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sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Além do Beijo Gay

Apesar de não ter assistido toda a trama da novela “Amor à Vida”, foi impossível deixar de acompanhar a história. Diariamente fui bombardeado por comentários, muitas das vezes atribuindo minhas piadas as do Félix... Não acho que sou tão sarcástico. 

Os comentários de hoje girou em torno se aconteceria ou não o beijo gay. Na verdade, Walcyr Carrasco foi apenas um mediador na trama, quem escreveu essa novela foi à opinião pública. Félix nem era o protagonista, mas com o tempo foi ganhando a simpatia do público e o seu personagem cresceu, roubou a cena. 

Durante 48 anos os personagens homossexuais nas tramas globais foram todos estereotipados, mostrando uma realidade que não é regra no segmento LGBT e muitas das vezes contribuindo ainda mais para o fomento do preconceito. 

Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais amam, odeiam, tem os seus medos, suas fraquezas e os seus pontos fortes, como quaisquer outros seres humanos. Um beijo gay não difere em nada de um beijo hétero, isso se realmente todos fossem iguais nas garantias dos seus direitos. 

O fato da maior rede de televisão do Brasil ter se recusado por 48 anos mostrar um beijo entre pessoas do mesmo sexo, reflete que por todo esse tempo ela serviu a uma sociedade heteronormativa e que ainda colocam LGBT como cidadãos e cidadãs de segunda classe, jogados(as) politicamente às margens da sociedade.


O beijo entre Félix e Niko foi tímido, mas emblemático. Porque o Movimento LGBT lutou tanto por um beijo? O que isso muda em nossas vidas? Muitos acham que não passa de uma besteira... Um simples beijo insere uma discussão importante na nossa sociedade, mostra para muitos que existimos e temos que ser representados nas ficções televisivas. 

Muito mais importante que o beijo, foi a declaração de amor de Félix e César, que numa cena emocionante e cinematográfica se perdoaram e selaram o amor de pai e filho, mostrando que a homofobia pode e deve ser vencida. Que o amor à vida saia da tela da televisão e entre nas famílias de todos e todas que sofrem com a homofobia que mata neste país.

Um comentário:

Leo Natura disse...

Achei a cena muito importante, sim. Porque foi mais uma barreira que caiu.
Até coloquei a enquete do mês no meu blog sobre isso (eu tinha pensado num outro tema, mas mudei na última hora).
Acho que foi até mais importante do que o beijo entre as lésbicas de Amore e Revolução, já que a exposição da homossexualidade masculina no Brasil sempre sofre muito mais censura do que a exposição da homossexualidade feminina.