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terça-feira, 28 de outubro de 2008

Quem é Bentinho?

Ontem foram escolhidas as melhores respostas para o concurso Quem é Capitu?, dentre as melhores, estava uma resposta maravilhosa, mas infelizmente a autora da resposta não deixou email de contato, e o seu cadastro no Google está como “Perfil não disponível”, tivemos que escolher uma quarta melhor resposta para o concurso. Finalizado o processo, enviei os emails comunicando o resultado para os ganhadores, porém, o Thiago me retornou o email dizendo que ficou empolgado com o livro, e acabou comprando.

O Thiago é comprometido com a cultura, o seu blog é totalmente dedicado a artes e literatura, e como um cidadão consciente, ele quer que esse livro seja destinado para alguém que não o tenha, alguém que fará um maior proveito do livro, abaixo segue o depoimento do Thiago:

"Recebi um e-mail emitido pelo Marcos Freitas - aqui representado como o administrador deste blog, anunciando um concurso sobre a personagem mais duvidosa da nossa literatura. E me surpreendi com a pergunta mencionada acima.

Tentei externar algo ao responder tal indagação. Tentei apenas.

Fiquei lisonjeado ao saber que fui um dos ganhadores do Concurso Quem é Capitu? – e como já tenho o livro; (leitura aprazível e mui abrangente) em comum acordo com o Marcos, decidimos fazer outro Concurso.

Não tem como mencionar Capitolina sem fazer uma confluência a Bento Santiago.

E é nesse segmento de ligação entre os dois (Capitu X Bentinho) que fomos impelidos a fazer outro Concurso, mas como a seguinte indagação:

Quem é Bentinho?"


As respostas deverão ser postadas nos comentários deste post, serão aceitas respostas até a meia noite do dia 29 de outubro, a melhor resposta será divulgada no dia 30 de outubro, juntamente com as duas melhores respostas do concurso "Quem é Capitu?", abaixo da resposta é necessário deixar um endereço de email para contato.

10 comentários:

" O PIMENTA ! " disse...

Bentinho é o reflexo, não da autênticidade e da autonomia, mas do que as pessoas esperavam que ele fosse....Uma criança pré-destinada e sempre expectadora de sua própria vida, a qual originou um homem inseguro, dependente, arisco, mal-humorado, frio e fraco, que despreza o mundo por nunca ter recebido amor verdadeiro. Ao invés disso sempre foi usado como Álibi daqueles que pretendiam o fazer um trunfo segundo seus próprios interesses, primeiro sua mãe, tentando honrar a dívida com Deus, pelo primeiro filho morto e assim sucessivamente, incluindo Capitu, dona daqueles olhos que acariciam e dominam ao mesmo tempo. Olhos de um mar de ressaca, que encantam, atraem e dominam completamente !
Assim, Bentinho se faz contemporâneo, uma vez que representa as milhares de pessoas passivas, que levam suas vidas satisfazendo o que o mundo espera delas, mas nunca o que elas realmente desejam, e quando se dão conta disso, é tarde demais, e tornam-se seres amargos inimigos de si mesmos e do mundo.

denysgyn@gmail.com

Serginho Tavares disse...

Bentinho é um chato, mimado e egocêntrico. Um personagem bem atual já que assim como ele quantos Bentinhos existem por ai?

O Menino que Voa disse...

olha q atiude mais legal do cara! em outras palavras, ele esta sendo MAIS que sincero e esta repassando o premio para uma pessoa que possa ter o mesmo acesso à cultura que ele tem. ISSO
e um exemplo! Abreijos, Marcos!

VIADAGEM E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Lindo e perfeito o comentário do Pimenta e eu concordo com ele em tudo. Parabéns....
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Necessito ler este livro, estou lendo o pequeno principe.
Gr ande beijo amigo, saudades daqui.
PArabens pelo texto.

VIADAGEM E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Pensei em falar, ao comentar sobre o Betinho, duas coisas, mas acho que todo mundo já sabe. Uma é que o Machado de Assis adorava o Shakespeare e Dom Casmurro tem muito de Otelo, Bento quer dizer "batizado" e o sobrenome "Santiago" pode levar a pensar em Iago, personagem de Otelo que incute ciúmes neste último. Portanto, é uma homenagem ao Otelo, também, que trata do mesmo assunto.
Outra coisa: não gosto de julgar ninguém, nem mesmo personagens, ou principalmente eles. Não sei mesmo dizer, psicologicamente falando, se Capitu traiu ou não e se Betinho tinha ciúmes doentios ou alguma razão no que sentia. Penso que não se enganam as pessoas, elas sempre sacam uma mentira, mesmo as mais disfarçadas. É que, na grande maioria das vezes, não quer acreditar nessa mentira...
Beijos,
Ricardo

Thiago Cavalcante disse...

Ora, é sabido que os nomes valem muito. Casos há em que valem tudo. De um ou de outro modo, a influência dos nomes é certa.
(Machado de Assis – A Semana - 10 de janeiro de 1897)

Dom Casmurro é justificadamente um dos livros mais enaltecidos de Machado de Assis, fazendo parte de sua “trindade”, juntamente com Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba.
Destes três, ainda não li “Quincas Borba”, mas já comprei o livro e pretendo começar sua leitura nesse final de semana.
Dom Casmurro, Bento Santiago, Bentinho – Há três nomes para uma mesma pessoa no livro. Isso se dá e justifica-se pela incompreensão existencial do narrador. É de consciência dos leitores, logo de inicio que Dom Casmurro é um “cara” (com o perdão da expressão) que possui um vazio em seu âmago: “Falto o eu mesmo e essa lacuna é tudo... o interno não agüenta tintas”. E esse vazio que o tempo não pode preencher, faz com que, ele, agora velho e experiente tenha o desejo de narrar sua história. E eu “tiro o chapéu” para Bentinho, nesse quesito. Muitos de nós não possuímos a coragem de nos auto-constranger na tentativa de um entendimento mais profundo sobre o que sentimos. E vejo em Bentinho, a coragem expressa nessa atitude – ele quis conhecer-se a si mesmo. Mas como percebemos, essa atitude foi frustrante, mas ele tentou.
Bentinho, encontra-se divido entre a saudade de sua infância irrecuperável e a ponderação sobre o vazio que preenche sua existência.
Bento Santiago oscila em suas reações, enxerga a realidade, mas não consegue lhe dar de forma adequada com o que lhe é apresentado.
[Consciente de sua ingenuidade no passado, não exacerba seu pessimismo e se mantém num equilíbrio filosófico que lhe permite assimilar as lições da vida e viver com certa paz interior. Bento Santiago é um homem que pagou o preço de sua existência e aparou o suficiente os golpes do destino para poder ordenar a realidade e manter sua identidade. (Identidade camuflada ou não). Em termos sociais, é o membro de uma classe superior para quem tudo se resume, na vida, em saber salvar as posses e as aparências, o que, em última instância, é a mesma coisa.
Analisando os nomes que são apresentados no Romance, tentei fazer uma breve reflexão:


Dom Casmurro:. Nos dicionários, que Bentinho – ou ironicamente Machado – dispensanos consultar, casmurro aparece primeiramente com o significado de teimoso, implicante, cabeçudo; Dom, como forma de tratamento dada a nobres e dignatários da igreja católica, sempre seguida do nome de batismo. Entendamos, a partir dessa explicação,
Dom Casmurro por “Senhor Obstinado, Teimoso, Cabeçudo”.

Bento Santiago: Bento é o prenome; Santiago, o sobrenome. Para quem, antes mesmo de ser concebido, já fora prometido a Deus, o prenome é
Ao nascer, nossa personagem recebe um prenome que lhe determinará o destino: ser bento, puro, já ungido pela promessa de ser padre.
“O nome ‘Santiago’ cabe bem em uma construção similar de nosso herói: ele é parte santo(Sant’), parte Iago –(derivação bíblico de Jacó – Enganador) o bem, ou o santo, e as qualidades de Iago em guerra recíproca por sua alma. A fusão não gera o equilíbrio desejado, principalmente por serem as pontas antagônicas. Santiago caracteriza-lhe o grande conflito interior. A despertar-lhe o Santo, está a mãe; a despertar-lhe o Iago, está Capitu. Essa dualidade, essencialmente negativa, confere-lhe a insegurança; reforça-lhe a fragilidade.

Bentinho: Bentinho constitui-se do sufixo “inho” tendo, como modelo para identificação, a mãe, uma figura feminina. A relação edípica existente entre eles lhe determinará o destino quando for chamado a ser homem.
No capítulo XXXIV, “Sou homem!”, Bentinho se declara homem no primeiro contato físico com Capitu, a outra mulher, completamente diferente de sua mãe – D. Glória –, com quem ele irá se relacionar. Aquela que lhe dará o diploma de homem, libertando-o da promessa de santo, de padre, contrapõe-se à que lhe deu a vida. A vida, gerada pela mãe; a vida, vivida e desfrutada com Capitu; a dádiva e o prazer; o bem e o mal]

(Marcos, meu comentário é apenas para agregar aos demais, não quero participar da disputa. Vale ressaltar que o que escrevi entre colchetes fora retirado da internet com algumas mudanças de léxicos feitas por mim, para maior compreensão).

Gui Sillva disse...

o Tiago é phino!!!
e você tb!

agora bentinho (vamos rir?), deve ser o filho da dona benta do sitio do pica-pau amarelo.

bjo, querido!

SP disse...

Um abraço... peludo!!!

:)

Anônimo disse...

Que legal a atitude dele heim !!! parabéns para ele :)