O Brasil Perdendo os Seus Filhos

Ontem meu pai provou ser um grande pai, aliás, ele sempre provou ser, tenho que levar em consideração que de uns anos pra cá nos afastamos muito e isso impede muitas trocas de afetividades. Estou com pretensões de sair do país, e por motivos familiares e profissionais, achei que o meu pai não iria me apoiar e ficaria ressentido comigo, mas ocorreu o contrario, ele me deu apoio, ficou super feliz, e comparou a minha pretensão com a atitude dele quando ele saiu do interior do Paraná e veio para São Paulo, disse que é natural que eu queira sair de São Paulo para outro lugar “melhor”.

Irei fazer um curso de francês, precisamos (o Douglas e eu) de no mínimo 150 horas de francês para termos condição de realizarmos a entrevista com o consulado, que se dá em francês ou inglês, quando o candidato possui os dois idiomas, a entrevista é mista. As aulas começaram na próxima quarta feira 03/09, hoje comprei os livros. Quando criança, fiz um mês de francês, lembro que me divertia muito fazendo os biquinhos necessários para as pronuncias, mas acabei não levando o curso a sério, se tivesse levado, hoje estaria com o processo de imigração bem adiantado.

Ontem estava conversando com o Douglas sobre o fato de irmos embora do Brasil, na verdade fico muito triste com isso, queria ser valorizado no Brasil no meu país, e não ver tantas desigualdades. Recentemente no Canadá o governo vez um repasse de verbas para a população, se tratava de um record na arrecadação de impostos, os mesmos foram devolvidos para a população, não vemos isso aqui no Brasil, o Canadá é um país que como o Brasil cobra muitos impostos, mas lá seguro saúde é coisa de turista, aqui no Brasil não somos amparados pelo governo, sem falar nas escolas, no Canadá até o cidadão completar a High Schooll, o governo garante o ensino gratuito e de qualidade.

Estamos animadíssimos com a possibilidade de recomeçar uma nova vida. Saudades? Sabemos que teremos, mas sacrifícios são necessários, vejo que nessa situação quem perde é o Brasil, há anos atrás a província de Québec mandou uma carta aberta ao Brasil convidando brasileiros para imigração, eles dão preferência para pessoas formadas e com experiência profissional, ou seja, eles não têm “apenas” subempregos, eles têm empregos de qualificação. Profissionais brasileiros deixam de contribuir para o crescimento do Brasil e passam a contribuir para o crescimento do Canadá, mas, a troco do que? De menor desigualdade social, de valorização profissional, de segurança pública de fato, de um estado que se faz presente e cumpre o seu papel.

Não é difícil se tornar um cidadão canadense, para isso é necessário ser um “imigrante permanente” há pelo menos três anos, ou ter um diploma universitário de uma universidade canadense, para ser estudante existe uma barreira gigantesca, pois estudantes podem trabalhar apenas 20 horas por semana, e dentro da instituição de ensino onde o mesmo estuda, a renda que isso gera é pouco para manter os custos de viver no país, o ideal é ter o visto de “imigrante permanente”, pois esse está autorizado a cumprir uma jornada de trabalho integral, gerando renda suficiente para se manter no país, já fiz amizades com pessoas que estão em Québec, dizem que a adaptação é ótima, e existem muitos brasileiros por lá, isso é um grande fator motivador.