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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Descaso com os LGBTs

Sempre tive posições contrárias a existência de locais públicos de pegação, locais do tipo Autorama no Ibirapuera e Fazendinha no parque em Carapicuíba. Minha oposião se deve ao fato de sexo em locais públicos ser crime e a existência da homofobia na sociedade.

Sinto-me extremamente impotente diante dos 13 assassinatos em Carapicuíba, tal caso mostra a ausência do poder público para o cidadão LGBT. Em entrevista a uma rede de televisão, uma munícipe de Carapicuíba disse que a falta de policiamento no parque é uma constante, o que nos dá margem para concluir que antes da homofobia do serial killer em questão, existe a homofobia por parte da SSP, por ter ciência do que estava ocorrendo há mais de um ano, e fazer vistas grossas do caso.

Do outro lado temos um grande grupo de militantes na Grande São Paulo, mas até o momento nenhum grupo se pronunciou levantando ações efetivas e cobrança de posicionamento diante dos casos. Muitos militantes estão ocupados em discussões sobre as personagens gays que invadiram as novelas no horário nobre, e deixarão essa discussão na ocasião em que a Rede Globo colocar uma personagem homofóbica que comete assassinato de homossexuais em série.

A Parada Gay de Carapicuíba aconteceu no dia 31 de agosto, com o tema Homofobia Mata. Na ocasião foi denunciada a série de assassinatos que estava acontecendo no parque da cidade, mas nada foi feito. Atitudes só foram tomadas quando um novo delegado assumiu o distrito policial responsável pela região. Isso afirma o completo descaso do delegado anterior, e até nos da margem para acreditar que o assassino tem algum envolvimento com a polícia, e a mesma o acobertava de seus crimes.

Militantes gays de São Paulo, acordem. Justifiquem os postos ocupados. Sei que muitos não são eleitos por voto público, mas apartir do momento que uma ONG recebe dinheiro público para participar ativamente das ações políticas da sociedade, nós temos todo o direito de cobrar ações efetivas. Falar sobre a personagem gay da novela "A Favorita" é uma passatempo muito gostoso, mas passa a ser trágico quando isso acontece num país tão homofóbico como o Brasil. Justifiquem seus postos, e tomem ações.

19 comentários:

Serginho Tavares disse...

não gosto desse lance de gueto
é viver na escuridão

tommie carioca disse...

Marcos, acho o "chamado" perfeito, se tem ong fazendo algo, que conte então, pra "comunidade" entender o trabalho deles, respeitar mais e até se engajar. Mas, por outro lado, eu acho que quem reclama sentado, tá esperando usufruir apenas. Quem quer, faz. Não é? Abração!!

Cosme disse...

Penso que o calo só doi quando é no nosso pé. E quando digo no nosso, deve ser especificamente nele.
Acho um extremo descaso existirem ONGs objetivando a luta contra homofobia, e as mesmas sequer se manifestarem a respeito.
Ê Brasil!

VIADAGEM E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Marcos,
Boa cutucada e cobrança mais do que justa, afinal é nosso dinheiro pago às ong's, perdidas em confrências ad eternum e que não levam à nada prático. Uruguai e Venezuela já aprovaram Leis Federais e a União Civil sem precisar de anos e anos de "conferências" mantidas com o dinheiro público. Como no Rio, por exemplo, existem mais de 6000 ong's que cuida de crianças. Mas nada muda. Se cada uma adotasse uma seriam seis mil retiradas das ruas, como denunciou o Sérgio Bianchi no seu filme "Quanto Vale ou é por Quilo".
Beijos,
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

VIADAGEM E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Só lembrando:
A Declaração Universal dos Direitos Humanos, talvez o documento internacional mais conhecido da história, completa hoje 60 anos de sua adoção como referência obrigatória no respeito às liberdades e direitos fundamentais do homem. E, para comemorar, teremos quantos mais assassinatos de homossexuais no Brasil, fora os 37 Direitos que nos são negados?
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

Rafa disse...

Além de tudo o que vc apontou tão bem, o esquisito é ver, nesses casos, a homofobia dos próprios gays insinuando que "quem manda fazer pegação por aí, teve o que mereceu". Não curto pegação pública, mas daí a achar uma consequência natural a morte de pessoas...
P.S. Chegando por aqui, gostei muito. Bj

S.A.M disse...

Eu defendo o uso de lugares publicos, afinal aqui em sampa hoje as baladas são o unico lugar tranquilo pro pessoal ficar numa boa e são uma exorbitancia de caras!

Um abuso!

Beijos!

P.S.: Sim eu não morri, darei noticias!

Hugo de Oliveira disse...

Nossa que texto..viu.
Aff...fiquei triste com essa situação. Moro no interior da Bahia e aqui também já aconteceu alguns casos assim.

Abraços amigo..

Uillow disse...

Não deveria ter "lugares específicos" pra tal coisa... ainda mais sexo em lugar público... não fica bem. Mas cada um sabe o perigo que quer correr, né? E o resultado tá aí...
Abração!

Anônimo disse...

Não há nada mais constrangedor que casos assim e nos vermos sem alguém que defenda de verdade os interesses da classe. Se lutamos tanto para "sair do armário" porque continuar nos guetos? Apesar que eu acredito que, independente de estarem em guetos ou não são seres humanos como outros quaisquer, e merecem justiça.

Anônimo disse...

"mas até o momento nenhum grupo se pronunciou levantando ações efetivas e cobrança de posicionamento diante dos caso"... Marcos, na listagls (de discussão), dia 09 o Toni Reis da ABGLT enviou várias cópias de emails de ofícios da ong enviados para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (e outras entidades e órgãos) pedindo mais rigor ao caso. Se possível dá uma sondada lá... :-) Beijão! (ps: não to defendendo ninguem)(risos) :-)

Marcos Freitas disse...

Fabrício,

Eu vi, mas você acha que os negros conseguiram "igualdade racial" mandando oficios? Eles foram para a luta, muitas das vezes luta de confronto, na porrada mesmo.

Antes do Toni enviar esses email, ele perguntou em off o que nos achavamos que deveria ser feito. Eu respondi que a ABGLT só poderia soltar uma nota de repúdio as ONGs Paulistas por não terem se pronunciado. Cadê os manifestos? Somos ovelhas à caminho de um matadouro?

Existem muitas idéias legais rolando no Forúm Paulista, mas ninguém que consegui viabilizar chegou e disse: Vamos fazer. Agora você entende a minha indignação?

Fábrica de Música disse...

A ABGLT mandou um ofício para as autoridades pedindo agilidade nas investigações, mas acho que não há muito o que as ongs fazerem a não ser cobrar mesmo. Agora, existem muitas testemunhas que estão contribuindo nas investigações dando depoimentos, estas sim podem fazer muito para ajudar.
Acho que agora as coisas vão caminhar, demorou mas finalmente a polícia está dando a atenção devida ao caso.
Este descaso que vc fala acontece com crimes no Brasil.
O delegado que está investigando disse já ter certeza de se tratar do mesmo criminoso.

Jean Patrick disse...

Olha só, não acho que pq se está fazendo pegação em lugar público temos que esperar que uma coisa desta ocorra, mas devemos adimitir que a partir dos primeiros crimes é uma temeridade voltar lá naquele lugar neh. É sempre melhor prvenir que remediar.

Quanto a cobrança as ONG's, acho justa, eles precisam ser mais ativos, mais representativos e não usar o dinheiro público pra ficar mandando e-mails, isso tbm podemos fazer. Epero sinceramente que eles tomem atitudes mais enérgicas perante esses fatos que não diz respeito somente a orientação sexula e sim destrói o direito a vida.

Bjs

Anônimo disse...

Ow meu querido. Entendo sim. É que pensei que não tinha lido sobre o oficio. Sobre viabilizar projetos, você falou tudo, o que falta mesmo é isso: colocar a mão na massa. Nestes anos todos do armariox, a quantidade de gente querendo ajudar e que apareceram foram grandes, colocar a mão na massa, até hoje, só teve um (André Luiz). Até a antiga equipe sumiu. Falo isso porque lembra da ong de escritores que quero criar? Quero pensar nela com carinho, detalhada, para não ter nenhum tipo de problema no futuro. Nesse percurso, de escolher pessoas, nasce o grande medo: nem todas tem perfil para isso (correr, buscar, fazer, aprender, etc). É foda. Existe um grande caminho entre "pensar" e "fazer". E não só na militância gay.

Marcos Freitas disse...

Fabricio,

Pois é querido. Como o Jan disse no comentário acima: "Quanto a cobrança as ONG's, acho justa, eles precisam ser mais ativos, mais representativos e não usar o dinheiro público pra ficar mandando e-mails, isso tbm podemos fazer." Lamentável ver que a força de lutar se perde com o tempo. Se isso fosse na época do Somos, os gays já teria ido nas ruas, e sem medo do Brasil ditatorial, hoje vivemos numa zona de conforto chamada democracia. Que democracia é essa onde o cidadão pode ser morto por não ter uma orientação sexual que a sociedade acreditar ser a padrão? A militância me decepciona.

Leo Carioca disse...

Bom, como ainda não terminei de ler tudo, vou voltar amanhã pra dar uma opinião mais consistente. Mas achei o texto muito interessante!
Grande abraço!

ludo disse...

O problema são as ongs esperarem 13 mortes antes de alardearem aos 4 ventos o que está ocorrendo.
Veja, já havia denúncias em agosto e ninguém sabia de nada.

Não devemos esquecer que se tratam de 2 preconceitos (e conseqüentemente falta de interessa da polícia em resolver), afinal, os assassinados dão gays e pobres.

Uma briga na USP por duas bees terem se beijado na festa da Veterinária gerou muito mais repercussão do que as 13 mortes em Carapicuíba, fim de mundo onde as bichas são feias, pobres e quaquás (como pensam a maioria).

Acredito que o descaso das autoridades aqui ultrapassa a questão homossexual.

Leo Carioca disse...

Bom, vamos lá:
Concordo com você em que havia homofobia por parte das próprias autoridades responsáveis pela vigilância do parque, já que deixaram chegar a esse ponto.
Quanto ao personagem gay de ´A Favorita`, é uma coisa tão fora da realidade que acho que nem merece muita discussão sobre.
Eu até ia fazer um post no meu blog sobre o Iran Malfitano e ia mencionar o personagem, mas aquilo ficou tão bobo e tão esdrúxulo que cheguei à conclusão de que nem vale a pena.
E uma coisa que devo mencionar no início do ano que vem, sem querer, até tem a ver com o que aconteceu nesse parque: o perigo de fazer pegação em lugares desertos e sem segurança.