doenca social que eh o preconceito... quero ver esse documentario, ja anotei... parece ser interessante, obrigado pelo dica!
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