Censura Incondicional

Certa vez, fui questionado por um amigo sobre o porquê que eu não escrevo com freqüência no meu blog sobre assuntos sentimentais, assuntos que questionam sonhos, desejos e anseios: Assuntos da alma - Os sentimentos mais íntimos que estão guardados no coração. Não escrevo justamente para não ser questionado. Apesar de não aparentar, sou um cara muito reservado e ficaria incomodado se fosse questionado sobre o meu post do dia de ontem na minha “vida real”, por exemplo. Já tive um blog tipo diário, onde eu falava: “Hoje fui pra faculdade e academia, estou adorando...” “Hoje estou triste, briguei com a minha mãe”... Mas com o tempo fiquei sem jeito de me abrir de tal modo, eu não me abro nem para as pessoas mais intimas do meu convívio. Não sei quem lê o meu blog, sei quem comenta por motivos óbvios, mas quem lê, eu não sei. Às vezes, fico surpreso quando um amigo comenta sobre algo que leu no meu blog, pessoas que eu nem imagina que o leriam.

Vejo que até consigo expressar muito os meus sentimentos através dos meus textos. Falo muito sobre mim, mas não posso escrever tudo o que eu queria no meu blog. Não sou tão desinibido a esse ponto, penso que existem coisas que devem ser guardadas apenas no coração e confidenciadas a pouquíssimas pessoas, pessoas essas que temos certeza que saberão nos acolher, nos dar colo e um ombro amigo. Escrevendo isso me vejo num grande contra-senso, pois recebo diversos emails dizendo que as pessoas adoram a forma que eu me abro e falo sobre mim – Será que devo deletar esse post? Não sei. Na verdade sou um cara muito autêntico no blog. Mas confesso que não escrevo tudo o que eu gostaria... Meu blog transcendeu as barreiras do “Mundo Virtual”, aqui tenho uma identidade, e ela é a mesma que eu uso no “Mundo Real”.

Semana passada, visitei o blog de um amigo virtual e fui fazer um comentário. Entre os comentários publicados, estava um comentário de sua chefa. Esse amigo deve concordar com o meu ponto de vista: não há como despejar tudo o que sentimos quando alguém do nosso convívio social está lendo tudo. É muito fácil escrever quando não sabemos quem está lendo, ou quando temos a certeza de que todos os que lêem não fazem idéia de quem somos. É uma responsabilidade muito grande, temos endereço fixo para sermos cobrado, endereço que não é o nosso email ou MSN... O endereço é o nosso telefone, nossa casa, meu blog não tem apenas um nome, meu blog tem nome e sobrenome, meu blog é Marcos Freitas, um cara com medos e anseios, e, na maioria das vezes, esse sentimentos ficam na mesma esfera do meu coração.