É impressionante como um momento, algumas palavras ou um dia podem destruir toda uma história. Imaginei que havia encontrado o amor da minha vida, uma pessoa que passaria comigo muitos momentos, tanto que compramos um apartamento juntos e como desfiz do meu carro para empenhar nesse apartamento, o ajudei a comprar o dele. Estava feliz com as novas aquisições, apartamento na planta, carro zero para irmos a balada e uma vida em comum sendo construída.
Naquele dia, o chamei para sair, ele se recusou, disse que estava cansado. Eu fiquei desconfiado e insisti e novamente ele recusou. Quando cheguei em casa, peguei o carro do meu pai e passei em frente a casa dele, o carro não estava na garagem, liguei e o telefone só chamou. Aquilo foi como se eu tivesse levado uma facada no coração. O cara, que juntos planejávamos uma vida e em nome de tudo isso eu abri mão de um monte de coisas, estava mentindo pra mim, me enganando.
Voltei para casa arrasado e fui dormir. Fui acordado com um torpedo de celular, com a mensagem “adorei te conhecer, desculpe-me por não ter te-ló convidado para subir, moro com amigos. Da próxima vez te convido”. Comecei a trocar mensagens, até descobrir tudo o que havia acontecido e acredito que não preciso expor os detalhes. Ele saiu, mentiu, traiu a minha confiança três meses após termos comprado um apartamento, depois de termos feito um monte de planos.
A mentira doeu muito mais que o fato dele ter ficado com outra pessoa, me senti tão sujo, pequeno. Depois disso, tentamos de novo, mas não deu, confiança não é uma via de mão dupla e uma vez perdida, nunca mais volta ser a mesma. Nem amizade aconteceu, é complicado falarmos em amizade, pois o que tínhamos em comum era um relacionamento afetivo e amizade tem que ser construída, com os mesmos passos e degraus que um relacionamento afetivo também é construído.
Hoje, não tenho raiva, ódio ou rancor, encarro como um fato de vida que aconteceu, passou e usei para me fortalecer. Acredito que era uma história que tinha tudo para ter um final bonito, tínhamos pontos em comum, gostávamos de fazer as mesmas coisas e até a nossa ambição e ânsia de crescer, era comum. Demorei um tempo para me levantar, recolher os cacos que estavam no chão e avaliar o que sobrou de mim, mas me levantei. Nessa história, não aponto culpados, não sou uma criança de 29 anos e sei os riscos que um relacionamento tem. Também cometi os meus erros e a soma dos erros de ambos resultou no final de um relacionamento.
3 comentários:
Isso que é importante...utilizar desses momentos para nos fortalecer, diante da vida.
abraços
Em momentos assim a gente perde o chão, perde a fé na humanidade, mas ainda bem que você superou. E melhor ter descoberto antes de estarem mornado juntos do que depois, né?
Meu caro...
Fico triste, não necessariamente com a situação como está agora, mas com a forma como as coisas aconteceram.
Sim, a gente se fortalece e, depois de um tempo, a história - que parecia ter parado o (nosso) tempo - volta a fluir. Que bom que ela não nos faz mais mal; Que bom que não há ódio.
Eu creio, porém, que fica um aprendizado; Aprendizado de que algumas pessoas são capazes de nos fazermos sofrer, de nos desapontar de forma tão amarga e surpreendente...
Se nos fortalecemos, sabendo que de nosso lado o interesse era verdadeiro, honesto, bonito e que a outra parte é que acabou perdendo com isso, por outro, aprendemos que não dá mais para adquirir confiança com aquela pessoa da mesma forma como ela foi adquirida da primeira vez. É possível até que não consigamos mais (nem queiramos) confiar novamente na pessoa.
Portanto, a mágoa é aprendizado. A mágoa não é um peso, um rancor a ser carregado diariamente, nos transformando em pessoas desconfiadas de tudo e de todos, mas certamente, esse sentimento que passa a habitar nossa memória é, sim, um valor que precisamos reconhecer. Ele é tão legítimo quanto aqueles que vêm em momentos de alegria.
Apesar de nossas conversas terem acontecido com mais frequência há algum tempo, eu só torço para que você e uma outra pessoa na mesma sintonia se encontrem e possam contar uma história que já se idealizou em algum momento. Que esta história habite o mundo real e que você possa viver algo que a sabemos que você merece, por competência, por coragem, viu?
Um abraço e bom ano novo todos os dias (de 2010 - sim, ainda! E pelos próximos anos!)
Postar um comentário