
Hoje o meu relacionamento com o Douglas completa 5 anos e 8 meses.
Vi o Douglas pela primeira vez no dia 18 de maio de 2003, na época frequentava a igreja Acalanto, uma igreja inclusiva gay. Já o tinha visto desde o inicio da reunião, cheguei um pouco atrasado, e fiquei em pé, estava encostado na parede, bem na direção dele. No momento que ele me viu, eu não sei o que estava acontecendo na igreja, ele olhou para trás porque alguém falou algo engraçado e todos riram, não me lembro o que, aliás, não importa. Para mim, naquele dia não houve reunião, pois fiquei o tempo todo olhando para ele, e depois que ele me viu, ele também ficava me olhando, e quando os olhares se cruzavam, nos disfarçávamos com vergonha e depois olhávamos de novo.

Nesse dia eu o cumprimentei, mas não trocamos nenhuma palavra além do cordial. Na época eu tinha uma moto, no caminho o encontrei indo para o metrô. Parei, ofereci uma carona e ele não aceitou, depois ele me confessou que ficou pedindo a Deus para me guardar, ele tinha medo da moto, e enquanto ele não me viu livre dela, não sossegou.
No outro domingo fui para a igreja de metrô, pois queria voltar com ele, e no caminho teríamos oportunidade para conversarmos, ele foi. Não me lembro ao certo o que falávamos naquele dia, acho que algum papo bobo de quem está com a vergonha de um adolescente em meio à descoberta do amor. Nessa mesma semana teria uma festa na casa de um membro da igreja, eu perguntei se ele iria, ele não deu certeza, mas disse que faria um esforço, eu não estava muito a fim de ir, mas fui, estava com a intenção de encontrá-lo. Para a minha decepção, ele não foi.

Na festa conversei com o meu amigo André, perguntei se ele conhecia o Douglas, ele disse que sim, que conversaram quando ele se apresentou como visitante na igreja.
Uma amiga nossa, a Mara, também disse que havia conversado com ele, e que achou ele uma gracinha, eu disse que também havia achado. O André ficou de me ajudar a me aproximar dele, e nos convidou para irmos ao teatro, nos aceitamos, precisávamos de uma oportunidade para nos aproximarmos, pois éramos tímidos.
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A peça era numa sexta-feira, dia 06/06/03 no teatro Ruth Escobar. Marcamos de nos encontrarmos no metrô. No dia eu tive uma série de contratempos e eu cheguei bem atrasado. Se na época conhecesse a música “
Por Onde Andei” do Nando Reis, sairia da catraca cantando:
Desculpe estou um pouco atrasado, mas espero que ainda de tempo... Até hoje o Douglas comenta desse nosso primeiro encontro que eu o deixei esperando mais de uma hora... Enfim, passou.
No teatro, quando o Douglas não estava por perto eu perguntei para o André:
E ai, o que você acha? Ele me respondeu:
Ta no papo. Eu fiquei feliz, estava extremamente apaixonado. No final de peça, que por sinal foi uma das piores que já assistimos, fomos para o Franz Café da Haddock Lobo, a todo o momento queria falar com ele o que estava sentindo, que queria namorá-lo e amá-lo, mas não tinha coragem. Estava ficando tarde, e resolvemos ir embora, pois eu não estava com a minha moto.

Quando chegamos à plataforma do Metrô Consolação, ele me perguntou:
A Mara comentou alguma coisa com você? Eu respondi:
Não, o quê? Fazendo cara de desentendido, ele ficou roxo e então disse:
Eu estou gostando de você (achei lindo). Eu olhei para ele e disse:
Eu também enquanto tirava do bolso um presente que havia comprado para a ocasião. Era uma miniatura de bonequinho de um contador, pois sabia que ele era formado em Ciência Contábeis, ele disse que não tinha nada para ocasião, mas não me importava com isso, o que eu mais queria eu já tinha, o coração dele. Deixamos o metrô passar, ele olhou para mim e me disse:
Queria lhe dar um abraço, fazer alguma coisa, aqui não dá para fazer nada... Uma pena. Depois disso nos vemos no domingo, fomos ao Shopping Hienópolis para almoçar, depois o convidei para ir no Vermont Centro (bar gay que se localiza na região da república), e lá aconteceu no nosso primeiro beijo.

Estávamos numa mesa que ficava na calçada da Rua Viera de Carvalho, ele ficou preocupado, e perguntou:
Pode beijar aqui? Eu disse que sim e continue beijando colocando as minhas mãos em suas pernas, percebi que ele estava deslocado, então parei e ficamos conversando.
Nosso amor não tinha pressa, pois sabíamos da magia que estávamos envolvidos era muito forte, e que aquele singelo beijo era apenas o começo de um grande amor que já dura 5 anos e 8 meses.