Semana passada, assisti com o meu amigo Eduardo o filme Cisne Negro. O filme conta a história de Nina, uma bailarina que confunde dedicação com obsessão, que não enxerga limites para conseguir o que quer, ou seja, ser perfeita. Porém até mesmo seu ideal de perfeição é alvo de ressalvas. Ela precisa provar para a companhia da qual faz parte que é capaz de incorporar tanto o cisne branco quanto o cisne negro, na nova versão de O Lago dos Cisnes que está sendo montada e que promete apresentar um novo talento após a saída da até então rainha da companhia.
Natalie Portman, luminosa, carrega toda a pressão e sofrimento da personagem em uma silhueta raquítica. Tudo nela é frágil e vulnerável, do tom de voz aos tímidos e medrosos olhares. O restante do elenco, em contrapartida, rivaliza pelo posto de mais ameaçador. Todos intensificam a sensação de que Portman está prestes a quebrar, como uma boneca de porcelana.
Nina é um personagem trágico e Aronofsky levará isso às últimas consequencias, ou seja, ao palco, onde o artista morre para dar vida a outro ser, muito maior e importante naquele espaço físico e temporal. O artista é trágico por definição , substituível e descartável, uma vez que está ali apenas como um meio para um fim. É o que acontece com a rainha da companhia, que deposta de seu trono, começa a ser consumida por vaidade e egoísmo.
O agravante aqui é que Nina é muito mais menina do que mulher. Do seu quarto, em tons de rosa e repleto de bichos de pelúcias, até a maneira submissa com que acata qualquer decisão da mãe, tudo leva crer que a moça de 28 anos ainda não completou sequer uma década de vida. E é logo dessa criança em corpo de mulher que será exigido a dolorosa mutação.
Um comentário:
O artista é trágico mesmo, somos os canais para a inspiração, e muitas vezes, isso nos mata, machuca, corrói!
Ainda não assisti, mas pelas suas reflexões só consigo ter mais desejo!
Que sempre nos traga seu pensamento!
Beijos
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