Ontem fui na abertura do 18º Festival Mix Brasil de Cinema. O evento foi um sucesso, a sala do CineSesc Augusta ficou pequena para comportar a quantidade de pessoas que estavam prestigiando o evento. Na abertura, foi apresentado o filme “Contracorriente”, do peruano Javier Fuentes León, que estava presente na exibição. Foi o primeiro filme peruano que assisti e confesso que fiquei tocado com a qualidade da fotografia, que ressaltou a beleza da costa peruana e a qualidade do cinema daquele país.
Contracorriente é o primeiro longa de Javier Fuentes León, que estreará no Brasil no ano que vem com distribuição da produtora Festival Filmes. Recomendei o filme para uma amiga, que ficou empolgadíssima, mas depois, conferindo a programação do festival, notei que o filme só foi exibido na ocasião da abertura, uma pena. Por diversas vezes o público aplaudiu o filme, confirmando a escolha assertiva da produção do Festival em abrir o evento com o filme peruano.
O filme conta a história de Miguel (Cristian Mercado), um homem respeitado na vila de pescadores onde vive com a sua esposa Mariela (Tatiana Astengo), que está grávida do primeiro filho do casal. Embora viva bem com a sua esposa, Miguel tem um caso extraconjugal com o artista forasteiro, Santiago (Manolo Cardona), chamado pelas costas pelo povo do vilarejo de “Príncipe Encantado”. Quando a história ganha um rumo sobrenatural, Mariela começa a questionar Miguel, que eventualmente terá que decidir se é homem o suficiente para assumir a sua sexualidade.
Mais do que uma história de uma de amor entre dois homens em meio ao preconceito velado de uma sociedade conversadora e religiosa, contracorriente é um filme que fala de superação e humanidade. Todos os gays que vivem em sociedades ou famílias conservadoras, já viveram um pouco de contracorriente, já se sentiram presos numa sociedade preconceituosa, que não enxergam nada além dos costumes aprendidos e repetidos ao longo dos anos.
Ser “viado” (como diz no filme) é coisa pra homem. Assumir a sua sexualidade e enfrentar a tudo e a todos não é para qualquer um. Existem muitos casos de héteros mal casados, que são infelizes e por sua vez fazem de suas famílias infelizes, por não terem sidos machos o bastante para assumirem que são gays. Vencer o seu próprio preconceito não é para qualquer um, se deitar com outro homem não é assumir um lado feminino, mas é ressaltar a masculinidade que muitos machos que pagam de homofobicos para amigos tentam esconder. Contracorriente é um pedido de libertação para a dignidade humana e sexualidade plena.
5 comentários:
ê vontade de morar em sampa...
http://ousefalarouseouvir.blogspot.com/
divulgando
Este filme peruano parece ser excelente. Gostaria imenso de poder vê-lo. Faz-me lembrar o "Brokeback Mountain".
Abraços a todos, http://ptversatil.blogspot.com/
Ele entrará em cartaz no Brasil no próximo dia 08. Veja se está previsto estreiar em Portugal.
É um belo filme, que aborda com delicadeza a questão da homossexualidade, sob o prisma do amor e da incerteza de um homem a respeito da sua condição de "macho", obrigatória numa preconceituosa vila pesqueira e de sua paixão por um pintor estrangeiro.
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