Desde 1981, quando começaram os surtos de duas doenças raras entre jovens homossexuais masculinos nos EUA, e mais tarde em 1984, quando descobriram que tais surtos se tratavam do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana), uma doença que destrói o sistema imunológico do indivíduo, o Mundo nunca mais foi o mesmo. As doenças raras se tratavam da pneumocisti carinii, uma forma de pneumonia, e um câncer, o sarcoma de Kaposi que normalmente infectavam homens mais velhos. Em 1985, cientistas conseguiram desenvolvem um teste para diagnosticar a infecção pelo HIV.
Lembro que quando eu era criança, fui levado para fazer exames de sangue para me certificar que eu não tinha o vírus HIV. Minha mãe estava calma, como se estivesse me levando ao pediatra. Creio que ela não sabia das sérias conseqüências que tal doença iria causar nos decorrer dos anos 80. Meses depois do meu nascimento, tive que fazer uma transfusão de sangue, eu era apenas um bebê mas já tinha sérios problemas de saúde. Corri o risco de me enquadrar entre as primeiras vitimas de HIV no Brasil por conta de transfusão de sangue.
Uma amiga da minha mãe, evangélica, e que provavelmente só teve um homem em toda a sua vida, foi vítima do HIV. Em sua segunda maternidade, ela necessitou fazer uma transfusão. Algum tempo se passou, e ela começou a perder peso rapidamente, ela até ficou feliz, pois precisava emagrecer, mas começou a se preocupar quando começou a ficar muito abaixo do seu peso. Ela procurou um médico, e foi diagnosticado que ela tinha HIV. Tempos depois ela faleceu, o caixão foi lacrado. Ela deixou três filhos e o marido. Dos quatro, apenas o filho mais velho não estava contaminado com o vírus. O marido foi para Minas, o escândalo foi muito grande e a convivência deles na sociedade tornou-se impossível. Imaginem: Nos anos 80 as pessoas imaginavam que HIV se pegava com o toque.
Hoje tenho amigos que convivem com o HIV. Apesar de todos os avanços da medicina, sabemos que o coquetel de medicamentos é uma tortura para os que têm que conviver o mesmo. Espero ver um dia a cura da AIDS, mas, antes disso, espero ver uma sociedade consciente, uma sociedade que não troca a sua integridade física por alguns momentos de prazer sem camisinha num sexo casual. Espero que o dia de hoje seja de reflexão, e que a sociedade consiga evoluir na grande luta contra a AIDS.
Concurso Cultural – A Guerra de Clara
Quer ganhar de presente o livro “A Guerra de Clara” de Clara Kramer? O Blog Passageiro do Mundo em parceria com a Editora Ediouro lhe dá esse presente. Para isso, basta responder a pergunta abaixo nos comentários do post “A Guerra de Clara”. A melhor resposta receberá um exemplar do livro em qualquer lugar do Brasil.
Você arriscaria a sua vida para salvar a vida de um refugiado de guerra?
As respostas serão aceitas até a meia-noite do dia 5 de dezembro. A melhor resposta será divulgada no dia 8 de dezembro, abaixo da resposta é necessário deixar um endereço de email para contato.
7 comentários:
Olá Marcos
O que mais me entristece é que apesar de todo conhecimento que se tem sobre a AIDS ainda vemos pessoas contraíndo este vírus por pura irresponsabilidade.
Abraço
também espero a cura da aids mas eu espero e muito que as pessoas usem camisinha sempre porque cada vez mais as pessoas usam menos e isso é inadmissível nos dias de hoje!
um post forte e necessário
beijos
E EU TAMBÉM QUERO VER UM GOVERNO QUE SE LIBERTE DA INFLUÊNCIA IMBECIL DAS IGREJAS E PROMOVA CAMPANHAS DECENTES DE CONSCIENTIZAÇÃO E PREVENÇÃO O ANO TODO. QUE FOMENTE A EDUCAÇÃO SEXUAL EM TODAS AS ESCOLAS, QUE DISTRIBUA PRESERVATIVOS DE GRAÇA A TODOS E CONTINUE SEMPRE COM A SUBVENÇÃO TOTAL AO TRATAMENTO DE HIV POSITIVOS PELA REDE PÚBLICA.
Ah, a cura da AIDS seria a melhor coisa que se pode imaginar. É impressionante, ainda, ver que por mais que se façam campanhas e se divulgue o sexo seguro, muita gente não se previne e as estatísticas engordam assustadoramente.
Só uma frase:
"A vida não é de brincar" (Supostamente de Clarice Lispector)
Isso já diz tudo.
Assino embaixo.
Abração, Marcos!
"Há uma coisa dentro de mim, contagiosa e mortal, perigosíssima, chamada vida, lateja como desafio"
HEBERT DANIEL
GAY, MILITANTE HOMOSSEXUAL, ESCRITOR E GUERRILHEIRO CONTRA A DITADURA MILITAR, EXILADO DO BRASIL DURANTE ANOS. MORREU DE AIDS ANTES DA DESCOBERTA DO COQUETEL.
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br
prevenção é a melhor saída!
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