
Manter uma relação estável não é algo simples, e quando essa relação é gay, os agravantes ainda são maiores:
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No Brasil um gay é solteiro por força da lei. Grande parte da nossa sociedade faz um esforço enorme para não reconhecer a união estável entre dois homens ou duas mulheres.
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Gays são intimidados a não demonstrarem afeto em público, seja na rua, em repartições públicas ou estabelecimentos comerciais. Mesmo com alguns avanços como a
Lei 10.948 no Estado de São Paulo, todos nós sabemos que existe uma enorme resistência por parte da sociedade para aceitarem gays em estabelecimentos comerciais.
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A falsa moral pregada por instituições religiosas é muito aceita no Brasil. A aceitação dessa falsa moral é diretamente proporcional ao grau de escolaridade da população. Quando menor o nível de escolaridade, maior a aceitação dessa falsa moral na sociedade.

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Um grande número de religiosos têm se candidatado para nos representarem no legislativo e executivo desse país, são candidatos que obtêm vitórias expressivas nas urnas, essa aceitação se deve ao mesmo fator citado na afirmação anterior. Pessoas com um nível de escolaridade baixa, não são formadores de opinião, são pessoas que carecem do auxílio de um líder, e quando esse líder é um líder religioso, acontece o que vemos no Brasil: uma bancada de religiosos fortíssima no legislativo desse país, religiosos que discriminam em nome de Deus.
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Constantemente gays estão expostos a pressões emocionais. Muitos gays não têm a liberdade de terem uma vida plena, ou seja, não podem ser quem realmente são, têm que viver num constante teatro para a família, amigos e colegas de trabalho.

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Homofobia não é crime no âmbito federal, e as pouquíssimas matérias que temos nos estados e municípios que tratam sobre o tema não são abrangentes, são leis que contém várias brechas que autorizam os cidadãos a continuarem discriminando homossexuais sem uma devida punição. Gays do Brasil não possuem respaldo jurídico para reclamarem quanto ao preconceito por identidade de gênero.

Quando nos preparemos para mais um dia de trabalho e estudo, sabemos que não é somente mais um dia com rotinas, superações e frustrações. Sabemos que, além disso, temos que matar vários leões por dia para sermos gays e estarmos bem com o nosso íntimo.
Às vezes, somos obrigados a abandonar nossas forças intelectuais e matarmos tais leões com os dentes, e como ficamos depois disso? Nunca saímos ilesos, as feridas expostas são inevitáveis. Quando elas saram, ainda ficam sempre as cicatrizes, que deixam marcas em nossos corações, marcas que expressam o quanto não somos aceitos pelo simples fato de sermos gays. Temos que conviver com isso, e ainda mantermos uma boa saúde mental para lutarmos pelos nossos direitos, direitos que as vezes duvidamos se iremos conquistá-los em nossa geração.

Manter uma relação harmoniosa com namorados, amigos e familiares que se solidarizam com a nossa causa é fundamental. Não precisamos ampliar a nossa guerra e dividir o nosso exército, a nossa frente de batalham temos que nos unir. E para isso, só liberando o perdão, e esquecendo os fatos tolos que impedem uma vida social completa. Antes de qualquer outra pessoa, nós gays, temos que nos aceitar por completo, isso é fundamental para vencermos a guerra contra o preconceito.