Por Floriano Pesaro
A morte do menino Kaique Augusto Batista, de 17 anos, no último sábado, tornou-se uma sequência de fatos tristes. O primeiro, evidentemente, é a perda de um jovem que ainda tinha a vida toda pela frente. O segundo fato triste é a irresponsabilidade com que o tema foi tratado por algumas pessoas.
Mesmo com a recente declaração da mãe de Kaique, que disse ter sido convencida pelas evidências trazidas à luz pela investigação policial de que seu filho cometeu suicídio, não me cabe tirar qualquer conclusão sobre o que realmente aconteceu sem esperar o encerramento da investigação que está ainda em curso.
Infelizmente, essa não foi a postura da ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. Antes de conhecer o curso da investigação, a ministra divulgou uma nota em que afirmou que Kaique foi vítima de um assassinato homofóbico.
A ministra tem razões para ser obcecada pelos assassinatos homofóbicos no Brasil, uma mancha para o nosso país, que sob os cuidados de Maria do Rosário continuam aumentando, ano após ano. Mas a população LGBT merecia ter à frente desse trabalho alguém mais responsável e consciente da importância do cargo que exerce.
A homofobia é um assunto sério. A morte de um rapaz de 17 anos, também. Nenhum dos dois poderia ter sido tratado com a leviandade que a ministra demonstrou. Nenhum dos dois poderia ter sido usado pela ministra para fazer proselitismo político.
Maria do Rosário já é reincidente na prática: em maio de 2013 ela acusou a oposição de ter gerado os boatos sobre o fim do Bolsa Família que causaram uma correria a agências da Caixa, sem esperar as investigações da Polícia Federal, que atestou não haver indícios de prática criminosa na origem dos boatos.
Temos, no Governo do Estado de São Paulo, uma Coordenação de Políticas Públicas para a Diversidade Sexual e uma Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, ambas já provaram sua competência em fatos anteriores e estão acompanhando as investigações sobre a morte de Kaique.
É essa a seriedade que esperamos dos gestores públicos, especialmente frente à morte de um ser humano, e não a macabra busca por um mártir para usar como bandeira política.
Maria do Rosário já tem outros 338 assassinatos homofóbicos, só em 2013, para explicar. Não precisava inventar mais um.
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