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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Homofobia: Gays Vivendo Num Estado de Guerra

Sofri muito com a homofobia na escola, era xingado de “bicha”, “viadinho”, “Marcos bicha”, “travecão”, entre outros. Na verdade, desde os meus 10, 12 anos, tinha certeza da minha sexualidade e era afeminado, não sei se foi devido ao ser o filho mais novo e com saúde fragilizada, eu era o “não me toque, não me rele” da mamãe e até hoje sinto que minha mãe tem uma leve tendência em me poupar. Desde muito pequeno lidei com o bullying, muitas das vezes promovidos por aqueles que esperava amor, pelos meus parentes.

Certa vez, estava brincando na rua e os meus colegas e eles começaram a me chamar de "bicha", entrei chorando pra casa e minha mãe saiu, foi comigo na rua e perguntou quem estava mexendo comigo, ninguém respondeu, depois a minha mãe disse: vocês não gostam de brincar com o Marcos? Porque ficam fazendo isso com ele? Se vocês continuarem a ofende-ló, ele não vai mais brincar com vocês. Os meninos pediram desculpas e continuei brincando com eles naquele dia.

Na escola, a situação era critica, quase que diariamente eu voltava pra casa chorando. Minha irmã mais velha sempre intervinha quando via as provocações, mas nem sempre ela estava presente. Minha mãe, cansada de tudo isso, me disse: da próxima vez que você voltar chorando, irá apanhar. E como prometido, aconteceu. Depois da surra ela me disse: isso é para você aprender a resolver os seus problemas na escola. Acredito que muitos pedagogos irão se retorcer ao ler esse depoimento, mas essa lição dada por minha mãe, mudou a minha vida.

Na mesma semana, ainda enfezado por ter apanhado da minha mãe e de também apanhar na escola, um dos babacas que sempre mexia comigo me chamou de bicha, eu fui em direção dele e perguntei: Quem é bicha? Ele respondeu: Você. Não pensei duas vezes e sem saber dar porrada, dei porrada. Em segundos um grande circulo se formou ao redor da briga e sai de lá com título de herói. Continuaram mexendo comigo, essa não foi a primeira briga, mas depois disso conquistei respeito e nunca mais foi o “Marcos Viadinho”.

Não estou incentivando a violência, mas sou a favor da legitima defesa. Se um homofóbico vem pra cima de, com sede de matar e tirar sangue, temos que ir pra cima, temos que nos defender. Se não sabe brigar, meta a unha, arranque os cabelos, chuta as canelas, mira no joelho sem dó, mas gays desse Brasil varonil, não apanhem feio de homofóbicos na rua. Pensem o seguinte: Se você for atacado, estará "fudido" mesmo e não tem muito a perder, então vá pra cima, arranque sangue, chute o saco e mostre que “bicha não é bagunça”.

Vendo as cenas que foram ao ar hoje pelo SBT, das câmeras de seguranças de flagraram o momento que os delinquentes atacaram um gay na Av. Paulista, fiquei indignado. O rapaz que foi atacado estava com dois amigos e os dois ficaram assistindo a briga. A homofobia é uma guerra, estamos em guerra e temos que lutar juntos, se vermos um gay apanhando na rua, vamos todos pra cima, vamos apanhar e bater juntos, se eles pegaram uma lâmpada, a gente pega um pedaço de pau, mas vamos nos defender, nãos vamos deixar os nossos iguais apanhando de graça, pelo simples fato de serem homossexuais e estar exercendo o direito de ir e vir, garantido em nossa constituição federal.


Já o caso do Rio de Janeiro, é diferente. O marginal, que jurou amor e proteção a pátria, estava armado. Não podemos sentir que temos peito de ferro e partir pra cima de todos os nossos ofensores, mas temos que nos defender. Em situações extremas, a primeira atitude do ser humano é proteger a sua integridade física, não podemos ficar passivos em meio a tanta violência. Fico feliz em saber que o sargento-marginal Ivanildo Ulisses Gervásio, de 37 anos, autor do disparo no abdômen do jovem após a Parada Gay do Rio de Janeiro está preso e pode pegar 20 anos de prisão por tentativa de homicídio duplamente qualificado. Espero que as apurações dos casos do Rio de Janeiro e São Paulo sejam severas e tratadas com rigor, pois gay não é bagunça e paga impostos.

9 comentários:

Tiago Toy disse...

Porra, na boa! São uma cambada de filhos duma grande PUTA! A mãe de um deles ainda defendeu o "filhotinho" na TV. Deve ser outra homofóbica vagabunda que acha que pinto é só pra porcaria suja que ela tem no meio das pernas.

Nunca duvidei que fosse caso de preconceito, e tá mais do que provado agora. Os caras estavam andando de boa, nem olharam pro lado. Se cantaram os delinquentes, foi uma semana antes em outro lugar, porque nesse momento não.

Esses menores tem que apanhar muito e levar muita rola pra descobrirem que HOMENS somos nós. Coisas que eles não aguentam gritando nós aguentamos fazendo a unha.

Põe esse grupinho no meio da Paulista no dia da Parada Gay e dá UMA lâmpada fluorescente pra eles se defenderem. A lâmpada vai acender quando enfiarem no rabo deles!

Mais uma vez, repito: Violência gera violência e, infelizmente, no nosso caso, o negócio é fazer jus à citação e arrancar sangue desses metidos a playboys. Usa a unha e enfia no olho até cegar o fdp! Gruda a unha pelo lado de dentro do lábio e rasga mesmo, sem dó. Ou gruda no pau de um e aperta até virar omelete.

Viado não é bagunça, mas sabe fazer bagunça como ninguém se preciso!

FOXX disse...

pois não é?
eu fiquei chocado com os dois amigos q ficaram a distância vendo tudo, a mesma coisa já aconteceu comigo tb. meus dois "amigos" ficaram olhando a distância, e ainda me criticaram dizendo q eu não devia ter respondido as agressões.

Visão disse...

Eu não vou procurar briga, mas se vem para cima de mim, vai sentir a fúria e 1,90 sobre eles. De certeza.

Eduardo Piza disse...

O seu relato é tocante e ao mesmo tempo muito seguro. Concordo com ele, pois acho que devemos mesmo reagir e nos defender contra agressões.
Parabéns.
Eduardo Piza

Eduardo Piza disse...

O seu relato é tocante e muito sincero. Hoje sabemos o que é bullyng e como ele é causa de tanto sofrimento.
Concordo que a nossa dignidade requer que saibamos reagir contra ataques violentos, principalmente quando eles vem de homofóbicos covardes e cafajestes.

Augusto Patrini Menna Barreto Gomes disse...

Engraçado que lembrei com teu relato que na escola as poucas vezes que sofri bullying a minha reação foi fazer o estilo "psicopata" - sempre deu certo - lembro que na 2 série peguei um menino que me atormentava pelo pescoço e disse que se falasse mais uma vez comigo eu o matava... (isso fazendo uma cara de louco), eu sei que eu ja era grande então isso ajudava... tz ainda use essa estratégia (fingir-me de louco)...

Também chocou-me a passividade dos dois amigos no caso da paulista... triste.

Agora é preciso admitir que, em parte, toda essa onda de ódio,(homofobia, xenofobia, ódio aos pobres, nordestinos, mulheres etc) pode ser colocada na conta do sr. José Serra, que ao fazer uma campanha eleitorar baseada no ódio e na discriminação abriu a "caixa de pandora"...

E agora o brasil que pague a conta...

Marcos Freitas disse...

Augusto,

O Governo do Estado de São Paulo se posicionou a respeito e diz que estuda multar os rapazes que agrediram os gays na Paulista. A gestão de José Serra como Ministro da Saúde, Prefeito de São Paulo e Governador do Estado de São Paulo, tirou muitos gays da margem da sociedade.

Quando ministro da saúde, José Serra criou medidas preventivas para homoossexuais quando a dissiminação de DSTs. Quando prefeito, José Serra criou a Cads (Coordenadoria de Assuntos da Diversidade Sexual), primeiro orgão público do Brasil a tratar o gay como cidadão e detendor de políticas públicas e como governador José Serra regulamentou a lei 10.948, da qual será base para aplicar a multa aos agressores.

Concordo que a campanha eleitora foi com muita base em ódio e mentira, mas não devemo tapar o sol com a peneira e fechar os olhos para a rede de mentiras que militantes que estavam junto com a candidata Dilma montaram e dissiminaram pela internet.

Se há um político que está ao lado dos LGBTs e fez políticas públicas de fato, esse política é José Serra e a sua história comprova isso.

Abraços

Marcos Freitas

Anônimo disse...

isso nao pode ficar ipune , mas tem muita pintosa que nao respeita o espaço dos outros na rua ou no metro que merece apanhar ate eu tenho vontade de descer porrada em certos gays

Marcos Freitas disse...

Anônimo,

Não posso deixar de comentar o seu recado. Ninguém merece apanhar, vivemos em sociedade, temos o direito de expressão. Sou gay e sou cantado na rua, por solteironas "piriguetes", eu tenho o direito de descer o cacete nelas? Temos que tomar cuidado com a nossa homofobia internalizada.