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segunda-feira, 25 de maio de 2009

O Tigre Branco

Romance de estréia de “Aravinda Adiga”, um indiano que antes da sua obra de estréia não era conhecido no mercado editorial e de forma brilhante conseguiu cravar o seu nome entre os maiores romancistas da atualidade. "O Tigre Branco" conquistou o prêmio “Man Booker Prize 2008”, um dos mais prestigiados prêmios literários do mercado e antes mesmo da entrega do premio, a obra já era considerada como um dos melhores romances do ano.

Numa narração divertida e irônica, Balram Halwai ou o “Tigre Branco”, narra uma longa carta ao primeiro-ministro da China que anunciou uma viagem a Índia para descobrir o segredo do sucesso dos empresários daquele país. Halwai conta uma índia que o mundo desconhece: a índia da escuridão que está afundada na desigualdade social promovidas pelos governos corruptos, pela grande concentração de renda e acerbada sonegação de impostos. Uma índia tão pura quanto o Rio Ganges.

Na sociedade indiana, a ascensão social é algo desconhecido. Um indivíduo que nasce numa casta, tende a morrer nessa casta. Halwai é da casta dos doceiros, porém seu pai era condutor de riquixá (meio de transporte de tração humana em que uma pessoa puxa uma carroça de duas rodas onde se acomodam uma ou duas pessoas). O seu avô era um halwai de verdade, um fabricante de doces, mas um membro de uma casta superior deve tê-lo roubado com a ajuda da policia, o que alterou o destino de Balram, que na ambição de mudar de vida, passou a nutrir o sonho de ser motorista.

A maior critica do livro não é destinada a pobreza do povo indiano, mas sim a aceitação da condição imutável da vida. Balram define os indianos da escuridão como “meio cru”, indivíduos que por nunca terem terminado os seus estudos, mantém um entendimento parcial das coisas e se submetem presos na sociedade como aves em “gaiola de galos” que aceitam o seu confinamento de forma pacifica, gerando apenas um conflito interno, e esse é gerado para conseguir um maior espaço na gaiola, mas nunca para se libertarem dela.
“Na minha boca, a pasta tinha endurecido, formando uma espécie de espuma leitosa, e estava começando a escorrer pelos cantos. Cuspi tudo.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Por que será que meu pai nunca me disse para não coçar o saco? Por que será que meu pai nunca me ensinou a escovar os dentes com aquela espuma leitosa? Por que será que ele me criou para viver feito um bicho? Por que será que todos os pobres vivem desse jeito, na sujeira e na feiúra?

Escovar. Escovar. Cuspir.

Escovar. Escovar. Cuspir.

Se, pelo menos, os homens pudessem cuspir assim o seu passado, com essa facilidade...”
A obra não relata a Índia mágica como é vendida em novelas globais e folders de agencias de viagens, nela encontraremos duas índias, a da iluminação e a da escuridão. O povo da escuridão são educados para se manterem na miséria. O sistema social dividido em castas impossibilita o sonho empreendedor de ousar uma vida mais digna. Nenhuma nação tem a alternativa de o cuspir o seu passado, mas quando esse povo se mantém “satisfeitos” em suas “gaiolas de galos”, a história social fica comprometida, pois, a vida de um povo é contada pelos conflitos de classes e essa história é contada pelos dominantes e não pelos dominados.

Dados Técnicos:

Nome do Livro: O Tigre Branco
Autor: Aravind Adiga
Número de páginas: 256
Formato: 15,5 x 23 cm
ISBN: 9788520920855
Editora: Nova Fronteira
Preço: R$ 34,90

4 comentários:

" O PIMENTA ! " disse...

Interessante querido !! Parece ser bom !

Ricardo disse...

parece muito interessante mesmo, vai entar na minha fila...

Fabiano (LicoSp) disse...

Me pareceu bem interessante a história.
Uma vez vi uma materia no GNT sobre o trabalho infantil na India, bem forte tb.

bjs do Lico

Ricardo Aguieiras disse...

nossa! Parece magnífico. Fiquei com muita vontade de ler. Vou comprar.
Abraços,
ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br