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segunda-feira, 7 de julho de 2008

Morte Natural

Semana passada a minha prima pegou o laudo da causa morte da minha tia, e o laudo repetiu o que o medico já havia dito: “A causa morte é desconhecida”, ela morreu de morte natural, não houve derrame, infarto, parada cardíaca ou insuficiência respiratória, ela simplesmente morreu, isso se dá por conta do desgaste do corpo, os órgãos acabam ficando fracos com o tempo, apesar da pouca idade que ela tinha, os problemas de saúde dela ajudam nesse desgaste, muito tempo com sérios problemas de saúde acarretou tudo isso.

Minha prima voltou a trabalhar hoje, ela trabalha na mesmo empresa que eu, ela está muito abatida e já chorou durante o dia, fico sem saber o que fazer, sei que perder uma tia não é como perder uma mãe, ela está sofrendo muito, o tempo pode amenizar isso, mas nada poderá apagar a dor de perder uma mãe, perder as origens, a razão da nossa existência, abaixo coloco uma música que já me confortou muito em momentos de despedidas permanentes.

Semana passada visite o blog do Râzi, e nele tinha um post que falava sobre “Passivo Natural”, ele definiu “Passivo Natural” de uma forma tão bonita e poética, tudo que é natural acaba tendo uma beleza natural, penso da mesma forma quanto a “Morte Natural”, deve ser uma gloria você morrer sem a falência de nenhum órgão, sem a sensação de sufoco que uma insuficiência respiratória pode lhe dar, sem o desespero de um infarto ou de uma parada cardíaca, quando eu morrer, também quero que seja de “Morte Natural”, quero simplesmente morrer, não num hospital, quero que seja num dia de Domingo, após um belo almoço em família, com saúde perfeita, infelizmente minha tia não teve essa gloria, mesmo morrendo de morte natural, ela dependia de todos para tudo.

Não tenho medo da morte, tenho medo da dor, como já dizia o Cazuza: “Morrer não dói”, o que dói é a causa morte, a insignificância que recebemos durante a vida, o desprezo, o desapego, disso eu tenho medo, mas medo da morte eu não tenho, já estive por varias vezes perto dela, e sempre encarei bem a situação, se hoje estou vivo, é porque não tive medo da morte, creio que quando encaramos a morte como algo natural, a vida fica muito mais fácil.



8 comentários:

Anônimo disse...

Lidar com a morte nunca é fácil.
Quem sabe como fazer, né?
Mas desejo força!
Abraço

Râzi disse...

Rapaz, não sei como agradecer, não só a referência no post quanto também o link aqui ao lado!

Isso é muito importante pra mim! O reconhecimento de uma pessoa é algo a se valorizar muito!

Quanto à morte, rapaz... não acho que tenha morte fácil... e acho que o tipo de morte da sua tia foi menos chocante pra família, que já esperava.... imagina, vc cair duro logo depois de uma feliz almoço de domingo?? Seria bom pra vc... mas e praqueles que vc ama??

Bem, assunto difícil!

Beijão!

Serginho Tavares disse...

eu sei que é inexorável mas fazer o que? a morte nunca é facil para quem fica.
sinceramente eu tenho medo dela,
nao de morrer, mas das pessoas que amo morrerem.

beijos.

Gui Sillva disse...

a única ceretza é que estamos aqui de passagem. o importante é viver o agora. e da melhor forma possível.
se cuide.
bj

Anônimo disse...

Eu gostaria de morrer dormindo, que delícia!... Sinto pelo sofrimento de sua mãe e de seus familiares, sei a barra.
Ou então, perto, em casa, dos que eu amo...mas sei que não se pode querer muito nessa hora, muitas vezes acabamos em um frio quarto de UTI, ligado a tubos e... só... sei que a solidão dói mais que a morte. Também admiro a proposta existencial, de que sua vida lhe pertence e você pode decidir o seu fim, como bem pretender.
Acho que todos e todas nós, homossexuais, já vivemos a morte em vida, que é a invisibilidade e a Morte Social, as piores formas de preconceito. A cada dia temos que nos reafirmar como humanos passíveis de Direitos, coisas que os/as heterossexuais estão dispensados de fazer, não têm esse trabalho...
Beijos do amigo que te admira,
Ricardo
aguieiras2002@yahoo.com.br

Anônimo disse...

Sei o quanto é duro a dor desse tipo de separação, já passei por isso e posso dizer....sei o quanto é duro o fruto esquecer da árvore que lhe deu vida, deve estar sendo barra para sua prima , para vc e para todos os familiares dela... o que tenho a dizer é que o tempo... o tempo, um velho senhor chamado tempo... o tempo passa, a saudade dói a ausência assusta, mas a vida deve continuar porque ela não acaba nunca... Sua prima é uma extensão da vida da mãe dela, sua mãe, vc e cada pessoa que a amava são extensões da vida dela, suas palavras carinhosas e ternas são extensões da vida dela. Ela sempre vai estar eternizada em vocês. Quando perdi minha mãe sofri muito, mas muito mesmo. A saudade e a falta ainda aparece e dói, mesmo já tendo passado alguns anos, mas no Natal passado numa comemoração em familia eu percebi algo maravilhoso. Era nessas ocasiões em que sentia que mesmo rodeado de pessoas e de alegria, estava sempre faltando alguém, mas no Natal passado observando meus três sobrinhos mais novos vi em cada um deles uma extensão da minha mãe. Quando vi Maria Eduarda, e o Miguel correndo felizes pelo quintal pude perceber que minha mãe estava correndo ali com eles, correndo junto deles, estava ali e sempre estará ali em pequenas partes deles. No sorisso do Arthur no colo de sua mãe encontrei o meu avô de quem ele herdou o nome. Interessante é que esse meu avô que encontrei no sorriso do Arthur nem cheguei a conhecê-lo, mas naquele dia não senti falta de ninguém que não estivesse presente ali em corpo, pois naquele dia meu avô, minha avó, minha mãe e meu pai estavam ali no sorriso da Maria Eduarda, no olhar do Arthur, nas covinhas do Miguel , na nervura dos dedos da Fernanda e em cada pedacinho dos meus sobrinhos, nesse Natal a imortalidade da alma de uma pessoa passou a fazer sentido para mim que nunca acreditei nisso. A imortalidade está aqui nos que ficam, nos que sofrem, nos que lembram, nos que continuam vivendo e carregando traços dos que se foram, nessa imortalidade eu acredito! Nós somos parte de pessoas que nem conhecemos, estamos aqui vivendo nossas vidas e carregamos conosco - seja em nossa aparência, em uma nervura dos nossos dedos, num olhar ou nas nossas lembranças - fragmentos dos que já se foram.
Como já te disse, adoro música e escrevendo aqui sobre a INFINITUDE DA VIDA queria deixar a letra dessa que parece falar também do que escrevi:
*Velhos e Jovens
Antes de mim vieram os velhos
Os jovens vieram depois de mim
E estamos todos aqui
No meio do caminho dessa vida
Vinda antes de nós
E estamos todos a sós
No meio do caminho dessa vida
E estamos todos no meio
Quem chegou e quem faz tempo que veio
Ninguém no início ou no fim
Antes de mim
Vieram os velhos
Os jovens vieram depois de mim
E estamos todos aí

Grande Abraço!
* Letra de Péricles Cavalcanti e Arnaldo Antunes cantada por Adriana Calcanhoto no seu CD Senhas

P.S
Seu Blog está muito interesante! Adorei o conteúdo como um todo!!!

Tiago disse...

Querido
E a morte, e a perda é algo difícil de lidar e um assunto difícil de ser tocado
Mas é bom pensar que num Plano melhor ela descansa e pede por vc e todos seus..

Apareça no meu Blog Passageiro!
:)

ludo disse...

dizem que as pessoas boas costumam ter uma morte serena
já reparou que o semblante da pessoa fica pra cima, como se estivesse ali tranqüila, sobre o caixão
já passei pelas 2 situações, perder uma tia e um pai. no caso da primeira já era esperado, só não se sabia quando. já meu pai foi infarto fulminante assim que se levantou, sem ter tempo sequer de chamar por alguém.
é foda. dê bastante apoio para ela, pois, sei que vai precisar.