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quarta-feira, 25 de junho de 2008

O Ultimo Adeus

A sensação da morte é tão estranha, é a ausência de tudo, ver um corpo de tinha vida desfalecido é a pior experiência que possa existir, minha tia era tão cheia de vida, adorava artes, fazia arte, sua vida foi dedicada ao artesanato, pintura, crochê, e tudo que se possamos imaginar nesse segmento, ela era professora de artes e artesanato, ontem foi tão estranho entrar na casa dela e saber que ela não estava mais ali, saber que não estava entre nos, ver tantas fotos, tantos trabalhos incompletos, coisas que ela tinha certeza que daria continuidade, que daria o seu toque final, toque que só ela sabia dar.

Fiquei sabendo do ocorrido por volta de meio dia, minha prima me ligou dizendo que estava desconfiada que a sua mãe havia falecido, pois o hospital estava pedindo documentação, e o setor de visitas tinha barrado a sua entrada, fiquei apreensivo, fui ter a certeza quase uma hora depois, quando minha prima me ligou aos prantos dizendo que a sua mãe tinha partido, tinha deixado ela sozinha, essa sensação de solidão após uma despedida permanente é horrível, é uma ruptura de toda uma historia, de todos os eventos que viria pela frente.

Minha mãe ficou sabendo às 19 horas, nesse horário eu estava no IML, tinha que dar uma assistência para a minha prima que estava muito abalada, minha mãe passou muito mal, sua pressão subiu muito, sua língua começou a enrolar, sua boca endureceu, ela desmaio e seus lábios ficaram roxos, ela foi levada para o hospital mais próximo da minha casa, onde foi medicada e permaneceu por quase duas horas em observação, fiquei com medo de também perder a minha mãe, assim como as outras irmãs, ela também tem uma saúda frágil, tem antecedentes cardíacos, e não lida muito bem com fortes emoções, mas graças a Deus ela se estabilizou e pode acompanhar o velório e enterro, no velório ela também desmaiou e sua língua começou a enrolar, mas a socorremos, conversamos com ela, e ela se acalmou.

No IML, minha irmã e eu reconhecermos o corpo, foi a primeira vez que entrei num IML, confesso que a sensação não é das melhores, ver a minha tia deitada naquela maca de ferro, já com o corpo todo drenado foi horrível, chorei bastante, peguei na mão dela, mãos que antigamente eram quentes, agora estavam frias, muito frias, seu corpo estava inchado, principalmente nas extremidades (mãos e pés), foi uma sensação de vazio e impotência, ver um corpo antes com vida, agora totalmente sem vida, desvairado de quaisquer sentimentos, a liberação do corpo foi rápida, do IML em Diadema, seguimos até o cemitério em Santo André, onde não havia ninguém, sua filha estava resolvendo questões administrativas com a administração do cemitério, assim que ela chegou fui com ela em sua casa, ela precisava fazer algumas ligações e tomar um banho.

Quando voltamos para o cemitério, minha mãe já estava lá, estava arrasadas, chorando, dizendo que agora só lhe restava duas irmãs, sendo que uma está internada a mais de três meses, como relatei no post “A Fragilidade da Vida”, essa minha tia que está hospitalizada foi liberada para acompanhar o velório e enterro, mas ela preferiu não comparecer, eu fui um dos que insisti para contar a ela que sua irmã havia falecido, pensei nela como se fosse eu, no lugar dela eu gostaria de saber, os filhos dela disseram que ela ficou abalada, chorou, mas preferiu não ir, melhor assim, ela saiu de uma UTI a pouquíssimo tempo e a emoção de enterrar uma pessoa querida poderia prejudicar o seu estado clinico.

As 10h30min o caixão foi fechado, foi uma hora difícil para todos os presentes, é a ruptura total com a vida, pois apatir daquele momento nem o corpo sem vida de uma pessoa querida nos tínhamos, optamos por não utilizar o carrinho para carregar o caixão, nos levamos até a cova, minha irmã e eu ajudamos, foram momentos difíceis, carregar alguém querido para o “Nunca Mais”, nesse caso podemos dizer “Nunca”, contrariando o ditado “Nunca diga Nunca”, não consigo achar palavras para descrever o que senti quando vi aquele caixão descendo a cova, ao ver minha mãe, minha tia, meus familiares sofrendo, chorando se compadecendo, é uma dor, uma angustia que não dá para expressar, a única coisa que eu sei, é que eu sofri e estou sofrendo, pois a minha Tia Aparecida partiu, nunca mais a verei, agora só restam lembranças de uma vida passada, e a dor do rompimento de eventos futuros.

Vai com Deus minha querida Tia, a dor, a angustia e a opressão não lhe acompanham mais, minha tia não andava a quase dois anos, de inicio ela conseguia o auxilio de um andador, depois nem isso, teve que se conformar com uma cadeira de rodas, a cirurgia que ela fez era justamente para ela voltar a andar, os médicos disseram que as chances de sucesso eram poucas, mas mesmo assim ele teve coragem e fez a cirurgia, a admiro por isso, lutou até o fim pela sua liberdade, e hoje ela não pode andar, mas pode voar muito mais alto do que pássaros, aviões ou foguetes, pode voar como uma águia, mas num plano muito mais alto, onde a águia jamais ousará chegar.

Maria Aparecida Vicente
09/04/1955 a 24/06/2008

12 comentários:

Anônimo disse...

que pena dejeso que sua familia e voce superem essa perda abracos, nunca sei o que dizer nessas situacoes. t+

Anônimo disse...

que pena dejeso que sua familia e voce superem essa perda abracos, nunca sei o que dizer nessas situacoes. t+

BinhoSampa disse...

nessas horas palavras não vão ajudar a aliviar a dor, mas tenh força, para passar mais essa fase em sua vida.

Abs.

Anônimo disse...

EStou solidário a sua dor, porque sei o que é perder um ente querido. Passarei aqui mais vezes, e espero encontrar-te com palavras de saudades e não mais de dor.
Abraço.

Daniel disse...

Oi passageiro,
Apenas para agradecer a todas a visitas feitas ao meu blog.
Thanks a lot.
Beijos de Londres.
Dan
www.sembolso.blogspot.com

Adoa Coelho disse...

Os meus pêsames. Felizmente os nossos entes queridos continuam a viver em nós...
Tenho a ideia de que tudo te acontece...

Beijo

Anônimo disse...

Eu só posso desejar muita força para todos vocês superarem isso.

A morte de um parente querido pode abalar profundamente uma pessoa. Torço para que você saia dessa do melhor jeito possível ;)

É bom também que tenha desabafado aqui. Ajuda muito a superar uma situação ruim.

Abraços fortes e desejos de paz :-)

Anônimo disse...

A morte de um ente querido... umas das coisas mais difíceis de se enfrentar. É uma coisa que mexe com nossos mais profundos temores.

Desejo a você muita força nessa hora.

Grande abraço.

Rhenan
www.sexpride.blospot.com

Anônimo disse...

estamos contigo desde andorra e sentimos muito a tua perdida

Anônimo disse...

Tot necessita el seu temps...
Aviat recuperaràs l´equilibri emocional perdut... un petó des del país dels pirineos
Principat D´andorra

Anônimo disse...

Meu amigo, estou triste pelo que venho acompanhando sobre você.
Saiba que sou mais velha que você e tudo que gostaria em minha vida é que alguém sentisse minha falta quando eu morrer.
Você exaltou as qualidades de sua tia (que são maravilhosas), tenho inveja (no bom sentido, de quem ela foi).
Estou sempre te acompando, e acredite, estou muito triste...
Obrigada por nos participar de sua vida e experiências.

Grandes beijos, com muito carinho.

Anônimo disse...

oi meu xará kerido


lindo eu devo te confessar não li o post pelo motivo de não gostar de ler o sentimento de dor que vc tá passando eu desejo uma imensa força para vc e para sua familia uma perda é algo que não podemos nem sabemos lidar com ela, mas coloque tudo nas mãos do altissimo e ele te reconfortará e nós seus amigos estamos de braços aberto para te confortar..

muito beijos queridos deste amigo que te adora

kinho