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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Relatos Sobre a Violência no Brasil

Avenida Paulista, 6h30 da madrugada. Dois pastores evangélicos esperam um táxi quando veem cinco jovens atravessarem a rua na direção deles. Ao se aproximar, um deles dá um soco na cabeça de um dos pastores. As vítimas correm cada uma numa direção. “Apanhei até entrar no metrô. Ainda tropecei e caí na escada”, conta um deles. O outro cai no chão sangrando com os ferimentos e tem que ser levado ao hospital. Durante as agressões, os jovens gritam: “Seus evangélicos!”. Na sequência, o grupo segue armado com lâmpadas fluorescentes nas mãos em direção a outros três pastores que saíam de uma lanchonete. Eles atacam a cabeça e corpo de um deles com as lâmpadas. O segurança de uma loja sai em direção ao grupo de jovens, que foge. Detidos pela polícia mais tarde, eles afirmam que foi uma briga comum e que não têm nenhum tipo de preconceito religioso. *

Madrugada de sábado, esquina da alameda Jaú com a rua da Consolação, em São Paulo. Saindo de um bar, um militar volta a pé para casa com três amigos. De repente é surpreendido por uma garrafa lançada do outro lado da rua em sua direção. “Antes de a garrafa cair, outras pessoas me passaram uma rasteira por trás e eu caí. Meus amigos conseguiram correr e entrar em um bar, mas eles [os agressores] seguraram minhas pernas e começaram a me chutar.” Por alguns minutos, ele é espancado por uma gangue de homens e mulheres com roupas pretas e coturnos. Como resultado das agressões, o militar tem o maxilar quebrado, perde um dente canino, sofre luxação nas costelas e recebe pontos na boca e no nariz. *

Confundidos com uma dupla sertaneja, um homem de 42 anos e seu filho de 18 anos foram atacados por um grupo de seis rapazes numa noite de quinta-feira numa feira agropecuária em São João da Boa Vista (SP). “Um deles perguntou: ‘E aí, vocês são sertanejos?’ Eu disse que não. Não queria confusão”, conta o pai. Mesmo assim, ele levou um soco no queixo que o fez desabar no chão e ficar inconsciente. “Quando acordei, só ouvia os gritos: ‘O homem está sem orelha!’”. Na agressão, a orelha esquerda dele foi decepada por um instrumento cortante. “Tive de andar mais de 500 metros, sangrando, meu filho segurando o copo com gelo e minha orelha. E ninguém nos socorreu”, declarou. O pedaço da orelha apodreceu sem que ele conseguisse fazer o reimplante. *

* Estes depoimentos são histórias reais. As vítimas, no entanto, não eram sertanejos, pastores evangélicos ou militares, mas sim homossexuais ou pessoas tidas como homossexuais. Foram espancadas pelo simples fato de serem (ou parecerem ser) gays. As fotos, produzidas especialmente para este ensaio, não retratam as verdadeiras vítimas.

Onde denunciar:

Centro de Combate à Homofobia
http://tinyurl.com/3v34ogm

Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância
(11) 3311-3556

Disque 100
Serviço telefônico que funciona em todo o Brasil

2 comentários:

VINCENZO GONZAGA disse...

passei para dar um oi meu amigo e que retomei meu blog.....passa lá. beijo no seu coração

Fábrica de Música disse...

Mas eu não entendi, se eles não eram pastores, militares e nem sertanejos, pq está escrito isso nas notícias? Foram omissões feitas pela mídia?