Sempre trabalhei na empresa da minha família e tal condição foi muito prejudicial para a minha vida profissional. Os que estavam de fora, me viam numa zona de conforto, privilegiado por não precisar me preocupar com o mercado de trabalho e com as instabilidades que o mesmo acarreta. Por outro lado, fiquei estagnado, não cresci profissionalmente, tenho um boa experiência no ramo administrativo, área que segui por conta da minha família e que não completa os meus anseios.
A convivência com o meu pai sempre foi muito difícil, ele não conhece limites e pensa que todos tem que estar disposto a servi-lo e agir de acordo com os seus interesses. Há tempos me sentia incomodado trabalhando com ele, mas por outro lado sabia que quando eu tomasse a decisão de sair, passaria por momentos difíceis. Quando comecei a cursar “Sociologia e Política”, o sinal de alerta que um dia eu sairia da empresa foi acionado, sempre gostei de política e nos últimos anos me aproximei bastante no movimento LGBT.
Em meados de maio fui vitima de homofobia na empresa, no mesmo instante fui conversar com a minha mãe e exigi que o caso fosse punido e que a funcionaria em questão fosse demitida. Como isso não aconteceu naquele momento, eu peguei as minhas coisas e fui embora. No outro dia, meu pai me ligou, disse que tomaria providência e pediu para voltar. Todos da minha família são muito geniosos, acho que eu sou o mais tranquilo. Sempre nos apoiamos e quando mexem com um, mexem com todos. Talvez exigir que a funcionária fosse demitida foi exagero da minha parte, mas da forma que eu pedi, aconteceu.
Após o caso de homofobia ser finalizado, senti o que o meu pai ficou diferente comigo, sentido que havia feito algo por mim e agora eu devia essa para ele. O comportamento de imediatismo e que todos tem que estar lá para servi-ló, se evidenciou ainda mais. Tenho 29 anos, não sou mais uma criança que o pai puxa a orelha e o coloca de castigo quando acha que se comportou mal. Sempre achei lamentável as atitudes de meu pai, que afeta o ambiente profissional e familiar, carregando os problemas de um lugar para o outro.
Para o meu pai, não existe conversa participar, sala de reuniões ou até mesmo procurar entender os fatos e a nossa última briga, no ambiente profissional, foi na frente de muitos funcionários. Eu já havia ligado o “foda-se” há muito tempo, pois estava com outros problemas e quando terminou a discussão eu novamente peguei as minhas coisas, procurei a minha mãe para explicar o que havia acontecido e fui embora. Foi uma das melhores atitudes que tive nesse ano.
Até hoje sofro com as consequências dessa minha atitude, mas não me arrependo. Sair da empresa do meu pai foi libertador, não estava feliz e o ambiente profissional era prejudicial para a minha saúde. Meu posicionamento foi apoiado por minha mãe e irmãs e hoje, quando fico sabendo dos abusos que meu pai comete na empresa, dou graças a Deus por ter conseguido dar um basta nas condições que ele me submetia.
2 comentários:
te leio faz tempo
e acho q vc nunca tinha contado isso...
Se não está feliz no trabalho é preciso sair mesmo, independente de ser ambiente familiar ou não.
Abraços
de luz e paz
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