- Eu já me decidi, vou para o inferno – disse o senhor com os olhos vibrantes ao agente do além.
- Mas senhor, você teve uma vida digna na terra, nunca fumou, nunca bebeu, teve apenas uma mulher, criou o seu filho com dignidade e outra, não posso deixá-lo ir para o inferno, pois o seu nome está escrito no livro da vida – disse o agente assinalando o livro.
- É exatamente por isso que quero ir para o inferno, na Terra eu não me diverti, não bebi, não transei de forma desvairada e não me droguei – disse o senhor se exaltando – E outra, eu não sei cantar, me disseram que no céu cantaremos louvores celestiais por toda a eternidade – completou definindo a sua escolha.
- No inferno há temor e ranger de dentes, a situação lá não é tão amena como dizem na Terra – disse o agente com os olhos fixos.
- Bobagem, meu filho usava ecstasy, ele também tinha esse ranger de dentes, os médicos chama isso de bruxismo, mesmo tento isso, o filho da puta, nada contra a minha mulher, nunca parou de usar a tal “droga do amor” – disse o senhor com saudosismo nos olhos – Eu, ignorante, tapado e inflexível, bati no coitado quando encontrei uma série dessas pílulas poderosas em meio às coisas dele e outra, ainda contei para o Pastor da comunidade que passou a fazer visitas semanais em minha residência, tornando a vida do menino um inferno – confessou o senhor com lágrimas nos olhos.
- E isso foi o certo, em vida, o senhor foi detentor da moral e dos bons costumes, nada mais justo que ganhe a vida eterna diante de Deus e seus anjos – argumentou o agente.
- Nada disso, certa vez eu vi o desgraçado chegando a casa. Você acredita que ele fez sexo com a cadeira, fiquei com inveja dele, estava casado há quase 30 anos e mal conseguia fazer sexo com a minha esposa e o desgraçado fez sexo com a cadeira, ele merece o céu, pois soube se divertir na Terra – concluiu.
- É, mas o nome dele não consta do livro da vida, se o seu filho não mudar de vida e não se adequar aos padrões morais pré-estabelecidos pela Santa Igreja, ele irá diretamente para o inferno, sem opção alguma de revogação da decisão divina – disse o agente.
- Esse é mais um dos motivos para ir ao inferno, nunca fui um bom pai, não entendia o “barato” do meu filho, ele curtia “baladas”, eu ia para a igreja, ele tomava uma cerveja e eu ficava no refrigerante... Não vi o meu filho crescer, não tive tempo para isso, os afazeres da comunidade tomavam o meu tempo, ajudava a todos, mas deixava o meu filho para segundo plano – disse o senhor com lágrimas nos olhos – Quero ter uma segunda chance de ser um bom pai, nem que para isso eu tenha que ir para o inferno – concluiu de forma autoritária dando um soco na mesa.
- Senhor, cada uma é responsável por si só. Se o seu filho caminha para o inferno, deixe-o ir por ele mesmo, entre logo e goze dos prazeres do paraíso – disse o agente tentando apaziguar a situação.
- Não, não mesmo. Você chamam de “gozar os prazeres” do paraíso cantando louvores eternamente? Não mesmo, eu já tive uma vida muito chata na Terra, quero curtir a minha morte, quero extravasar e sei que no céu serei recriminado e outra, sei que a desgraçada da Maria irá para o céu, foi difícil conviver os quase 40 anos com ela, não quero nem imaginar como será viver a eternidade inteira ao lado dela... Não quero, está decidido, vou para o inferno.
- Eu não permitirei que o senhor faça isso, entre no céu agora mesmo, lugar que é seu por direito – disse o agente alterando a voz e pegando no braço do senhor.
- Eu já disse que não “caralho”, vou para o inferno e ponto final, qual é a parte que você não entendeu? - perguntou tentando se esquivar do agente.
- O seu nome está na lista e terá que ingressar pelos portões – disse apontando para os arcos celestiais.
- Está bem, se o problema é o nome, eu risco o nome e pronto – disse o senhor tomando a caneta da mão do agente.
- Há, há, há, não adianta, nada pode ser modificado no livro, foi escrito com uma caneta celestial, essa é apenas uma bic de fabricação terrena – disse o agente com tom de deboche – Agora vá, saia da minha frente. Você faz idéia de quantas pessoas estão esperando por essa triagem e o senhor está aqui atrapalhando o meu trabalho. Vá – gritou o agente enquanto dois anjos celestiais de 2 cabeças e 7 braços conduziam o pobre senhor para os portões celestiais.
- Solte-me, eu não quero ir para o céu, solte-me, deixe-me ir para o inferno, deixe-me viver minha eternidade da forma que eu bem entender, solte-me – gritava o senhor.
- Cada um tem o inferno que merece, tenha uma boa estada no céu – disse o agente acenando para o pobre senhor que foi condenado a viver sua eternidade cantando ao lado de Maria, que um dia jurou amor eterno.
- Mas senhor, você teve uma vida digna na terra, nunca fumou, nunca bebeu, teve apenas uma mulher, criou o seu filho com dignidade e outra, não posso deixá-lo ir para o inferno, pois o seu nome está escrito no livro da vida – disse o agente assinalando o livro.
- É exatamente por isso que quero ir para o inferno, na Terra eu não me diverti, não bebi, não transei de forma desvairada e não me droguei – disse o senhor se exaltando – E outra, eu não sei cantar, me disseram que no céu cantaremos louvores celestiais por toda a eternidade – completou definindo a sua escolha.
- No inferno há temor e ranger de dentes, a situação lá não é tão amena como dizem na Terra – disse o agente com os olhos fixos.
- Bobagem, meu filho usava ecstasy, ele também tinha esse ranger de dentes, os médicos chama isso de bruxismo, mesmo tento isso, o filho da puta, nada contra a minha mulher, nunca parou de usar a tal “droga do amor” – disse o senhor com saudosismo nos olhos – Eu, ignorante, tapado e inflexível, bati no coitado quando encontrei uma série dessas pílulas poderosas em meio às coisas dele e outra, ainda contei para o Pastor da comunidade que passou a fazer visitas semanais em minha residência, tornando a vida do menino um inferno – confessou o senhor com lágrimas nos olhos.
- E isso foi o certo, em vida, o senhor foi detentor da moral e dos bons costumes, nada mais justo que ganhe a vida eterna diante de Deus e seus anjos – argumentou o agente.
- Nada disso, certa vez eu vi o desgraçado chegando a casa. Você acredita que ele fez sexo com a cadeira, fiquei com inveja dele, estava casado há quase 30 anos e mal conseguia fazer sexo com a minha esposa e o desgraçado fez sexo com a cadeira, ele merece o céu, pois soube se divertir na Terra – concluiu.
- É, mas o nome dele não consta do livro da vida, se o seu filho não mudar de vida e não se adequar aos padrões morais pré-estabelecidos pela Santa Igreja, ele irá diretamente para o inferno, sem opção alguma de revogação da decisão divina – disse o agente.
- Esse é mais um dos motivos para ir ao inferno, nunca fui um bom pai, não entendia o “barato” do meu filho, ele curtia “baladas”, eu ia para a igreja, ele tomava uma cerveja e eu ficava no refrigerante... Não vi o meu filho crescer, não tive tempo para isso, os afazeres da comunidade tomavam o meu tempo, ajudava a todos, mas deixava o meu filho para segundo plano – disse o senhor com lágrimas nos olhos – Quero ter uma segunda chance de ser um bom pai, nem que para isso eu tenha que ir para o inferno – concluiu de forma autoritária dando um soco na mesa.
- Senhor, cada uma é responsável por si só. Se o seu filho caminha para o inferno, deixe-o ir por ele mesmo, entre logo e goze dos prazeres do paraíso – disse o agente tentando apaziguar a situação.
- Não, não mesmo. Você chamam de “gozar os prazeres” do paraíso cantando louvores eternamente? Não mesmo, eu já tive uma vida muito chata na Terra, quero curtir a minha morte, quero extravasar e sei que no céu serei recriminado e outra, sei que a desgraçada da Maria irá para o céu, foi difícil conviver os quase 40 anos com ela, não quero nem imaginar como será viver a eternidade inteira ao lado dela... Não quero, está decidido, vou para o inferno.
- Eu não permitirei que o senhor faça isso, entre no céu agora mesmo, lugar que é seu por direito – disse o agente alterando a voz e pegando no braço do senhor.
- Eu já disse que não “caralho”, vou para o inferno e ponto final, qual é a parte que você não entendeu? - perguntou tentando se esquivar do agente.
- O seu nome está na lista e terá que ingressar pelos portões – disse apontando para os arcos celestiais.
- Está bem, se o problema é o nome, eu risco o nome e pronto – disse o senhor tomando a caneta da mão do agente.
- Há, há, há, não adianta, nada pode ser modificado no livro, foi escrito com uma caneta celestial, essa é apenas uma bic de fabricação terrena – disse o agente com tom de deboche – Agora vá, saia da minha frente. Você faz idéia de quantas pessoas estão esperando por essa triagem e o senhor está aqui atrapalhando o meu trabalho. Vá – gritou o agente enquanto dois anjos celestiais de 2 cabeças e 7 braços conduziam o pobre senhor para os portões celestiais.
- Solte-me, eu não quero ir para o céu, solte-me, deixe-me ir para o inferno, deixe-me viver minha eternidade da forma que eu bem entender, solte-me – gritava o senhor.
- Cada um tem o inferno que merece, tenha uma boa estada no céu – disse o agente acenando para o pobre senhor que foi condenado a viver sua eternidade cantando ao lado de Maria, que um dia jurou amor eterno.
3 comentários:
cada um tem o inferno q merece!
caraca ... isto é fantástico e contundente ... parabéns
busco meu "inferno" aqui e quero o meu "inferno" eterno
bjux
;-)
HAUhauhauahua... realmente, cada um tem o inferno que merece... isso me faz pensar, talvez nós reclamamos tanto e na verdade estamos numa situação em que muitas pessoas gostariam de estar não é mesmo, e em contrapartida gostaríamos de estar lah hehehe... parábens pelo post.
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