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quinta-feira, 28 de maio de 2009

Anjos e Demônios

Devo ter freqüentando igrejas evangélicas por uns 15 anos, tendo uma vida monótona, disciplinada e dentro dos padrões morais que manda a sociedade. Confesso que fico entediado ao lembrar. A religião deveria fazer o bem e não promover o mal e tirar a liberdade dos seus seguidores, à religião podou o homem durante toda a história da humanidade. A religião é usada como um artifício político para dominar o ser humano e deixá-lo alinhado com a conjuntura político-social vigente. As crenças procuram contar uma história bonita e vitoriosa, mas não podemos esquecer que a história da humanidade é contada de acordo com a luta de classes e o sua narração se dá pelos vencedores, nunca pelos vencidos, e o clero venceu por muito e muitos séculos e não podemos negar que até hoje eles tem vitorias expressivas.

Neste final de semana, assisti ao filme “Anjos e Demônios”, uma adaptação do livro de Dan Brown, mesmo autor de Código Da Vinci, que escreveu esse livro antes do polêmico Da Vinci. O filme trás a tona a velha guerra que a igreja travou e vem travando com a ciência. Nessa nova aventura, Robert Langdon é chamado pelo Vaticano para ajudá-los a resolver um enigma. O Papa acaba de morrer e bem antes da reunião do Conclave, onde será decidido quem será o novo Papa, os quatro cardeais favoritos ao posto são seqüestrados possivelmente por uma irmandade secreta secular chamada Illuminati. Eles não só ameaçam matar os cardeais como também colocaram uma bomba sob a cidade do Vaticano que deve explodir em algumas horas. Para salvar os cardeais e evitar a morte de milhares de pessoas, Lagdon vai contar com a ajuda da cientista Vittoria Vetra para percorrer séculos de história da organização secreta que se diz responsável por iluminação pela ciência.

Esse entrave de religião x ciência e porque também não incluirmos a política, não tem fim. A igreja tem uma divida impagável com a humanidade e fico muito à-vontade em afirmar que se a igreja não existisse, viveríamos num mundo muito melhor. Perdemos muito com as artes e com os avanços científicos e creio que hoje estamos pagando pelos pecados cometidos pela igreja. Podemos ressaltar o HIV, o câncer, a hipertensão e o aquecimento global, são males que nos assolam, mas não sabemos como o mundo se comportaria se os trabalhos de vários cientistas que tiveram suas vidas ceifadas com a acusação de bruxaria fossem concluídos. São danos irreparáveis, muitos estudos que não foram desenvolvidos por culpa da igreja, poderiam servir hoje de introdução para trabalhos de estudiosos contemporâneos.

Nessa discussão, sem sombras de dúvidas, a igreja é o grande demônio da humanidade e o que é mais revoltante, é ver que séculos se passaram e até hoje a “imaculada igreja” tem o seu parecer cientifico e político para os mais diversos assuntos que não lhe dizem respeito. No Brasil, podemos destacar as recentes discussões sobre as pesquisas com células troncos, a questão do aborto, os direitos civis para homossexuais e a aprovação da PLC 122/2006. Se a bancada religiosa não estivesse amplamente distribuída nas três esferas dos poderes públicos não existissem, esse tipo de discussão não ganharia tanto fervor no cenário político brasileiro.

Espero viver um dia em que a discussão religiosa não ultrapasse os limites dos templos e paróquias e que a política seja feita por pessoas que coloquem de lado interesses pessoais e valores fundamentalistas e façam política de fato, sempre levando em consideração o artigo quinto da nossa carta magna que diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”. Se todos respeitassem esse artigo da constituição, não haveria a necessidade de tantas outras leis que regulamentam a nossa sociedade. A lei, assim como a religião, tem a finalidade de restringir o homem, mas se todos soubessem onde termina o seu direito individual e começo a direito coletivo, não haveriam razões para as limitações.

7 comentários:

Paulo Roberto Figueiredo Braccini - Bratz disse...

perfeita a sua a análise sobre a religião e suas relações com o mundo real. parabéns. quem sabe ainda não veremos um mundo melhor não é mesmo? vai saber neh? abração carinhoso...

Ricardo Aguieiras disse...

John Lennon já falava - naquela que foi eleita a mais bela canção de todos os tempos;"Imagine no religion..."
Belo texto, Marcos, e concordo inteiramente com suas conclusões. No entanto, temos que pensar em algo, que já vem sendo estudo pela Ciência, inclusive: parece que muitas pessoas possuem, já inscrito em seu código genético, uma propensão em acreditar, em crer muitas vezes fanaticamente. Acho que aí está o problema, seu uma dessas pessoas atinge o poder ou quadros maiores dentro de uma Igreja, tentará aplicar seus dogmas e regras para todas as outras, que é o que causa a infelicidade e o sufocamento, o que cerceia o direito alheio e a busca por novos conhecimentos. Se ficassem restritos aos seus fiéis e aos seus templos, tudo bem, mas querem dominar, uma luta ensandecida pelo poder...
Portanto, se não atingisse inocentes, eu acharia é ótimo uma bomba sob o Vaticano. Ótimo! Mesmo por que a católica, só para dar um exemplo, já matou muito mais e continua matando do que o poder de fogo de muita bomba.
Beijos,
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

tommie carioca disse...

Sempre estudei em colégio católico e acima de tudo achava aquilo um tédio só, mas nunca achei essa gente do mal, só nunca me alinhei com eles em quase nada. De qualquer forma, acho que se vc não leu, pode gostar de ler isso aqui: "O aitolá dos ateus" = http://super.abril.uol.com.br/superarquivo/2007/conteudo_519783.shtml

Serginho Tavares disse...

a religião nunca teve intenção de promover nada bom moço
em momento algum da historia da humanidade nunca se fez isto nem nunca se fará

Alexandre Lucas disse...

"A religião envenena tudo".

Alberto Pereira Jr. disse...

não concordo com o Alexandre.. a religião não envenena tudo.

e vou deixar pra ver o filme em DVD

Alexandre Lucas disse...

Alberto,

Só para constar, estou falando das pessoas investidas no poder religioso. Pessoalmente, sou católico.