Não me apego a bens matérias, aliás, nem posso, pois não os tenho. Não sou tão pobre quanto à maioria e nem tão rico quanto gostaria, na verdade, tenho tudo o que preciso e menos, muito menos do que gostaria. Esse é o mundo capitalista criticado por Karl Marx. Confesso: se o comunismo idealizado por Marx tivesse dado certo, o mundo seria muito melhor. Mas ele é utópico, não consigo enxergar uma sociedade civilizada onde todos são “iguais”, sempre haverá uns querendo se sobressair perante os outros, esse comportamento está na índole do ser humano.
Vivemos num mundo de fetiche, onde somos aquilo que possuímos/consumimos. Eu sou o carro que dirijo as roupas que visto e os meios sociais que freqüento. Minhas ideologias, meus reais valores pouco importa para uma sociedade imagética que se projeta no comportamento consumista de cada individuo. Desde a infância aprendemos a sermos “pequenos capitalistazinhos”, antes de qualquer outra expressão, aprendemos a palavra “dá”. O instinto de possuir e dominar estão intrínsecos no ser humano: é um instinto animal maior do que qualquer outro que possuímos. Isso fica bem claro quando vemos na sociedade esposas matando seus maridos a facadas e filhos matando seus pais a pauladas.
Ontem, vendi o meu carro. Era um Peugeot 206. Muitas lembranças irão me remeter a ele, foram tantas aventuras. Certa vez, estava namorando no Parque do Ibirapuera (segundo o DataPassageiro, 10 entre 10 gays já fizeram isso), estávamos num “vuco-vuco” legal, até que ouvimos alguém bater no vidro, nos arrumamos e depois de aproximadamente 2 minutos saímos. Falamos ao guarda que estávamos apenas conversando, ele olhou para nos e com todo o cinismo existente no mundo disse: “E eu, sou a Branca de Neve”. Achei engraçado e segurei o riso, depois de algumas advertências verbais, ele mandou eu ir embora.
Também vivi momentos dramáticos: certa vez, estava voltando de madrugada para casa. Estava cansando e morrendo de sono quando vi pelo retrovisor um carro colado ao meu, acelerei e o outro carro também acelerou a ponto de encostar no meu pára-choque. Mudei de faixa e ele tentou me fechar, acelerei ainda mais e a perseguição começou. Novamente ele tentou me fechar, dessa vez acertando o meu pára-choque dianteiro e eu pude ver os dois marginais que estavam conduzindo o carro, fiquei com medo, pois o meu carro veio com um defeito de fábrica que ainda não havia sido solucionado – o carro afogava e não ligava nas primeiras tentativas, às vezes eu ficava horas tentando -, fiquei com medo de dar o tal defeito nesse momento critico. A perseguição durou uns 5 minutos, foi na Av. Anhaia Melo, na altura da Salim Farah Maluf e persistiu até um Distrito Policial que ficava na avenida. Joguei o carro com tudo na porta do DP e os marginais seguiram adiante. Naquele momento, não temi por levarem o meu carro e sim por levarem a minha vida. Depois desse episódio, minha família mudou-se de São Paulo para Arujá.
Vivemos num mundo de fetiche, onde somos aquilo que possuímos/consumimos. Eu sou o carro que dirijo as roupas que visto e os meios sociais que freqüento. Minhas ideologias, meus reais valores pouco importa para uma sociedade imagética que se projeta no comportamento consumista de cada individuo. Desde a infância aprendemos a sermos “pequenos capitalistazinhos”, antes de qualquer outra expressão, aprendemos a palavra “dá”. O instinto de possuir e dominar estão intrínsecos no ser humano: é um instinto animal maior do que qualquer outro que possuímos. Isso fica bem claro quando vemos na sociedade esposas matando seus maridos a facadas e filhos matando seus pais a pauladas.
Ontem, vendi o meu carro. Era um Peugeot 206. Muitas lembranças irão me remeter a ele, foram tantas aventuras. Certa vez, estava namorando no Parque do Ibirapuera (segundo o DataPassageiro, 10 entre 10 gays já fizeram isso), estávamos num “vuco-vuco” legal, até que ouvimos alguém bater no vidro, nos arrumamos e depois de aproximadamente 2 minutos saímos. Falamos ao guarda que estávamos apenas conversando, ele olhou para nos e com todo o cinismo existente no mundo disse: “E eu, sou a Branca de Neve”. Achei engraçado e segurei o riso, depois de algumas advertências verbais, ele mandou eu ir embora.
Também vivi momentos dramáticos: certa vez, estava voltando de madrugada para casa. Estava cansando e morrendo de sono quando vi pelo retrovisor um carro colado ao meu, acelerei e o outro carro também acelerou a ponto de encostar no meu pára-choque. Mudei de faixa e ele tentou me fechar, acelerei ainda mais e a perseguição começou. Novamente ele tentou me fechar, dessa vez acertando o meu pára-choque dianteiro e eu pude ver os dois marginais que estavam conduzindo o carro, fiquei com medo, pois o meu carro veio com um defeito de fábrica que ainda não havia sido solucionado – o carro afogava e não ligava nas primeiras tentativas, às vezes eu ficava horas tentando -, fiquei com medo de dar o tal defeito nesse momento critico. A perseguição durou uns 5 minutos, foi na Av. Anhaia Melo, na altura da Salim Farah Maluf e persistiu até um Distrito Policial que ficava na avenida. Joguei o carro com tudo na porta do DP e os marginais seguiram adiante. Naquele momento, não temi por levarem o meu carro e sim por levarem a minha vida. Depois desse episódio, minha família mudou-se de São Paulo para Arujá.
Ontem, quando entreguei as chaves e o documento do carro para o seu novo dono, muitas lembranças me vieram à tona, achei tudo isso muito estranho, mas facilmente explicável por Karl Marx ao dizer que “esse caráter fetichista do mundo das mercadorias provém do caráter social peculiar do trabalho que produz mercadorias”, ou seja, nos somos o que consumimos. e não o que fazemos e/ou pensamos. Acabamos valorando os nossos sentimentos de acordo com o valor capital e desprezando o que não tem um valor tangível, que na verdade é o que temos de mais valioso. O carro tinha um valor sentimental, mas tudo que é matéria perece, tem o seu fim para dar espaço ao novo, a outros fetiches capitalistas. Comprei outro carro, um Fiesta, mas sei que ele nunca ocupará o espaço deixado pelo 206.
5 comentários:
Parabéns pela sua sensibilidade ao colocar os bens materiais dentro do seu contexto devido!
Compreendo perfeitamente isso de gostar ou de se apegar a um objeto que nos trás recordações e não tem nada mais humano que isso. Tem até um filme muito legal, de terror , que já é considerado um clássico do cinema : "Christine, o Carro Assassino", baseado num romance do mestre Stephen King, sobre um carro que teria uma "alma" e passa a defender o seu dono.
Enfim, nada contra o capitalismo se os capitalistas fossem um pouco mais generosos e solidários.
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br
Poxa Marcos!
Faz tempinho que não passo e quando chegou dou de cara com esse discorrimento maginifico!
Quem dera as utopias de Marx pudessem ser vivenciadas, com certeza, nós seriamos muito melhores, por aquilo que somos e não aquilo que temos...
Beijão!
Saudade!
:)
Interessante essa reflexão sobre os bens materiais! Também não sou apegado a isso... o meu carro por exemplo, nunca tive um xodó por ele, como muitos até chega idolatrar o veículo, dar carona nem pensar! só pra não correr o risco de sujar (rs)... não devemos ser escravos das coisas que possuimos.
Mas fico feliz por vc comprar um novinhooo!!! Parabéns!
Muito bem!
O capital em si, não é o problema, mas sim como nos orientamos (e nos deixamos orientar/ somos orientados) por causa dele.
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