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quinta-feira, 18 de junho de 2009

Homofobia Mata

O Dia do Orgulho Gay passou e nos restaram os outros 365 dias de violência que o cidadão homossexual vive ano a ano, aliás, nem no Dia do Orgulho Gay somos poupados da barbárie, descaso político e insignificância social na qual somos submetidos. O dia 14/06/08 ficará para sempre na memória da luta contra a homofobia no Brasil, o dia em que 3,1 milhões de gays, lésbicas e simpatizantes - acompanhados por baderneiros e homofobicos que visaram acabar com a festa -, foram às ruas pedindo pela por “Não Homofobia, mais cidadania”.

Apesar de muitas criticas, umas se referindo à fluidez rápida dos trios elétricos, outras falando da falta de segurança e infra-estrutura e outras apenas se limitando dizer que na Av. Paulista só tinha “gente feia”, a festa realizada foi bonita e de extrema importância para a manutenção do “Movimento Homossexual Brasileiro” e da continuidade das nossas lutas políticas. A Parada Gay mostra para as famílias tradicionais brasileiras que o gay existe, convive na sociedade e que somos um grande numero de oprimidos politicamente.

Há vários anos, ainda quando a Regina Faccini fazia parte da Associação da Parada, ela disse: “Os casos de homofobia aumentam muito nos dias que sucedem a Parada”. Esse fenômeno está bem nítido em nossa sociedade. Ontem, uma vitima da homofobia pós-parada teve sua vida ceifada pela escoria da sociedade, pelos nazistas e religiosos fundamentalistas que se sentem acima de nos por terem uma sexualidade de acordo com uma sociedade heteronormativa. Marcelo Campos Barros, de 35 anos, sofreu traumatismo craniano ao ser agredido depois da Parada Gay.

A morte cerebral dele havia sido confirmada no fim da tarde de ontem, 17/06, e ele acabou morrendo momentos depois, ainda no início da noite. Ele chegou a passar por uma cirurgia e estava na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Marcelo foi agredido na região da Praça da República, no centro de São Paulo, onde a Parada Gay terminou. Amigos do Marcelo afirmam que ele não participou da Parada, pois não gostava de eventos com grandes aglomerações, a vítima era chefe de cozinha do restaurante francês “Le Petit Trou” e estava num ponto de ônibus quando um grupo se aproximou e o espancou. A polícia ainda não tem pistas dos criminosos.

Amanhã (19/06), às 18 horas, amigas do Marcelo irão fazer uma manifestação pela morte do amigo e pedirão pela paz e o fim da violência. A manifestação acontecerá na Rua Fradique Coutinho, esquina com a Rua Aspicuelta, na ocasião, todos usarão branco. Não podemos negar que a Parada Gay foi marcada pela violência, ao todo foram 57 vitimas, dentre elas, 23 atingidas por estilhaços de uma bomba caseira e ninguém foi preso até o momento, porém, não podemos remeter a culpa dessa violência a Associação da Parada. A polícia diz ter pistas que levam aos assassinos de Marcelo, mas não revela maiores detalhes para não atrapalhar a investigação: é o que esperamos. Amigos do Marcelo confirmaram presença na manifestação que ocorrerá no próximo sábado, às 19 horas, na Rua Dr. Viera de Carvalho. Não podemos conviver num estado de guerra pelo simples fatos de sermos homossexuais.

“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender; e, se pode aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.” (Nelson Mandela)

7 comentários:

Diego Hatake disse...

Pena que eu não more em São Paulo, porque eu participaria desse protesto. Espero que muitas pessoas vão, já que três milhões se movem pra ir pra parada, né... Porque isso é um verdadeiro absurdo. Como eu sempre falo, se juntassem ao menos uns 50 gays que participaram da parada pra dar porrada nesses imbecis espancadores quero ver se outros não iriam pensar duas vezes. Tá na hora de agir. As barbies cultivam os músculos pra quê? Deviam descer o cacete nesse povo covarde...

Anônimo disse...

minha solidariedade à família e aos amigos do Marcelo Barros ... mais um mártir da violência homofóbica ... parabéns pela sua luta permanente amigo ...

;-)

Fábrica de Música disse...

Acabei de ficar sabendo do caso do assassinato, realmente é incrível que as vezes parece que as coisas estão piorando. Tomara que o caso seja esclarecido logo.

. disse...

Torço pra que mais e mais pessoas se conscientizem e lutem pelo direito à vida. É muito triste o que aconteceu com Marcelo e espero que a justiça seja feita e cenas criminosas como esta sejam abolidas. Parabens pela luta dos amigos e tmb pela divulgaçao no blog. grande abraço

Hugo de Oliveira disse...

Nossa fiquei tao triste ao saber...
Abraços amigo

O VIADO E A TRANSGRESSÃO POÉTICA disse...

Marcos,
A polícia, além de omissa, esta tentando tirar o cunho gravemente homofóbico das agressões. ontem eles começaram um falatório de que a morte do Marcelo Barros foi latrocínio e que não era uma bomba que feriu mais de 20 pessoas, mas , sim, um rojão... um verdadeiro absurdo e absurdo maior é tentarem minimizar a nossa dor e luto. Por que, tirando o cunho homofóbico, melhora nossa imagem lá fora, compreende? fora que há evangelicos, também, dentro dos quadros maiores da polícia que não quer que tenhamos nenhum tipo de munição para podermos lutar, principalmente pela pl 122.
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

Carpe Diem disse...

Nem em tempos de antiguidade clássica em que a informação era cultivada e entregue nas mãos de poucos, erámos tratados desse jeito, pelo contrário eramos vistos como pessoas a se respeitar.
Parece que hoje estamos vivendo um novo genocídio, somos atacados nas ruas, no trabalho e muitas vezes dentro de casa, precisamos da um basta nisso!
Se não quantos outros "Marcelo's" terão que morrer para que isso pare!